“Ainda Estou Aqui ignorando a ditadura no Brasil”: a lamentável entrevista de Fernanda Torres

Ainda Estou Aqui

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Confira o que a candidata ao Oscar falou ao Deadline

A campanha de propaganda da mídia internacional continua para promover Ainda Estou Aqui – filme que ganhou favoritismo na 97ª edição do Oscar ao menos em duas categorias após o cancelamento de Karla Sofia Gascón, protagonista de Emília Perez: Melhor Filme de Língua Não-inglesa (ou Estrangeiro) e Melhor Atriz. No caso, para Fernanda Torres, intérprete de Eunice, mulher do deputado Rubens Paiva (Selton Mello), desaparecido nos anos 1970.

O caso é simples. Seja de esquerda ou de direita, não é admissível concordar com tortura ou censura. Mas isso, evidentemente, não poderia se resumir sobre o que acontece há décadas sobre o regime militar – mas que ignora totalmente os casos de idosos, enfermos e outras vítimas da ditadura do STF no caso do 8 de Janeiro.

Em novíssima entrevista concedida ao site Deadline, Fernanda Torres voltou a falar sobre as agruras da “ditadura militar”, sem qualquer menção ao que acontece atualmente no Brasil, onde redes sociais, contas bancárias e a liberdade de brasileiros têm sido obliterada por decisões autoritárias. 

 

Fernanda Torres e “o pobre Chico Buarque”

Existem coisas sobre a esquerda que não podemos negar: enquanto eles se dão muito mal na internet, os militantes que fizeram o L continuam firmes e fortes no sentido de propagar narrativas através das artes. Por outro lado, a direita comete o erro crasso de priorizar somente as eleições.

Em meio à conversa com o Deadline, Torres fez aquilo que atores e atrizes têm feito há quase 50 anos: propagar que o regime militar foi o único vilão, e que os envolvidos na “revolução” queriam apenas “liberdade e democracia”.

Ao ser perguntada se a atriz “tinha recordações da ditadura”, a protagonista de Ainda Estou Aqui fez questão de recordar Chico Buarque, um dos ícones atuais da chamada esquerda caviar.

 

“Claro (que lembro) porque eu vivi naquele Rio idílico antes da violência, antes dos prédios altos que destruíram Ipanema. Lembro-me de quando criança, do medo que meus pais tinham da ditadura. Peças podiam ser censuradas. Quer dizer, meu pai quase faliu porque censuraram uma peça que ele produziu com Chico Buarque e Ruy Guerra…”(Calabar) Era um musical enorme, uma produção enorme. E foi cancelada, um dia antes da estreia”, recordou a candidata ao Oscar.

 

Sem perceber (ou consciente de que sua revelação não causaria espanto no entrevistador), Fernanda Torres deixou escapar que um dos colegas de seu pai, o ator (já falecido), Fernando Torres, na verdade era um patrocinador da guerrilha que cometeu uma série de atrocidades nos anos 1960 e 1970.

 

“…Tudo isso eu descobri depois…Mas meu pai ficou em São Paulo. E ele ficou lá porque o parceiro de produção dele foi preso, igual o Rubens Paiva. Mas o parceiro dele estava patrocinando a guerrilha, e meu pai não sabia! Então, ele ficou em São Paulo, e minha mãe, de certa forma, fugiu para o Rio. Eu lembro, eu fiquei um ano sem meu pai, sem entender o que estava acontecendo”, relatou Torres.

 

O medo no Brasil é da polícia, claro

Assim como em todas as atividades, existem ótimos e péssimos profissionais. Não é diferente com a polícia, que sofre com salários aquém de suas responsabilidades. Para Fernanda Torres, entretanto, entre os principais problemas do Brasil – ontem e hoje – é a violência policial. Já a criminalidade…

 

Depois, eu lembro do medo que eu tinha (…) Essa foi a minha adolescência — todos nós tínhamos medo da polícia. E todos nós ainda temos medo da polícia no Brasil. A polícia pode ser muito dura. Isso, eu acho, faz parte da nossa história, mas piorou durante a ditadura, e eles estavam atrás dos estudantes. Eu fui criada com medo da polícia. E mesmo no final da ditadura, quando os militares queriam abrir o país e acabar com a ditadura, havia uma parte do exército que não queria”, acusou Fernanda Torres, aumentando ainda mais a política do “nós contra eles” – típica manobra usada pelos partidos de esquerda.

 

De volta ao, digamos, “conteúdo” de Ainda Estou Aqui, o site Deadline também quis saber da repercussão do filme entre os brasileiros. Sobre o tema, Fernanda Montenegro novamente deu sua versão enviesada sobre o momento no Brasil, ignorando os males da ditadura atual e classificou quem não pensa como ela como “extremistas”.

 

“As pessoas querem conhecer a história. No Brasil, assim como na América, estamos bem divididos entre extremistas de direita e progressistas, e muitas pessoas que eu acho que não são extremistas de direita provavelmente votaram do jeito que votaram porque não queriam (o que a esquerda oferecia”, apontou Fernanda, resumindo as eleições de 2022, provavelmente, do alto de uma torre de marfim. 

 

Mas, seja direita ou esquerda, as pessoas foram tocadas pelo filme. Por quê? Porque aquela família é adorável, e porque eles não mereciam o que aconteceu com eles. Pessoas com todos os tipos de crenças podem concordar que é um filme lindo. Ele criou um orgulho cultural, porque no Brasil às vezes odiamos nossa própria cultura. Não a música, mas o teatro, o cinema. É odiado e é amado. Mas esse filme criou uma onda de amor pelo cinema, eu acho”, lacrou a atriz

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