Revigorados e atualizados, os cineastas pregam respeito à essência do criador de O Senhor dos Anéis
Por Claudio Dirani
Em um passado recente, os fãs de Peter Jackson e da saga O Senhor dos Anéis se aproximaram por motivos distintos de outra legião: a de seguidores da maior banda da história do planeta.
O principal deles foi a tecnologia desenvolvida pelo cineasta neozelandês para dar luz ao documentário Get Back (2021) e à produção de “Now and Then” – última música dos Beatles finalizada por Paul McCartney e Ringo Starr.
Ignorado pelos showrunners de Anéis de Poder – mas revitalizado por novas conquistas – Jackson confirmou seu retorno ao universo de Tolkien com um status mais popular do que nunca.
Melhor que isso: o polivalente diretor está prestes a encantar uma nova audiência que sequer tinha idade para conferir nas salas de cinema a premiada trilogia original protagonizada por estrelas como Sir Ian McKellen (Gandalf), Viggo Mortensen (Aragorn) e Cate Blanchett (Galadriel).
Em entrevista exclusiva ao site Deadline, o cineasta se uniu a Andy Serkis – responsável pela voz e os movimentos por Gollum nos filmes da Warner Bros/New Line Cinema – para dar uma prévia de como deverá ser O Senhor dos Anéis – A Caçada por Gollum, previsto para estrear nas telas em 2026.
“Ele (Andy Serkis) tem a energia e a imaginação e, o mais importante, uma compreensão inerente do universo de Tolkien para voltar à Terra-média. “Colaboramos juntos em oito filmes e sempre foi uma experiência fantástica. Não há ninguém neste mundo melhor equipado para encarar a história de Gollum do que Andy”, apontou Peter Jackson, destacando o entrosamento com o ator britânico conquistado nas trilogias de O Senhor dos Anéis e O Hobbit, e na versão do clássico King Kong lançada em 2005.
“O personagem Gollum/Sméagol sempre me fascinou porque Gollum reflete o pior da natureza humana. Já o seu “lado Sméagol” é, sem dúvida, bastante simpático”, acrescentou o diretor.
“Penso que ele se conecta tanto com os leitores quanto com o público do cinema, porque há um pouquinho de ambos em todos nós. Nós realmente queremos explorar sua história e nos aprofundar nas partes de sua jornada que não tivemos tempo de abordar nos filmes anteriores. É muito cedo para saber quem cruzará seu caminho, mas basta dizer que seguiremos o exemplo do Professor Tolkien”, garantiu.
Não menos entusiasmado, Serkis revelou à revista norte-americana que boa parte de sua ligação com Gollum tem sido sua conexão contínua com a obra original de J. R.R. Tolkien – prática que o habilita para retornar às aventuras pela Terra-Média.
“Gollum sempre esteve comigo durante todos esses anos. Pude conferir mais de suas histórias nos audiolivros Silmarillion e Hobbit. Por isso, Tolkien nunca me abandonou. Esse personagem (Gollum) em particular tem sido parte integrante da minha vida, e será muito emocionante retornar e mergulhar em seu mundo novamente – principalmente, em sua psicologia”, comentou.
Tecnologia a serviço de Tolkien
Após sua participação como Gollum na trilogia de Peter Jackson, Andy Serkis ganhou destaque por dar vida a Caesar em outra franquia extremamente sucedida de filmes que conta a origem da saga O Planeta dos Macacos. Foi nesta segunda trilogia que a tecnologia que a tecnologia colaborou para o desenvolvimento com precisão dos movimentos de personagens digitais.
“Na trilogia (de O Planeta dos Macacos), essa tecnologia mudou. A captura das expressões faciais melhoraram, tanto na sutileza como em suas nuances. O mesmo aconteceu quando James Cameron fez Avatar. Quando você produz close-ups agora você nota como o nível está mais avançado e tudo é agora mais profundo”, analisou
Ao ser perguntado sobre a expectativa que ronda O Senhor dos Anéis – A Caçada por Gollum, Andy Serkis ainda esconde o jogo.
“Essa é uma pergunta difícil de responder neste momento, porque estamos realmente nos estágios iniciais (de pré-produção).Então não quero afirmar nada por enquanto. Tudo ainda está engatinhando e ainda estamos discutindo o roteiro e como vamos desenvolver a jornada do personagem. Não quero me comprometer ainda porque há muita coisa em jogo”, conclui.