Por Claudio Dirani
Lacração interfere nas bilheterias ou é apenas coincidência?
Não importa. Pode ser série, livro ou filme. O que o fã busca em uma produção, além da qualidade, é outra palavra que rima direitinho com a primeira: fidelidade. Ultimamente, com o avanço da cultura woke, muitas vítimas da violação e do vilipendiamento de conteúdo tem aparecido na praia – totalmente desfiguradas. O resultado? Só pode ser flop atrás de flop…
Um exemplo clássico é O Senhor dos Anéis de Poder – a aposta bilionária de Jeff Bezos para a Amazon Prime Video que só ganhou elogios da lacração, e falhou miseravelmente em atrair os amantes das histórias do professor Tolkien.
E o problema, caros leitores e espectadores da trilogia de Peter Jackson parece ter se repetido com O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim (Warner Bros.) – mas de uma forma distinta.
Muito bem avaliado (até mesmo pelo público mais exigente), o anime que estreou recentemente nos cinemas com aval do próprio Jackson, decepcionou em sua arrancada nas bilheterias globais.
Lançado em 31 países em 5 de dezembro, o longa narrado por Miranda Otto (outra remanescente da saga cinematográfica), como Éowyn, só acumulou cerca de US$ 2 milhões em sua estreia – uma decepção, mesmo com os fortes concorrentes disputando a preferência do público. Entre eles, Wicked e Moana 2.
O Senhor dos Anéis: A Guerra dos Rohirrim tem como cenário a Casa de Helm Mão-de-Martelo, o rei de Rohan, 183 anos antes dos eventos que Peter Jackson comandou brilhantemente em A Sociedade do Anel, A Duas Torres e O Retorno do Rei.
O plot central é a reação ao ataque de Wulf, que busca vingança pela morte de seu pai, mas terá que enfrentar uma resistência na fortaleza de Hornburg.
Com tantos detalhes e promoção embasada na clássica trilogia, o que pode ter entrado no caminho? Na opinião de Tony Bleick, do canal Heróis e Mais, tudo gira em torno da “fanfic” usada para destacar a personagem Hèra, que sequer tem um nome nos textos originais de J.R.R. Tolkien.
A Guerra dos Rohirrim… por que flopou afinal?
Na avaliação do Heróis e Mais (que dedicou diversos vídeos à trama), A Guerra dos Rohirrim tem suas qualidades. Mesmo sendo uma fanfic em essência, a trama não colocou a protagonista Hèra como uma personagem desagradável, como ocorreu com a Galadriel guerreira de Anéis do Poder.
Contudo, os pontos positivos do filme, incluindo a ambientação e a preocupação com o design não o salvaram de ser mais uma vítima da cultura woke. A produtora Philippa Boyens (responsável pelo roteiro da trilogia de Peter Jackson) andou atendendo à imprensa e destacando o já batido “empoderamento feminino” em mais de uma oportunidade.
Essa pura injeção ideológica, segundo Tony Bleick, é exatamente o que detona as entranhas de A Guerra dos Rohirrim.
“O que afeta para o fã de Tolkien é que ele irá procurar a personagem nos livros, mas não irá achar”, pontua. “Lá você encontra a citação de que Helm tem uma filha, mas ela sequer é nomeada. Ou seja: (para Tolkien) ela não teve importância. No início do filme, eles falam: se você procurar em algum livro, você não irá encontra. Ou seja: eles mesmos acusam de que é uma fanfic, e que Tolkien nunca a imaginou desta forma vista no anime”, conclui Tony.
Em uma breve espiada no retrovisor para conferir as obras de Tolkien levadas ao cinema, percebemos que as alterações bruscas e tentativas declaradas de implantar “novidades” ideológicas em roteiros já vem afetando o conjunto da obra há anos.
Mesmo com boas bilheterias, os três longas que contam a história de O Hobbit (Uma Jornada Inesperada, A Desolação de Smaug e A Batalha dos Cinco Exércitos atraíram uma tempestade de críticas por suas alterações históricas.
A lista de reclamações dos fãs é bastante longa, mas separamos alguns itens signficativos aqui:
- A trilogia, esteticamente, ficou mais parecida com o que vimos em O Senhor dos Anéis, se distanciando um pouco de O Hobbit, como Tolkien concebeu.
- Toda a pré-produção, além do roteiro, foi concluída “às pressas”, em virtude de o projeto ter passado de Guillermo Del Toro para Jackson de forma brusca.
- A entrada de Tauriel no segundo e terceiro capítulo da trilogia foi uma decisão exclusiva de Peter Jackson, já que ela não aparece na obra original de Tolkien.
- Interpretada por Evangeline Lilly, a guerreira vive um triângulo amoroso com o Anão Kili (Aidan Turner) e Legolas (Orlando Bloom) – uma decisão severamente criticada pelos fãs.
“Tauriel foi criada especialmente para o filme, e pior: o romance entre elfos e anões é totalmente inconcebível nas histórias de Tolkien. Seria igual ter um relacionamento entre animais de diferentes espécies. Smaug também não foi retratado como um verdadeiro dragão. Enfim, a lista é gigante. Daria um vídeo enorme só a respeito desses problemas”, concluiu Elvis Ventura, que comanda ao lado de Tony o canal Heróis e Mais.