Disney/ABC demite Terry Moran após ataques a Trump e Miller nas redes.

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A ABC News, subsidiária da Disney, anunciou oficialmente o fim de sua relação profissional com o veterano correspondente Terry Moran em junho de 2025, após uma suspensão inicial motivada por uma postagem controversa nas redes sociais. Moran, que integrava a equipe da emissora desde 1997, publicou no X (antigo Twitter) uma crítica contundente ao presidente Donald Trump e ao seu chefe de gabinete adjunto, Stephen Miller. A postagem, feita na madrugada de 8 de junho e posteriormente excluída, descrevia Miller como alguém cujos “ódios são seu alimento espiritual” e afirmava que ele “se alimenta de seu ódio”. Moran estendeu a crítica a Trump, qualificando-o como um “odiador de classe mundial”, cujo ódio seria motivado pela “autoglorificação”.

Em comunicado divulgado em 10 de junho, a ABC explicou que os comentários violavam as políticas editoriais da rede, que proíbem “ataques subjetivos a outros”. Como resultado, a emissora optou por não renovar o contrato de Moran, que expiraria no final daquela semana. “Com base em sua publicação recente — que foi uma clara violação das políticas da ABC News — tomamos a decisão de não renovar”, afirmou a empresa. Moran construiu uma carreira notável na ABC, incluindo a ancoragem do programa Nightline, cobertura da Suprema Corte dos EUA e reportagens sobre a política americana. Semanas antes da suspensão, ele conduziu uma entrevista tensa com Trump em horário nobre, na qual o presidente o acusou de ser “injusto” e “não muito legal”. Após a demissão, Moran lançou um canal no Substack como jornalista independente e, em entrevistas, defendeu sua postagem, afirmando que refletia convicções profundas e que não se arrependia, embora tenha negado estar alcoolizado no momento.

Contexto Político e Implicações da Demissão

A controvérsia surgiu em um período de alta sensibilidade para a ABC e a Disney, marcado por tensões crescentes entre a mídia corporativa e a administração Trump, que assumiu um segundo mandato em janeiro de 2025 com uma postura mais assertiva contra o que perceives como viés jornalístico. A postagem de Moran provocou reações imediatas de aliados de Trump: o vice-presidente J.D. Vance qualificou-a como “absolutamente vil” e uma “mancha vil”; a secretária de imprensa Karoline Leavitt a rotulou de “desequilibrada e inaceitável”; e o assessor Steven Cheung postou no X que insultos públicos ao presidente e sua equipe “são atingidos”. Miller, por sua vez, usou o episódio para criticar a “imprensa corporativa”, alegando que revela “radicais posando como jornalistas”. Essas respostas ilustram uma estratégia renovada da Casa Branca para confrontar narrativas críticas, potencialmente influenciando dinâmicas de poder na mídia.

O caso não é isolado. Em dezembro de 2024, a Disney concordou em pagar US$ 15 milhões à fundação presidencial de Trump para encerrar um processo de difamação movido contra o âncora George Stephanopoulos. O litígio originou-se de uma declaração imprecisa de Stephanopoulos em março de 2024, durante o programa This Week, afirmando que Trump havia sido considerado “culpado de estupro” no julgamento civil envolvendo E. Jean Carroll — quando, na verdade, o veredicto foi de abuso sexual e difamação, com indenizações totais de US$ 88,3 milhões. Como parte do acordo, a ABC emitiu uma nota de arrependimento pública e cobriu US$ 1 milhão em custos legais de Trump, totalizando cerca de US$ 16 milhões. Analistas interpretaram o acordo como um sinal de cautela da Disney em relação a futuros confrontos com Trump, especialmente considerando precedentes caros, como o pagamento de US$ 177 milhões em 2017 por difamação contra uma empresa de carne. Esse contexto sugere que a demissão de Moran pode refletir uma estratégia mais conservadora da emissora para evitar riscos financeiros e políticos.

Em um panorama mais amplo, incidentes como esse expõem desafios na indústria jornalística, onde a cultura “woke” — com sua ênfase em narrativas progressistas — pode incentivar excessos de politicamente correto que priorizam visões ideológicas sobre a objetividade factual, potencialmente suprimindo debates abertos e equilibrados. No caso de Moran, a postagem, embora pessoal, destaca como impulsos partidários podem comprometer a neutralidade esperada de jornalistas, alimentando acusações de viés e erodindo a confiança pública na mídia. Ao mesmo tempo, a resposta agressiva da administração Trump levanta questões sobre liberdade de expressão, equilibrando críticas legítimas com pressões políticas. A transição de Moran para o jornalismo independente, incluindo planos para reportar sobre comunidades imigrantes haitianas em Springfield, Ohio — vilipendiadas por Trump em campanhas eleitorais —, pode sinalizar uma migração de profissionais para plataformas menos corporativas, onde o debate é mais livre, mas ainda suscetível a polarizações.

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