Depois de 500 horas em Elden Ring, derrotando chefes, explorando cada canto e colecionando todos os armamentos raros, eu achei que nada superaria a experiência do jogo base e sua expansão, Shadow of the Erdtree. Mas, após 160 horas em Nightreign, o spin-off multiplayer da FromSoftware, percebi que não consigo mais voltar ao mundo aberto original. Nightreign mudou tudo.
Criado por Junya Ishizaki, o desenvolvedor por trás do combate de Elden Ring, Nightreign propõe uma dinâmica diferente: uma mistura de Elden Ring com Fortnite e Monster Hunter. Em equipes de três, os jogadores embarcam em expedições para derrotar o temível chefe Nightlord. Começando no nível 1 com equipamentos básicos, a equipe precisa se equipar em um mapa extenso, com loot e batalhas contra chefes aleatórios. Eventos inesperados, como nuvens de gafanhotos que roubam níveis ou divindades que vendem saúde, adicionam ainda mais imprevisibilidade.
A experiência é diferente do que os fãs da FromSoftware, conhecidos por jogos single-player com narrativas ricas, estão acostumados. A dificuldade característica da série se mantém, com a tela de “VOCÊ MORREU” aparecendo com frequência. Embora os jogos Souls permitam o modo cooperativo, ele geralmente é restrito a itens específicos e áreas limitadas, sendo muitas vezes visto com desconfiança pelos fãs mais antigos. A exploração metódica e os segredos intrincados são deixados de lado em Nightreign.
A velocidade frenética de Nightreign chocou até os fãs mais fervorosos. Uma tempestade constante impede a exploração minuciosa típica de Elden Ring. Apesar do foco no multiplayer, o jogo carece de recursos comuns em jogos online. As opções de matchmaking são limitadas, e a experiência ideal é com três jogadores, mesmo que equipes menores sejam possíveis.
O jogo em grupo também exige adaptação. A comunicação é limitada a emotes e frases curtas quase inaudíveis. Marcar locais no mapa e sinalizar equipamentos são as principais formas de interação. A complexidade do jogo, aliada à falta de explicações, torna a otimização de builds difícil, especialmente jogando com desconhecidos. A impossibilidade de discutir estratégias e distribuição de equipamentos leva a frustrações e rage quits frequentes.
Nightreign possui falhas, muitas delas já debatidas por fãs e críticos de Elden Ring. Ainda assim, não consigo voltar ao jogo principal. Mecanicamente, Nightreign é superior: corrida mais rápida, escalada de colinas íngremes sem dano por queda e duas velocidades de corrida. O combate é mais ágil, principalmente com classes como a Duquesa. Elden Ring agora parece lento, como se o jogador estivesse preso em melaço.
As principais dificuldades estão nos outros jogadores. Um jogador de combate corpo a corpo pegando o cajado que seria útil para o mago, um jogador correndo sozinho para um chefe que o matará instantaneamente, um arqueiro marcando um ponto distante no mapa enquanto o time precisa dele… São situações frustrantes que tornam a experiência imprevisível.
Apesar das falhas e da frustração com outros jogadores, a velocidade, a dinâmica e a imprevisibilidade de Nightreign me conquistaram. Após 160 horas, Elden Ring, com sua exploração metódica e ritmo mais lento, perdeu o apelo. Nightreign, com suas partidas frenéticas e desafios constantes, tornou-se a minha experiência Souls preferida.