Os números de bilheteria não mentem, e o desempenho de Snow White em seu primeiro fim de semana é tudo menos encorajador para a Disney. Depois de uma reunião de acionistas tensa e considerada humilhante para Bob Iger, o estúdio enfrenta agora um resultado inicial bastante preocupante para sua nova aposta em live-action. De acordo com dados divulgados após o primeiro dia de exibição, Snow White arrecadou apenas 12 milhões de dólares na sexta-feira, totalizando 16 milhões quando se consideram as pré-estreias de quinta. Para um filme que teria custado mais de 250 milhões de dólares antes mesmo de contabilizar os gastos com marketing, esses valores são, no mínimo, alarmantes.
Alguns veículos de imprensa de Hollywood, no entanto, parecem empenhados em minimizar a gravidade da situação. A Variety, por exemplo, publicou que Snow White seria a “mais justa de todas” no box office, destacando o fato de o filme ter supostamente a segunda maior estreia do ano — sem considerar que ainda estamos em março e que boa parte dos grandes lançamentos está por vir. Além disso, a previsão otimista de 45 milhões de dólares no primeiro fim de semana, apresentada como um “triunfo” pelo veículo, soa muito mais como tentativa de salvar as aparências do que como uma análise realista do cenário.
A verdade é que, para um estúdio do porte da Disney, números tão baixos são difíceis de justificar. Além do fator orçamentário, há o peso de uma marca icônica como Snow White, um clássico da animação que carrega uma história de sucesso de décadas. Era de se esperar um interesse maior do público, mesmo considerando o desgaste recente com adaptações em live-action. O contraste entre a expectativa — impulsionada por um marketing pesado — e a arrecadação efetiva escancara a frustração de muitos fãs e investidores. Afinal, quando se investem centenas de milhões de dólares em um projeto, o mínimo que se espera é uma estreia forte o suficiente para cobrir boa parte desses custos iniciais.
A tentativa de mascarar o baixo desempenho com manchetes positivas não muda a realidade. O público, cada vez mais crítico, responde de forma direta ao produto que vê na tela, e os números de bilheteria são o indicador mais evidente disso. As motivações para o fracasso podem variar: desinteresse pela história, polêmicas envolvendo elenco, insatisfação com mudanças criativas ou mesmo a concorrência com outras produções em cartaz. Contudo, independentemente dos motivos, é inegável que a Disney se encontra em uma posição desconfortável.
Para Bob Iger, que recentemente enfrentou questionamentos de acionistas, ter um lançamento de grande porte que falha em atrair multidões agrava uma situação já delicada. A empresa, que por décadas foi sinônimo de sucesso incontestável, vê sua reputação estremecida por uma sequência de resultados abaixo do esperado, combinada com críticas de fãs sobre decisões de roteiro e casting em suas produções live-action.
No fim, seja pelos custos exorbitantes ou pela morna reação do público, o fracasso inicial de Snow White deixa um recado claro: tapar o sol com a peneira e tentar reverter a percepção através de manchetes benevolentes não vai dissipar a realidade dos números. E, se as próximas semanas não mostrarem uma recuperação significativa de bilheteria, caberá à Disney lidar com mais um sinal de alerta sobre o rumo de suas adaptações, bem como sobre sua estratégia de marketing e gestão de franquias tão queridas pelo público.