Saiba como os showrunners acabaram com a tradição de Tolkien na 1ª temp. de Anéis de Poder. Prontos para mais uma dose?
A segunda temporada de Senhor dos Anéis – Anéis de Poder está chegando. Na verdade, já temos até trailer e data agendada: 29 de agosto de 2024. Segundo a diretora da produção rodada e exibida pela Amazon Prime Video, Charlotte Brändström, as aventuras de nossa “Mary Galadriel Sue” serão bem mais “sombrias e ousadas” em comparação com o que foi visto nos episódios de 2022.
Se o alerta da cineasta sueco-francesa tem algum peso ou é mero click-bait, somente o tempo dirá. A certeza que se tem, principalmente entre nerdolas e estudiosos da obra de J.R.R Tolkien, é que é bastante complicado acreditar em qualquer palavra do estafe de uma série que não só veio para lacrar, mas para vilipendiar a jornada mítica de elfos, hobbits e homens contada por nosso querido professor.
Com menos de dois meses para o retorno do folhetim woke, nossos especialistas Tony e Elvis do Heróis e Mais prepararam um material especial para refrescar a memória dos seguidores do Se Liga Nerd.
A partir de agora, você fica com um conteúdo especial que traz 10 das incontáveis vezes que os showrunners de Anéis do Poder destruiram – sem dó – o inigualável lore de O Senhor dos Anéis. E se você descobrir, porventura, mais cenas que massacraram a tradição de Tolkien, não hesite em escrever nos comentários!
01 – Valinor
No prólogo do primeiro episódio de Anéis do Poder somos apresentados a Valinor, a terra natal dos Elfos. O problema é que não há qualquer menção aos Valar e às raízes espirituais da região.
As gafes são incontáveis. Embora Aman seja uma espécie de paraíso, “onde não há morte”, acabamos testemunhando Galadriel trocando farpas com crianças Élficas, que decidiram praticar bullying contra nossa guerreira…
Em resumo, o papel de Galadriel em Valinor contraria tudo aquilo que Tolkien escreveu sobre o local e sua atmosfera.
“De trás das muralhas das Pelóri os valar estabeleceram seu domínio naquela região que é chamada de Valinor; e lá estavam suas casas, seus jardins e suas torres. Naquela terra guardada os Valar reuniram grande quantidade de luz e de todas as coisas mais belas que tinham salvado da ruína; e muitas outras coisas ainda mais belas criaram. E Valinor se tornou ainda mais formosa que a Terra Média durante a primavera de Arda; e foi abençoada , pois os imortais lá habitavam, e ali nada desvanece nem fenecia, nem havia qualquer mácula sobre flor ou folha naquela terra, nem qualquer corrupção ou doença em coisa alguma que vivesse; pois as próprias pedras e águas eram cheias de bençãos.”
O Silmarillion – Do princípio dos dias – Página 66 edição Harper Collins 2019
02 Mithril
Descrever na série que os Elfos necessitam do metal Mithril para sobreviver na Terra Média é uma das invenções mais toscas já criadas em uma narrativa de fantasia. Além de ser de extremo mau gosto inserir características espirituais no metal, vale dizer que o Mithril não possui nenhuma força mística para nutrir o Fëar (espírito). Todo o plot dos Noldor em Anéis do Poder tem a ver com essa sandice de Mithril, o que fere terrivelmente a lore de O Senhor dos Anéis. Sem falar que a lore de O Senhor dos Anéis também dá abertura para o Mithril ser também encontrado em Númenor.
“Pois esse metal era encontrado em Númenor, em “A linhagem de Elros” (p.301) diz-se que Tar-Telemmaitë, o décimo quinto Governante de Númenor, era chamado por esse nome (isto é, “mãos-de-prata) por causa do seu amor pela prata “e mandava seus serviçais procurarem por Mithril”. Mas Gandalf informou que Mithril era encontrado em Moria “só aqui em todo mundo”
A Sociedade do ANEL, II.4.
03 Celebrimbor
Não cansamos de apontar que todos os são mal representados em Anéis de Poder. Corrigindo: de fato, todos os personagens masculinos sofrem esse mertírio, e isso se deve por um único motivo: trata-se de uma mensagem feminista pura e simples.
