Apesar do sucesso de bilheteria de “A Working Man”, que superou “Branca de Neve” na primeira posição este fim de semana, um artigo do Fandom Pulse aponta que as numerosas mudanças feitas pelo diretor David Ayer em relação ao romance original de Chuck Dixon, “Levon’s Trade”, podem ter comprometido a força da narrativa.
O artigo, que contém spoilers tanto do livro quanto do filme, explora as principais diferenças entre as duas obras e argumenta que a versão literária apresenta uma estrutura mais consistente e impactante.
DIFERENÇAS DE TOM E ABORDAGEM
Uma das alterações mais significativas diz respeito ao tom geral da história. O livro “Levon’s Trade” é descrito como uma obra séria, sombria e focada, que evoca a sensação das histórias em quadrinhos do Justiceiro, com uma atmosfera noir e brutal.
No entanto, Ayer optou por “suavizar” esse aspecto, transformando vários vilões em caricaturas quase cômicas, como os criminosos russos usando trajes extravagantes ou o comprador de escravos lembrando o personagem Pinguim do Batman. Essas escolhas, segundo a análise, resultaram em uma sensação “cartunesca” em vários momentos do filme, com tentativas de humor que pareciam deslocadas numa narrativa cuja temática principal – o tráfico humano – é inerentemente sombria.
Além disso, o protagonista Levon Cade, na versão literária, é descrito como um personagem que opera nas sombras, eliminando seus alvos de forma tática e silenciosa. No filme, essa característica foi alterada para acomodar as sequências de luta características dos filmes de Jason Statham, com confrontos barulhentos e espetaculares que, segundo o artigo, beiram o ridículo em alguns momentos e contradizem a lógica da situação – um homem sozinho contra um exército logicamente optaria por táticas mais discretas.
MUDANÇAS NOS PERSONAGENS E CONTEXTO CULTURAL
O artigo também aborda as mudanças significativas nos personagens. No romance, o chefe de construção cuja filha é sequestrada é branco, assim como a própria filha. Na adaptação cinematográfica, a família foi transformada em latina, com a adição de elementos estereotipados, como a avó que prepara comida para Levon e insere palavras em espanhol em seu discurso para “soar mais latina para o público americano”. A filha, por sua vez, é retratada como uma brilhante mulher de negócios e excelente estudante.
Outra alteração apontada como politicamente motivada envolve a nacionalidade dos vilões: no livro, os antagonistas são ucranianos, enquanto no filme foram transformados em russos, uma mudança que o autor do artigo atribui ao clima político atual em Hollywood.
A análise menciona ainda a adição de novos personagens, como uma dupla de traficantes formada por um homem e uma mulher forte e armada, elemento ausente no livro original.
Embora reconheça que “A Working Man” é um bom filme, o artigo argumenta que poderia ter sido ainda melhor se Ayer tivesse se mantido mais fiel ao material de origem, preservando seu tom mais sério e sua abordagem mais realista da narrativa.
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