Demolidor: Renascido – como Charlie Cox virou o herói e mais: o encontro com Frank Miller

Demolidor

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Confira o prefácio de A Queda de Murdock escrito pelo ator

Confira a seguir mais uma dessas felizes coincidências de Hollywood: Charlie Thomas Cox, então, recém-saído dos palcos britânicos, despontou em Hollywood em Stardust (2007) – um longa de fantasia, onde ele dividiria a atenção com a já famosa Claire Danes (Romeu e Julieta, Homeland) e outro compatriota bastante desconhecido do público: ninguém menos que o futuro Homem de Aço, Henry Cavill.  De quebra, o filme (que é bastante agradável) ainda tem Michelle Pfeiffer e Robert De Niro, em um dos papéis mais inusitados de sua longa carreira.

 

Desde então, o ator inglês, hoje com 42 anos, apareceu em algumas produções interessantes. Entre elas, A Teoria de Tudo (2014) e Drácula: a História Não Contada (2014). Contudo, o grande plot twist de sua carreira só aconteceria no ano seguinte, quando Cox fez todo mundo se esquecer que algum dia Ben Affleck vestiu o traje do Demolidor.

Entre 2015 e 2018, ele, de fato, se consagrou como o Homem Sem Medo, interpretando o vigilante de Hell ‘s Kitchen em três temporadas na Netflix, além do spin-off Os Defensores. Some ao total de aparições como Demolidor as esquecíveis participações em She-Hulk (2022) e Echo (2024), mais a ponta “pisque o olho e você perde) em Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa (2022).

Mas foram necessários diversos adiamentos e alterações de roteiro para que Charlie Cox retomasse sua trajetória como o super-herói/advogado em Demolidor: Renascido – uma tentativa aparentemente bem-sucedida da Marvel de resgatar seu prestígio. Até o momento, nos três episódios exibidos no Disney Plus foram dignos de sua estreia na Netflix. Porém, somente a conclusão da série trará o veredito.

 

Demolidor: encontro com Frank Miller e um presente para os fãs

Charlie Cox já é o Demolidor há uma década. Nesse período, onde enfrentou vilões como o Rei do Crime e Mercenário, além de encarar as máfias russa, japonesa e irlandesa, o herói teve a chance de ser cumprimentado por um de seus principais roteiristas: o inimitável Frank Miller.

Durante o painel montado pela Marvel na Fan Expo, em São Francisco, Cox revelou que uma de suas memórias favoritas das filmagens de Demolidor: Renascido foi poder encontrar com Miller no set.


Estava gravando com Jon Bernthal (Frank Castle/Justiceiro), então lá estava com meu uniforme do Demolidor e Jon trajado de Justiceiro. De repente, estávamos lá trocando ideias com ninguém menos que Frank Miller – e isso foi bacana demais”, relembrou o astro da série.

 

Frank Miller também se manifestou sobre o evento – e forma inusitada:

 

“Quando me deparei com o Justiceiro, fiquei pensando se ele iria me acertar um tiro no meio do peito”, brincou o desenhista e autor.

 

As ligações entre Charlie Cox e Frank Miller não terminaram no encontro casual nos cenários de Demolidor. O ator inglês foi brindado com a chance de escrever o prefácio da edição comemorativa de A Queda de Murdock lançada nos Estados Unidos pela Marvel Premier Collection.

Recém-lançada na América, a revista ainda traz uma série de bônus, incluindo esboços do roteiro e artes conceituais. 

Confira o que Charlie Cox escreveu sobre a obra que tem sido dissecada pelos nerdolas do Heróis e Mais

 

O prefácio de Charlie Cox em Demolidor: A Queda de Murdock

 

“Na primavera de 2014, após embarcar em um voo em Londres com destino a Nova  pude contemplar o que seriam os próximos meses da minha vida. Havia muitas coisas naquele momento que eu não tinha ideia que iriam acontecer. 

 

Aqui estão três delas:

 

  1. Dez anos mais tarde, não consegui voltar para casa.
  2. As mudanças em minha vida seriam irrevogáveis.
  3. Tudo a respeito de Matt Murdock…

 

Antes de assumir o papel, o processo foi longo e exaustivo, comprovando que eu pouco sabia a respeito do maravilhoso universo da Marvel. Eu nunca tinha lido uma história em quadrinhos, e minha ignorância sobre o personagem era tão grande que, no meu primeiro teste, deixei de retratá-lo como cego — pensando que “Demolidor” (No caso da tradução literal, algo como destemido) era simplesmente o substantivo usado para descrever um paraquedista ou montanhista. 

