Após três décadas no comando da Activision Blizzard, o CEO Bobby Kotick anunciou sua saída da empresa de games. A demissão ocorrerá até o final de 2023, para facilitar a transição após a compra da companhia pela Microsoft.
Kotick estava à frente da Activision desde 1991 e liderou a transformação da empresa em um dos maiores estúdios do mundo, por trás de sucessos bilionários como Call of Duty, World of Warcraft, Overwatch e Candy Crush.
Sua gestão, porém, foi marcada por diversas polêmicas. Em 2021, a Activision Blizzard se viu no centro de graves acusações de assédio sexual e discriminação contra mulheres, resultando em investigações, processos e protestos de funcionários.
Críticos culpavam a cultura corporativa tóxica promovida pela administração de Kotick ao longo de décadas. Ele, por sua vez, inicialmente minimizou as alegações de assédio sexual sistêmico.
Em 2022, no auge da crise reputacional da empresa, veio o anúncio surpreendente da compra da Activision Blizzard pela Microsoft, por impressionantes US$ 68,7 bilhões. Speculou-se na época que a venda seria uma saída honrosa para Kotick.
Agora, com a aquisição finalmente consumada em outubro de 2022, após uma extensa investigação antitruste, o todo-poderoso CEO finalmente deixará o cargo. Ele auxiliará na transição sob o comando de Phil Spencer, chefe da divisão Xbox da Microsoft.
Em comunicado aos funcionários, Kotick comemorou a transação como um “próximo capítulo empolgante” e elogiou o colega Brian Kelly, atual presidente do conselho da Activision, por apoiá-lo na “revitalização da empresa”.
Porém, não fez nenhuma menção às polêmicas em torno de sua gestão. Tampouco revelou detalhes sobre os próximos passos em sua carreira ou os motivos da saída. Estima-se que seu pacote de rescisão chegue a impressionantes US$ 520 milhões.
Kotick deixa um legado controverso. Transformou uma empresa à beira da falência em um império multibilionário, mas também criou uma cultura interna amplamente descrita como tóxica e machista.
Resta ver se sua saída e a gestão da Microsoft finalmente trarão os necessários ares de renovação à culture da Activision Blizzard, abalada pelos escândalos. Caberá a Phil Spencer reestruturar a empresa e restaurar a confiança de funcionários e jogadores.