Série da Disney+ adapta história em que Frank Castle critica policiais por usarem seu logotipo
A aguardada série Daredevil: Born Again, da Disney+, está gerando burburinho entre os fãs de quadrinhos após o vazamento de fotos dos bastidores que sugerem a adaptação de uma controversa história do Justiceiro. Nas imagens, o personagem Cole North, um policial, aparece usando um equipamento tático com o icônico logotipo do anti-herói. Tudo indica que a trama abordará o momento em que Frank Castle repreende os oficiais por sua admiração equivocada.
First look at Jeremy Earl as Officer Cole North on the set of 'DAREDEVIL: BORN AGAIN' pic.twitter.com/BJ3M4lsVbJ
— Lachesis (@LachesisHD) April 3, 2024
Mas será que essa tentativa de politizar um dos personagens mais queridos das HQs é realmente necessária? O Justiceiro, criado por Gerry Conway em 1974, sempre foi conhecido por sua abordagem implacável contra o crime, agindo à margem da lei. Sua popularidade transcendeu as páginas dos quadrinhos, conquistando fãs em diversas mídias ao longo das décadas.
No entanto, nos últimos anos, tem-se observado uma crescente tendência em Hollywood de usar personagens icônicos como plataforma para discursos políticos, muitas vezes em detrimento da essência que os tornou tão amados pelo público. O caso do Justiceiro é emblemático: enquanto alguns argumentam que o uso de seu logotipo por policiais e militares representa uma apropriação indevida, outros defendem que a admiração por Frank Castle não deve ser vista como um endosso à violência extrajudicial.
É inegável que a discussão sobre o legado do Justiceiro e o significado de seu símbolo é válida e necessária. No entanto, a tentativa de impor uma visão única e politicamente carregada sobre o personagem pode acabar afastando parte dos fãs que o acompanham há décadas. Afinal, a beleza dos quadrinhos reside justamente na capacidade de criar narrativas complexas e ambíguas, que permitem múltiplas interpretações.
Além disso, a aparente obsessão da cultura “woke” em desconstruir personagens clássicos sob a justificativa de “conscientização” muitas vezes acaba soando forçada e oportunista. Será que a Disney está realmente preocupada com a mensagem por trás do Justiceiro ou apenas surfando na onda da polêmica para gerar buzz em torno de Daredevil: Born Again?
É hora de Hollywood entender que os fãs de quadrinhos são perfeitamente capazes de apreciar seus personagens favoritos sem precisar de lições de moral politizadas. O Justiceiro, com toda a sua complexidade e contradições, merece ser celebrado pelo que é: um ícone da cultura pop que há décadas cativa o público com suas histórias intensas e viscerais.
Que Daredevil: Born Again seja fiel à essência do Justiceiro e de seu universo, sem ceder à tentação de transformá-lo em mais uma peça no tabuleiro das guerras culturais. Afinal, como diria o próprio Frank Castle: “Eu não estou aqui para dar lições de moral. Estou aqui para fazer justiça.”