Felizmente, no entanto, os poderosos viram algo em mim… mesmo que não tenham me convencido!

Após conquistar esse papel que é para a vida toda, pedi orientação aos meus novos chefes na Marvel em termos de pesquisa e recebi imediatamente uma conta Marvel Unlimited que, como sugere, dá acesso a quase todo o catálogo anterior da Marvel Comics – tendo os mais de cinquenta anos da incrível saga do  Demolidor, na ponta dos meus dedos. 

Com os detalhes de login, veio uma pequena lista de leituras e no topo dessa lista estava Born Again (No Brasil, A Queda de Murdock)

Nos meses seguintes – junto com treinamento de luta, construção muscular, trabalho de sotaque, consultas sobre deficiência visual e pesquisa básica com advogados – percorri inúmeras edições do Demolidor, sendo fisgado desde o início. 

Comecei com tudo sobre Frank Miller, depois voltei para o início do personagem com Stan Lee e Bill Everett. Detesto destacar qualquer um – mas junto com A Queda de Murdock e Homem Sem Medo, eu amei Demolidor: Amarelo (2001), Demolidor: O Diabo da Guarda (1998), Fim dos Dias (2014) e, claro, a fascinante série de revistas escritas pela dupla Brian Michael Bendis e Alex Maleev em 2009.

Eu jamais poderia dizer que fui o tipo de fã que pegou sua primeira HQ assim que teve a chance. Mas eu me apaixonei por essas revistas, e dar vida a Matt Murdock na tela foi uma das maiores honras da minha vida. 

Para mim, o fascínio duradouro de Matthew sempre foi o seu “eu” dividido. Ele é um homem de profundas contradições – e quando escrito da melhor forma, ele é um modelo de retidão, embora tenha um centro moral que parece existir em extremos opostos. 

Ele também é altamente errático – mas você não pode deixar de confiar nele, mesmo, eu diria, quando ele toca a loucura ocasionalmente (nunca melhor retratado do que nas primeiras edições de A Queda de Murdock).

Já Matthew é um advogado apaixonado que acredita com cada fibra de seu ser na importância fundamental do sistema judicial, mas todas as noites toma a lei em suas próprias mãos, acabando com o devido processo. 

Ele é um católico devoto que acredita firmemente na vontade de Deus e no perfeito desenrolar de Seu plano – essa convicção permanece com ele enquanto ele se veste com as cores do Diabo e “brinca de Deus” noite após noite após noite. 

Se eu descrevesse essa pessoa para você como se fosse um amigo meu, você corretamente iria presumir que ele é um maníaco. O menos confiável dos homens. 

Talvez sofrendo de alguma forma de personalidade dividida e talvez precisando de sedação e medicação. E ainda, assim, quão milagroso é que nas páginas desses livros, não apenas confiamos nele, mas o vemos como um homem de profunda integridade!

Ao despir o personagem em A Queda de Murdock, temos um vislumbre de nosso herói reduzido a seus ossos nus. Espelhados a milhares de quilômetros de distância por seu maior amor, Karen Page, eles literalmente lutam para dar um passo de cada vez. 

Nessas primeiras páginas de arrepiar, o emaciado Matt de Mazzucchelli é regularmente encontrado encolhido em posição fetal justaposto ao imponente e arredondado Wilson Fisk. 

A imagem criada em nossas mentes é tão imponente quanto a representação de Miller das cordas sinistras que são puxadas para desvendar a vida de Matt. Essa combinação do Monstro Visual e do Mal que não pode ser visto é tão assustadora e claustrofóbica quanto possível!

Como eu disse antes, minha vida mudou para sempre quando Matthew Murdock entrou nela. Alguém poderia argumentar que o próprio Matt Murdock mudou para sempre quando Frank Miller entrou em sua vida. 

E em A Queda de Murdock ele destaca talvez meu aspecto favorito do personagem de Matt: resiliência! Ao escrever isso, em breve estarei entrando em outra longa e difícil jornada para dar vida a esse personagem na tela. Haverá longas horas; clima frio e severo de Nova York; coreografia de luta brutal; e convulsões emocionais. O que eu preciso para superar tudo isso? Resiliência!”

 

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