A Ausência de Debra Morgan
O marketing que precedeu a estreia de Dexter: O Retorno inundou os fãs com lembretes dos seus atores e personagens favoritos retornando à franquia depois de todos esses anos. A capacidade da série derivada de reter Michael C. Hall como Dexter, David Zayas como Angel Batista e James Remar como Harry Morgan permite que a continuidade floresça e que os espectadores de longa data sintam que ainda há uma dedicação dos roteiristas e atores para entregar um produto forte (mesmo que repetitivo).
Ainda há uma ausência fundamental que se torna aparente após assistir aos primeiros episódios de Dexter: O Retorno, embora não tenha sido uma surpresa, visto que nenhuma foto publicitária ou notícia nos meses que antecederam a estreia da série mencionou seu retorno. Jennifer Carpenter foi indispensável como a irmã de Dexter, Debra Morgan, ao longo da série original e até mesmo como a voz da consciência de Dexter em Dexter: Novo Sangue. Tendo decidido que não queria voltar pela terceira vez, a personagem de Carpenter é apenas mencionada de passagem por outros personagens.
Uma Lacuna na Narrativa
Debra morreu no final da série original, e isso foi antes dos roteiristas saberem que Dexter se tornaria tão ironicamente imortal quanto qualquer outro produto da indústria televisiva. Se tivessem uma segunda chance para reescrever aquele final fracassado, certamente Debra teria recebido um destino diferente, deixando sua história aberta para um retorno. Seu arco era tão interessante quanto o de Dexter e frequentemente era usado como um espelho para a jornada do irmão. A ausência de Debra em Dexter: O Retorno faz com que a mais nova adição à história pareça um tanto incompleta. Seria como trazer de volta Breaking Bad sem Jesse Pinkman ou Três é Demais sem Michelle Tanner (ah, espere…).
Debra começou sua história em Dexter como a parceira devotada de seu irmão. Ela acreditava em sua moralidade e ignorava os sinais de seu comportamento mórbido, assim como qualquer pessoa em sua vida. À medida que mais camadas de Dexter eram descascadas, os julgamentos originais de Debra sobre seu irmão adotivo não pareciam tão equivocados. Claro, Dexter certamente é um criminoso que merece ser pego, mas Debra acreditava em suas qualidades como homem de família, pai e provedor. Seus preconceitos a levaram a ignorar suas peculiaridades de personalidade incomuns e erráticas, e muitos de nós em casa achamos que ela deveria ter sido capaz de decifrar sua vida dupla antes do final da 6ª temporada.
Isso foi meio que o começo do fim do relacionamento deles como o conhecíamos. O afeto de Debra por seu irmão frequentemente beirava o incestuoso, mas a maioria não achava que a história levaria isso a termo. O experimento romântico foi uma das subtramas infelizes que foram exploradas no final da sexta temporada e no início da sétima temporada de Dexter, e simbolizou um dos momentos de “pulo do tubarão” da série.
A morte de Debra pareceu uma espécie de escape depois que a trama de intimidade terminou, e está tendo um efeito perpétuo no personagem de Dexter. Já vemos como as motivações de Dexter estão mudando depois de tantos anos no jogo do crime. Ele alterou o código de seu pai para se adequar ao seu novo desejo de salvar pessoas, e ninguém ficaria mais orgulhoso dele por isso do que Debra. Se Carpenter tivesse sido trazida de volta para esta série, isso poderia ter permitido que os roteiristas capitalizassem ainda mais o crescimento de Dexter.
Felizmente, a adição e retenção de Harrison (Jack Alcott) dá a Dexter: O Retorno aquela narrativa familiar que é tão fundamental para o aspecto humano da jornada de Dexter. A voz de Harry dentro da cabeça de Dexter também é fundamental para isso. Mas Debra cuidando de Dexter e mantendo seus melhores interesses em mente é algo que teria elevado esta nova série a algo que capturasse completamente a essência da franquia.
A maturação de Dexter como pai, amigo e pessoa em geral é um reflexo das qualidades que Debra sempre encorajou seu irmão a mostrar com mais frequência. Ela também era a única personagem da série que podia ser definida como uma personagem completa fora de Dexter. Debra adicionou profundidade à franquia, e sua história acabou sendo prejudicada no final. Dexter: O Retorno deveria ter sido o bis que Debra merecia. Dexter terá que carregar o encorajamento e o amor de sua irmã em sua psique. O que quer que aconteça com ele nesta temporada deve servir para manter viva a memória de sua irmã. Ainda estamos de dedos cruzados para uma participação especial de Carpenter, mesmo que seja apenas para uma única cena.