Celebrimbor, por sua vez, deveria ser o grande protagonista desta série. Ele e seus artífices fazem todos os Anéis, com exceção do Anel Mestre que é forjado apenas por Sauron em seu covil.
Celebrimbor – por sua necessidade de fazer coisas tão grandiosas como seu avô Fëanor, o mais poderoso dos Noldor – se deixou enganar por Annatar aquele que se chamava de o senhor das Dádivas e era um servo dos Valar. Celebrimbor, de fato, foi um Elfo de grande poder e ambição e Galadriel, em uma das versões da história, vivia em Eregion e o avisou sobre Annatar sendo expulsa do reino por se opor ao Senhor das Dádivas.
Galadriel poderia ter um protagonismo adequado ao que ela realmente é: uma sábia com poderes místicos que percebeu, assim como Gil Galad, que Annatar é um mentiroso.
O problema é que Anéis de Poder rebaixa Galadriel a uma mera guerreira, e transforma Celebrimbor em outro personagem masculino sem importância, apenas sendo trampolim para Galadriel.
04 Numenor
Vista de longe, Numenor até aparenta ser aprazível. Contudo, ao entrarmos na cidade, vemos que o orçamento da série não faz jus ao que vemos. Lá nos deparamos com roupas genéricas, poucas ruas e figurantes esparsos. Os poucos que aparecem na tela são uma espécie de xenófobos racis amedrontados, que têm medo dos Elfos roubarem seus empregos.
Sim, sabemos que esse tipo de gente é dominada por Ar-pharazôn que aqui é retratado como um mero conselheiro do Rei ambicioso para tomar o poder de Miriel.
Vale novamente ressaltar que nada em Numenor é bem feito – absolutamente nada tem qualquer relação com os escritos de Tolkien. A não ser alguns nomes ou referencias soltas para fás menos criteriosos aplaudirem.
Os showrunners de Os Anéis de Poder são covardes, principalmente em não mostrar em que época essa história se passa. Porém, se Pharazôn está vivo, já se sabe que estamos perto do fim da Ilha.
Com isso, Pharazôn deveria ser o rei. Não Miriel, que nunca chegou ao trono. Aqui também deveríamos ter o culto a Melkor, sendo seu sacerdote o próprio Sauron que, nesse momento, seria um habitante da Ilha e atuaria como conselheiro do Rei Pharazôn.
05 Durin III e IV
Umas das lendas mais populares entre o povo de Durin é o aspecto imortal de seu patriarca. Como se sua alma passasse para um próximo Durin.
“Ali viveu por tanto tempo que em toda a parte era conhecido como Durin, o Imortal. Porém, morreu. Afinal, antes que terminassem os dias antigos, e seu túmulo foi em Khazad-dûm; mas sua linhagem jamais se interrompeu e cinco vezes nasceu em sua Casa um herdeiro tão parecido com o Ancestral que recebeu o nome de Durin. Deveras os anãos o consideravam como o “mortal” que retornara; pois eles têm muitas estranhas histórias e crenças a respeito de si próprios e de sua sina no mundo.”
O Retorno do Rei – Apêndice A -Página 1523 Edição Harper collins 2019.
Introdução feita, colocar os dois Anãos sendo chamados de Durin é algo de péssimo gosto, e contra a própria história dos Anãos. como fora concebido pelo professor Tolkien.
“Pharazôn é descrito em Anéis de Poder como um velho fraco, que mais parece uma versão de Karl Marx, se ele estivesse numa novela da Record”
06 A forja dos três anéis
Uma das coisas mais grotescas da série – e que (adivinhe) vai contra quase tudo que foi escrito por Tolkien sobre a forjadura dos Anéis, temos os três anéis élficos, o Narya Nenya e o Vilya antes dos outros 16 anéis.
Na cabeça dos showrunners, isso deve ter soado “interessante e inovador”, para servir como um tipo de gancho para a segunda temporada.
