Contrariando frontalmente o que Sachi Schmidt-Hori afirmou em sua entrevista à Eurogamer, o Japão reagiu sim, e com veemência, à representação cultural considerada ofensiva em Assassin’s Creed Shadows. A afirmação da consultora de que “pessoas que moram no Japão não tiveram esse tipo de reação” foi completamente desmentida quando o político japonês Satoshi Hamada, membro da Casa dos Conselheiros da Dieta Nacional Japonesa (o parlamento do país), levou formalmente a questão às mais altas instâncias governamentais do Japão.
Documentos oficiais confirmam que Hamada recebeu numerosas consultas sobre a “alteração da história japonesa por uma empresa de jogos francesa”, caracterizando o jogo como “um insulto sério à cultura e história japonesa”. A situação foi tão grave que diversos ministérios japoneses, incluindo o Ministério da Educação, Cultura, Esportes, Ciência e Tecnologia, o Ministério de Relações Exteriores e o Ministério da Economia, Comércio e Indústria foram oficialmente consultados sobre o caso.
Em petição que reuniu mais de 82.000 assinaturas, cidadãos japoneses exigiram o cancelamento do jogo, classificando-o como uma “séria ofensa à cultura e história japonesa, podendo levar ao racismo na Ásia”. Essa mobilização massiva de cidadãos japoneses contradiz diretamente a narrativa de Schmidt-Hori, que tentou desacreditar as críticas legítimas ao jogo, reduzindo-as apenas a reclamações de “homens asiáticos no Ocidente”.
O Impacto Internacional: Quando Um Jogo Se Torna Uma Crise Diplomática
A gravidade da situação ultrapassou em muito o cenário descrito por Schmidt-Hori. Um assessor político japonês indicou que a controvérsia poderia escalar para um “incidente diplomático”, com cartas oficiais sendo enviadas a múltiplos ministérios. As preocupações incluíam a “distorção grosseira e desrespeito à cultura japonesa, história e ao povo japonês” presentes no jogo.
Entre os elementos mais criticados estavam a representação incorreta de templos e santuários japoneses, a destruição virtual de locais sagrados reais como o Santuário Itatehyozu-jinja (também conhecido como Harima-no-Kuni Soja), e a exagerada importância histórica atribuída a Yasuke. Os atuais responsáveis pelo santuário afirmaram que tomariam “ações apropriadas” contra a Ubisoft, declarando: “Se tivessem nos perguntado, teríamos recusado” o uso de sua imagem no jogo.
A situação chegou a tal ponto que o próprio Primeiro-Ministro japonês Ishiba se manifestou sobre o assunto, reafirmando que “desfigurar um santuário é inadmissível”. A preocupação das autoridades japonesas é que a violência e desrespeito aos locais sagrados no jogo pudessem incentivar turistas estrangeiros a comportamentos semelhantes na vida real – uma preocupação legítima considerando o aumento do turismo no Japão pós-pandemia.
A Ubisoft foi forçada a lançar uma atualização no dia de lançamento tornando itens religiosos indestrutíveis e reduzindo o derramamento de sangue nos santuários, em resposta direta às críticas das autoridades japonesas – mais uma evidência de que as reclamações não vieram apenas “de homens asiáticos no Ocidente”, como falsamente alegado por Schmidt-Hori.
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