Diretor de “Duro de Matar” lamenta declínio de Hollywood

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É inegável que Hollywood passou por uma grande transformação, assim como toda a indústria cinematográfica e sua cultura. E quem percebe essas mudanças de forma mais contundente, muitas vezes, são os profissionais com mais estrada, aqueles que viram a evolução do cinema acontecer diante de seus olhos. A idade traz consigo uma bagagem de experiência e, nesse sentido, John McTiernan, um nome de peso que moldou o gênero de ação, compartilha essa visão crítica sobre o cenário atual.

Para quem viveu a era de ouro do cinema de ação, McTiernan é uma lenda. Ele cimentou seu lugar na história com filmes que até hoje são referências: o clássico “Duro de Matar” (Die Hard), que redefiniu o gênero; o tenso e inovador “Predador”; e o suspense da Guerra Fria “A Caça ao Outubro Vermelho”. No seu auge, ele era considerado um verdadeiro mestre da ação. No entanto, sua trajetória sofreu um revés quando ele foi acusado de perjúrio ao FBI, um evento que o levou à prisão federal e inevitavelmente manchou sua reputação. Mas, para além das questões pessoais, a perspectiva de McTiernan sobre o cinema moderno oferece insights valiosos.

Em uma entrevista reveladora para a Forbes, McTiernan expressou suas preocupações sobre o rumo da indústria. Ele apontou para um aspecto fundamental da experiência cinematográfica que se perdeu em parte: a coletividade. Para ele, assistir a um filme, uma peça teatral, em meio a outras pessoas, gera uma experiência visceralmente diferente de vê-lo isoladamente. Ele menciona a troca de “grandes quantidades de hormônios” e a circulação de informações não verbais entre o público, ressaltando que essa dinâmica do “ágora”, do espaço público de encontro e compartilhamento, é essencial e não desaparecerá por completo.

McTiernan faz um paralelo interessante entre a indústria cinematográfica e a automobilística, que, segundo ele, se tornou excessivamente homogênea e previsível. Sua crítica se direciona especialmente à atual obsessão por filmes de super-heróis, que ele chega a classificar como “lixo”. A sua visão é de que as pessoas no poder dentro dos estúdios não estão genuinamente preocupadas com a cultura ou a arte, mas sim com a geração de lucros a qualquer custo.

As experiências pessoais de McTiernan com os estúdios e o sistema judicial americano também o deixaram desiludido, a ponto de questionar a própria ideia de justiça. Essa vivência amarga o motivou a considerar escrever um livro de memórias, um relato em primeira mão de suas experiências e reflexões, em vez de dirigir outro filme. Sua decisão demonstra uma profunda mudança de perspectiva, onde a necessidade de compartilhar sua verdade e visão parece ter superado o desejo de retornar à cadeira de diretor.

Rumores indicam retomada de pré-sequência de Duro de Matar na 20th Century Studios

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