Nos últimos anos, um fenômeno curioso vem tomando conta da indústria do entretenimento. De Hollywood aos videogames, os conteúdos que antes eram pura diversão e escapismo, estão sendo cada vez mais politizados e usados como armas em uma guerra cultural. Mas por que os poderosos estão de olho justamente nas coisas que mais amamos?
A explicação de Mark Kern, criador de World of Warcraft Para entender melhor essa questão, conversamos com Mark Kern, um dos principais nomes por trás do sucesso de World of Warcraft e outras franquias icônicas dos games. Segundo ele, entretenimento, filmes e jogos têm um papel fundamental na formação da cultura e da sociedade. “Eles querem, eles desejam o controle disso. E isso significa que isso realmente deve importar. Na verdade, importa muito”, afirma.
Kern destaca o tremendo alcance e influência que os games têm hoje, especialmente entre os jovens. “Eles querem derrubar o seu entretenimento. Nós vimos isso na última década. Por que eles estão indo atrás das coisas que você costumava curtir com tantas outras pessoas, que não eram políticas, que eram apenas pura diversão?”, questiona.
Um dos problemas apontados por Mark Kern é quando a agenda política se sobrepõe à qualidade do entretenimento em si. “Eu sempre estive nisso pelos jogos. Eu sempre joguei, sempre quis fazer jogos e isso sempre me motivou. Dinheiro era sempre secundário”, conta. Porém, ele critica quando estúdios ficam mais preocupados em “lacrar” do que em fazer um bom jogo.
Crítica à cultura “woke” em Hollywood
Esse fenômeno também é visto em Hollywood, onde cada vez mais filmes e séries parecem mais preocupados em passar uma mensagem política do que contar uma boa história. A cultura “woke”, obcecada com representatividade e pautas identitárias, muitas vezes atrapalha a criatividade e estraga franchises consagradas. Um caso emblemático foi a falha retumbante do filme “Esquadrão Suicida”.
Games cooperativos como resistência Mas nem tudo está perdido. Mark Kern aposta em games com foco em cooperação e construção de comunidades como uma forma de resistir a essa onda de politização. “Há essa ideia fascinante de jogos cooperativos unindo as pessoas. Sou muito a favor disso”, diz. Ele cita o exemplo de seu novo jogo Ember, um game coop sem PvP onde os jogadores se unem contra um exército alien.
A batalha pela alma do entretenimento Fica claro que estamos diante de uma verdadeira guerra pelo controle da indústria do entretenimento e, em última instância, de nossas mentes e corações. De um lado, uma elite que quer impor sua visão de mundo e usar games e filmes como instrumentos de doutrinação. Do outro, criadores e fãs que só querem se divertir e compartilhar experiências significativas. O futuro da cultura pop como a conhecemos está em jogo.