O vilão Bane, conhecido por ter quebrado a coluna do Batman nos quadrinhos da DC nos anos 90, tem sido alvo de uma polêmica recente. O diretor do novo filme Blue Beetle da DC, Angel Manuel Soto, fez declarações controversas associando Bane ao intervencionismo americano na América Latina. Essas declarações provocaram reações negativas por parte do criador do Bane, o artista Graham Nolan.
Bane surgiu em 1993 na história Knightfall da DC Comics, quando quebrou a coluna do Batman e assumiu Gotham City. Criado por Graham Nolan e Chuck Dixon, Bane teve uma infância difícil em uma prisão na América Latina, onde fez experimentos com uma droga chamada Veneno que o tornou extremamente forte e poderoso.
No novo filme Blue Beetle da DC, o diretor Angel Manuel Soto queria inicialmente fazer um filme solo do Bane. Ao ser questionado sobre o vilão, Soto fez declarações polêmicas, dizendo que Bane representa “a história desconhecida, esquecida ou varrida para debaixo do tapete do intervencionismo na América Latina e no Caribe”.
Soto afirmou que a história da América Latina é negligenciada e que a região sofreu com o intervencionismo americano, citando a intervenção dos EUA na Guatemala em 1954 como exemplo. Ele disse que é importante contar essas histórias e que Bane é um produto do seu ambiente, apesar de seus atos no final poderem ter se distorcido pelo que foi feito com ele.
As declarações de Soto provocaram reações negativas por parte do criador do Bane, Graham Nolan. Em postagens no Twitter, Nolan afirmou que Soto está projetando muito de si mesmo na interpretação do personagem e que as extrapolações sociopolíticas que ele faz nunca foram consideradas durante a criação do Bane.
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Nolan trabalhou recentemente em histórias do Bane ao lado do co-criador Chuck Dixon, mas atualmente está focado em seu próprio universo de quadrinhos chamado Nolanverse. Nolan e Dixon também relançaram a série Joe Frankenstein.
A reinterpretação feita pelo diretor de Blue Beetle sobre a origem e significado de Bane parece ignorar completamente as intenções originais dos criadores do personagem décadas atrás. É questionável até que ponto faz sentido forçar uma visão política contemporânea em cima de personagens clássicos dos quadrinhos que não foram concebidos com esses propósitos. Personagens icônicos sempre são reinventados e reinterpretados, mas projeções excessivas do momento político atual em obras antigas podem soar forçadas. Resta saber se a suposta militância do diretor irá resonar com o público ou se será vista apenas como uma deturpação desnecessária do trabalho original dos artistas para fazer proselitismo político.