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Diretor de Indiana Jones 5 volta a culpar fãs pelo flop antológico do filme

Indiana Jones

Ford e Bridge: cena do mais flopado Indy da saga

Por Claudio Dirani

As mesmas desculpas que não colam mais…

James Mangold, goste ou não dele, já dirigiu filmes de primeira categoria. Entre os que mais se destacaram, dois estão na ponta da língua:  Logan e Ford x Ferrari – este último, vencedor de dois prêmios da Academia no Oscar 2020, incluindo o de Melhor Edição.

Seu bom currículo, aliás, animou público e crítica, quando Steven Spielberg passou o bastão para que ele dirigisse Indiana Jones – e a Relíquia do Destino. O final dessa história melancólica, quase todo mundo já sabe: roteiro, direção e bilheterias 100% flopados, arrecadando pífios US$ 384 milhões contra um custo de produção e marketing de US$ 400 milhões de Trumps.

O filme é cria do verão americano de 2023, mas voltou aos trend topics após uma polêmica declaração do próprio Mangold. Ao oferecer sua versão para o fracasso de Indy 5, em meio à divulgação de seu mais recente trabalho (Um Completo Desconhecido, uma cinebio de Bob Dylan), o cineasta confessou ter ficado ressentido pelo insucesso da produção, e citou uma espécie de “gap de geração” como um dos vilões.

 

Você tem um ator maravilhoso e brilhante que está na casa dos oitenta. Então, estou fazendo um filme sobre esse cara na casa dos oitenta, mas seu público em outro nível não quer confrontar seu herói nessa idade”, analisou Mangold ao site Deadline.

 

“E para mim… bem, aceitei isso normalmente. Fizemos o filme. Mas a questão é: o que poderia ter feito o público mais feliz, a não ser começar tudo de novo com um novo cara?”, ponderou.

 

Diretor lava as mãos sobre a lacração

A breve entrevista de James Mangold prossegue, com uma conclusão de sua retrospectiva sobre o fracasso de Indiana Jones e a Relíquia do Destino. O veredito do diretor parece ter deixado de lado a história bastante fraca, além da injeção direta da cultura woke por meio do feminismo representado por Helena Shaw (Phoebe Waller-Bridge), a afilhada de Jones na história.

“Eu realmente amo Harrison Ford, e queria que o público o amasse como ele era e aceitasse que isso é parte do que o filme tem a dizer — que as coisas chegam ao fim, isso é parte da vida”, filosofou.

 

Para Mangold – aqui fica bem claro – boa parte (senão, todos) dos erros encontrados na composição do longa foram dos pagadores de ingresso. Ou seja: a culpa é minha, mas eu boto ela em quem eu quiser.

 

Sinal que a Lucasfilm/Disney e sua CEO, Kathleen Kennedy parecem ter orientado muito bem Mangold com o media training do momento. Quando a lacração supera a história, “a culpa é sempre do público”.

 

Empoderamento: o tiro saiu pela culatra em Indiana Jones 5


Senão, vejamos. Sem nos aprofundar muito, não acredito que a audiência tenha rejeitado Harrison Ford e seus mais de 80 anos por conta de que “este seria o fim” – e, sendo assim, deve ser aceito.

Vamos recapitular uma das cenas que mais aborrece este crítico que vos escreve – um assíduo fã da franquia, e que viu no cinema três dos cinco capítulos da saga do arqueólogo-aventureiro.

No momento em que a afilhada de Jones, Helena, se vê na liberdade de acertar um direto na face de seu padrinho – seja qual for o motivo, não importa – chegamos ao ponto de não-retorno.

Estamos no último filme, na despedida de um dos personagens mais icônicos da história do Cinema, e o que fica por último é a visão de um herói decadente, e que ainda apanha na cara de uma parente. Isso é triste.

E não é só isso. Ficou evidente a sensação de que a última cena do último ato foi puro ato de fan service. Nada planejado. O público hoje é bem informado, sr. Mangold. Foi bastante divulgado que diversos fins chegaram a ser rodados, e o que restou foi o de melhor aceitação.

Ainda, assim, tudo provou ser um desperdício – e ao custo de diminuir a importância da figura feminina de Marion (o que prova ser, sem eles perceberem, um desserviço para as mulheres que eles tentam empoderar forçadamente). 

Interpretada de forma magistral por Karen Allen, a ex-mulher de Jones surge nos 15 minutos derradeiros de Relíquia do Destino, como se fosse sua salvação, após uma jornada solitária e de fracassos. 

O problema é que essa decadência de Indy não é explicada a fundo, e se perde em um emaranhado de cenas desconectadas e recheadas de wokeismo. No fim, ao contrário do que James Mangold prega, o público desprezou o quinto filme de Indiana Jones pelo seu conteúdo: vazio, lacrador e que pouco explora o potencial real de seus personagens centrais.

Para refutar 101% que os fãs não gostaram da despedida do personagem “por não aceitar” o que foi imposto ao protagonista, deixamos aqui um truco.

Em Logan, por exemplo – filme dirigido pelo próprio Mangold – observamos a morte do alter ego de Wolverine, com sua aparência bem distinta dos anos dourados. Na trama, Logan sucumbe, mas nunca é humilhado.  Ele não está em seu auge, como nos primeiros X-Men. Porém, sua performance no filme nunca é ridicularizada.

E o que isso quer dizer? Pouca coisa, mas uma resposta básica à desculpa de que o flop de Indiana Jones e a Relíquia do Destino foi por algo relacionado diretamente à idade, e não à forma como o nosso querido Indy foi apresentado – e devastado.

Claro. Indiana Jones não era o mesmo super-herói de Caçadores da Arca Perdida. Mas isso, não se engane: jamais foi cogitado. Preste atenção em atores como Morgan Freeman, Denzel Washington, Tom Cruise, Mel Gibson… todos eles longe de seus 30 anos, mas nunca dispostos a serem retratados como decadentes como Ford aceitou. 

 

E, aparentemente, sem tentar lutar contra os males da lacração que fizeram seu filme ficar abaixo dos U$ 400 milhões…

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