Em um movimento brilhante que borra as fronteiras entre ficção e realidade, a Netflix está literalmente transformando seus espectadores em personagens involuntários de um episódio de Black Mirror. A plataforma de streaming vem exibindo diferentes versões do episódio “Bête Noire” da sétima temporada, recém-lançada, fazendo com que os fãs experimentem o mesmo tipo de confusão mental e gaslighting que a protagonista Maria sofre na trama.
No episódio em questão, Maria tem sua realidade virada de cabeça para baixo quando sua ex-colega Verity se junta à sua equipe de pesquisa alimentar. Ao longo da narrativa, descobrimos que Verity possui um dispositivo capaz de pular entre realidades alternativas, efetivamente “falando coisas à existência”. Durante uma discussão sobre o nome de uma rede de fast-food, Maria insiste que se chama “Barnies”, chegando a mencionar que seu namorado trabalhou lá e até possui um boné com esse nome. Entretanto, ao verificar no Google, ela descobre que o nome agora é “Bernies” – resultado da manipulação de realidade causada por Verity.
O que torna essa situação extraordinária é que espectadores perceberam que estão assistindo a versões diferentes da mesma cena. Um fã compartilhou no Twitter sua surpresa ao descobrir que ele e um amigo viram versões distintas do episódio – um viu “Barnies” como o nome original da rede, enquanto o outro viu “Bernies”. “Até os espectadores estão sofrendo gaslighting”, observou o usuário na publicação viral.
O Efeito Mandela Digital na Era do Streaming
Esta engenhosa intervenção da Netflix parece ser uma brincadeira com o famoso Efeito Mandela – fenômeno onde grandes grupos de pessoas compartilham memórias falsas de eventos que nunca aconteceram. O nome do efeito deriva da crença errônea que muitos tinham de que Nelson Mandela havia morrido na prisão nos anos 80, quando na verdade ele foi libertado em 1990 e faleceu apenas em 2013. Outro exemplo clássico é a confusão generalizada sobre o título do desenho animado “The Berenstain Bears”, frequentemente lembrado incorretamente como “The Berenstein Bears”.
A Netflix ainda não se pronunciou oficialmente sobre as múltiplas variações do episódio, mas já começou a brincar com os fãs nas redes sociais. Recentemente, a conta oficial da plataforma publicou simplesmente a palavra “bernies” no Twitter, ao que o perfil oficial de Black Mirror respondeu com “barnies”, indicando claramente que estão se divertindo com a confusão gerada.
Esta abordagem meta-narrativa representa uma evolução natural para Black Mirror, série conhecida por explorar as consequências perturbadoras da tecnologia moderna. Ao transformar sua própria plataforma de streaming em parte da experiência, a Netflix não apenas amplia o universo da série para além da tela, mas também cria uma experiência interativa única que força os espectadores a questionar sua própria percepção da realidade – exatamente o tipo de desconforto que Black Mirror sempre buscou provocar.
A sétima temporada completa de Black Mirror já está disponível na Netflix, trazendo mais episódios perturbadores que exploram nossa relação cada vez mais complexa com a tecnologia.
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