Porém, o que vemos na série é terrível, por diversos motivos. Um deles é justamente a fraqueza que isso remete ao mestre Celebrimbor, que fez os três anéis Élficos sem o conhecimento de Sauron, e este só descobre sobre os outros quando faz o Um Anel em Mordor.
Mais: o próprio Celebrimbor descobre os planos de Sauron quando o mesmo coloca seu Anel para dominar e encontrar os outros.
Outro fato terrível é o modo de esconder os Anéis Élficos, já que nada sobre Lothlorien foi mencionado. Segundo a série, Celeborn está morto (sabemos que não está, mas Galadriel acredita que ele está morto).
De fato, Gil Galad e Cirdan seriam os outros guardiões dos Anéis Élficos. Contudo, aquela Sarita ali protege alguma coisa?
Sem falar que Cirdan ainda nem foi mencionado an série, e provavelmente deverá ter tanta energia masculina quanto tem Gil Galad
07 Elendil
Para não perder a mania de emascular os personagens masculinos, Elendil é mais uma vítima da lacração, sendo escancaradamente enfraquecido pelos roteiristas.
Enquanto as mulheres aparecem com sangue nos olhos para vingar a derrota sofrida, Elendil chora, chora e chora como um bebe ao lado das guerreiras empoderadas…
Pior do que isso, os roteiristas colocaram na boca do personagem a mensagem mais odiosa e totalmente contrária a tudo que Tolkien escreveu.
“O passado morreu. Ou seguimos em frente, ou morremos com ele”.
A mensagem, a propósito, já faz parte dos vícios de Hollywood (a destruição da tradição), mas nunca esteve nos escritos do professor Tolkien que descreve Elendil como um dos líderes dos fiéis. Ele e seus filhos – vale lembrar – salvam a herança de Númenor e ainda fundam os reinos de Arnor e Gondor. Ou seja: em nenhum momento personagem falaria tal coisa.
08 O romance de Sauron e Galadriel
Queridos heróis, outro grande disparate de Anéis de Poder é a relação entre Sauron e Galadriel.
Os showrunners Jd Payne e Patrick Mackay certa vez disseram que esse relacionamento seria algo “que eles tinham tirado dos livros”. Fica a pergunta: qual seria tal livro? Seja qual for, desconhecemos!
Durante vários momentos da série, Galadriel sente atração por Sauron – e a produção faz questão de deixar isso bem claro. Além disso – claro – teve muito cheiroso dizendo que não viu “nada demais” nas cenas. Pior. Afirmaram que nos filmes dirigidos por Peter Jackson teve coisa parecida, “mas ninguém falou nada”.
E a coisa só piora. O affair Sauron-Galadriel é tão sinistro, que nossa Mary Sue não fala pra ninguém ao descobrir sua real identidade. É como se fosse uma mulher traída que tem vergonha de revelar a maldade do bofe…
09 Miriel e Pharazôn
Os dois personagens aparecem na série como um reflexo do pensamento limitado de Hollywood sobre as monarquias.
Na verdade, todo o bloco de Númenor reflete isso. Olhem, por exemplo, a cena do homem instigando as pessoas (por medo dos Elfos tomarem seus empregos), em uma clara alegoria crítica aos conservadores.
Miriel – além de ter sua aparência totalmente atualizada para agradar os corações mais intolerantes do século 21 – é completamente esquecido. Já Pharazôn (ou Tar-Calion) é descrito como um velho fraco, que mais parece uma versão de Karl Marx, se ele estivesse numa novela da Record…
10 Gil -Galad
Gil Galad – o último alto Rei dos Noldor – é um rei nobre e querido por muitos fãs de Tolkien. Mas, queridos heróis, isso não significa que ele recebeu a devida atenção. Justamente o oposto.
O jeito meio alienado que o rei foi representado arrebenta totalmente suas características, segundo os escritos do professor Tolkien.
Em vez de alertar os Numenorianos sobre a “crescente sombra que se espalhava na Terra Média, o Gil Galad da série descrito como um mero aristocrata que não deu ouvidos a Galadriel. Ou seja, este personagem estava ali apenas para encher linguíça e servir como escada para o plot da protagonista odiosa que foi Galadriel nesta série…