Em uma reveladora entrevista concedida à jornalista Amelia Emberwing do IGN, Craig Mazin e Neil Druckmann abriram o jogo sobre a filosofia por trás da adaptação de The Last of Us para a HBO. A dupla, responsável tanto pela criação quanto pela escrita da série, confirmou que sua abordagem quanto à fidelidade ao material original segue uma lógica mais flexível do que muitos fãs poderiam esperar. “Eu acho que o que tentamos fazer é preservar os aspectos do cânon que considero paredes de carga. Elas devem estar lá”, explicou Mazin ao ser questionado sobre como lidam com elementos canônicos dos jogos.
Para ilustrar este conceito, Mazin citou um momento emblemático da narrativa: a cena em que Ellie diz a Joel “Eu só estaria mais assustada” – considerada por ele um elemento fundamental que não poderia ser alterado ou removido. Esta metáfora das “paredes de carga” sugere que, assim como em um edifício, existem estruturas essenciais que sustentam a narrativa, enquanto outros elementos podem ser modificados sem comprometer a integridade da história.
Druckmann, que também é criador dos jogos originais, complementou essa visão pragmática afirmando que uma reprodução literal do jogo para a televisão seria questionável em sua própria essência. “Se estivéssemos apenas tentando copiar o jogo um para um, os fãs deveriam questionar o propósito disso”, pontuou ele, lembrando que a interatividade intrinsecamente ligada à experiência dos jogos é algo impossível de ser replicado no formato televisivo.
A Liberdade Criativa como Ferramenta de Adaptação
Tanto Mazin quanto Druckmann concordam que o segredo para uma adaptação bem-sucedida reside no equilíbrio entre respeito aos elementos que funcionam eficientemente nos jogos e a liberdade para implementar mudanças que enriqueçam a narrativa no novo formato. A dupla revelou que aprecia particularmente o processo de “extrair” pequenos detalhes do cânon original para estabelecer conexões mais profundas entre personagens e tramas, mesmo que isso signifique introduzir novas figuras que não foram exploradas nos jogos.
Esta abordagem de adaptação seletiva tem permitido que a série desenvolva aspectos da história que o formato de jogo não pôde aprofundar, oferecendo uma experiência complementar ao invés de simplesmente repetitiva. As surpresas e desvios do material original são planejados com o intuito de aprimorar a narrativa geral, mantendo o interesse tanto de novos espectadores quanto de fãs veteranos da franquia.
A filosofia adotada pelos criadores parece ressoar com a recepção crítica positiva que a série tem recebido, sugerindo que a abordagem de tratar o cânon como uma “sugestão” em vez de uma “regra concreta” pode ser o caminho mais eficaz para transpor histórias de jogos eletrônicos para o formato televisivo. A segunda temporada de The Last of Us continua disponível exclusivamente na HBO e na plataforma MAX.