PLANO DE CINEMA DA AMAZON É ANACRÔNICO E DESTINADO AO FRACASSO, DIZEM ESPECIALISTAS

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A Amazon-MGM anunciou uma estratégia ambiciosa para seu braço de estúdio cinematográfico: lançar até 14 filmes de grande orçamento por ano nos cinemas mundialmente, uma abordagem que especialistas da indústria consideram completamente desconectada da realidade atual do consumo de mídia.

Segundo reportagem do The New York Times, sob a nova liderança de Courtney Valenti, o plano da divisão de cinema da Amazon é dominar a experiência cinematográfica presencial. Cada filme permaneceria 45 dias nos cinemas antes de seguir para o pay-per-view e, eventualmente, para o Prime Video. Simultaneamente, o estúdio também planeja produzir igual número de filmes diretamente para sua plataforma de streaming.

O plano, no entanto, ignora várias tendências fundamentais do mercado atual de entretenimento, parecendo mais adequado para a década de 1980 do que para 2025.

UM MERCADO TRANSFORMADO QUE A AMAZON PARECE NÃO COMPREENDER

A estratégia da Amazon aparentemente desconsidera as profundas mudanças nos hábitos de consumo, especialmente entre os jovens, que preferem passar horas assistindo conteúdo em plataformas como YouTube. Também ignora o fato de que a bilheteria global sofreu um golpe significativo durante a pandemia de COVID-19 do qual nunca se recuperou completamente.

Outro ponto crítico é que muitos consumidores preferem esperar que um filme se torne disponível “gratuitamente” em um serviço pelo qual já pagam, em vez de gastar dinheiro adicional em ingressos de cinema cada vez mais caros.

Os próprios cinemas estão enfrentando desafios significativos. No ano passado, a indústria cinematográfica anunciou planos de gastar $2,2 bilhões renovando suas instalações para atrair clientes hesitantes, incluindo melhorias em cadeiras e carpetes, além da construção de tirolesas e quadras de pickleball. Curiosamente, em nenhum lugar dessa lista estava “tornar os ingressos mais acessíveis” ou “reduzir o tempo de publicidade antes dos trailers”.

QUANTIDADE SEM QUALIDADE: UMA FÓRMULA PARA O FRACASSO

Colocar 14 filmes por ano nas telonas representa uma quantidade extraordinária de material para uma única empresa, especialmente quando competidores com históricos melhores estão lançando muito menos filmes e ainda assim obtendo sucesso.

O mais preocupante é que a Amazon não está se comprometendo a fazer filmes de qualidade, apenas muitos deles, o que sugere uma mentalidade que não valoriza a escassez. Em um mercado saturado, lançamentos frequentes podem diluir o impacto de cada título individual, tornando-os menos memoráveis – um problema que já afeta as recentes produções da Marvel.

O histórico da Amazon em produções cinematográficas também não inspira confiança. Muitos dos sucessos mais comentados do estúdio foram adquiridos em festivais de cinema, enquanto as produções internas têm apresentado resultados mediocres. O recente “Red One”, com orçamento superior a $200 milhões, exemplifica os problemas da abordagem do estúdio.

A LIÇÃO NÃO APRENDIDA COM JAMES BOND

A estratégia da Amazon evoca suas divergências com os Broccolis, antigos guardiões da franquia James Bond. Embora sejam “apenas filmes de espionagem bobos”, são produzidos com um nível de habilidade e atenção raramente visto na era moderna. O fato de poder haver vários anos entre os lançamentos da série significa que cada filme recebe muito mais atenção – algo que conflita com o aparente desejo da Amazon de usar o nome Bond para lançar inúmeras séries de streaming, game shows e filmes regularmente.

As empresas frequentemente observam o sucesso dos grandes filmes da Marvel da Disney e presumem que é fácil replicá-lo, sem reconhecer que um filme como “Vingadores: Ultimato” foi o resultado de um plano de uma década construído gradualmente com base em filmes menos bem-sucedidos.

Em termos de propostas atraentes, 14 filmes por ano das pessoas que gastaram mais de $200 milhões em “Red One” não é particularmente convincente. A Amazon precisará dar às pessoas um motivo para ir aos cinemas, mas isso será um desafio se a ênfase estiver em colocar mais material bruto no pipeline em vez de criar algo minimamente considerado ou atraente.

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