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Disney acusada de discriminar Gina Carano por suas visões políticas

Em uma reviravolta surpreendente no caso de demissão de Gina Carano, a Disney parece ter admitido implicitamente em sua defesa que discriminou a atriz por suas visões políticas centristas e moderadas. Em uma moção tentando arquivar o processo movido por Carano, os advogados da gigante do entretenimento alegaram que a empresa tem o “direito da Primeira Emenda de selecionar quem irá transmitir sua mensagem e excluir aqueles que acredita que prejudicarão essa mensagem”.

Ao fazer essa afirmação, a Disney parece sugerir que concorda com as posições da “extrema-esquerda maluca”, nas palavras de alguns comentaristas, expressas por outros atores como Mark Hamill e Pedro Pascal. Enquanto estes permanecem empregados, Carano teria sido demitida por não se alinhar a essa “mensagem” e por ser parte do “centro sensato” e da “direita moderada”.

Inconsistência no tratamento de postagens polêmicas levanta questionamentos

O que chama atenção é que tanto Carano quanto Pascal fizeram postagens nas redes sociais fazendo analogias entre acontecimentos atuais e atrocidades históricas. No entanto, somente Carano sofreu consequências profissionais, levantando a questão se o verdadeiro motivo teria sido suas visões mais conservadoras.

Advogados e especialistas apontam ainda que, embora empregadores tenham o direito de demitir funcionários que não se encaixem em seus valores, a lei da Califórnia proíbe discriminação com base em posicionamento político. Resta saber se a Disney cruzou essa linha ao tratar Carano de forma diferente de colegas “de esquerda”.

Críticas à cultura “woke” de Hollywood e impactos nos negócios

O caso se insere em um contexto maior de críticas à cultura “woke” que vem dominando Hollywood nos últimos anos. Ainda que motivada pelos melhores valores de inclusão e representatividade, alguns argumentam que essa tendência muitas vezes vai longe demais, punindo dissidências razoáveis e alienando parte considerável do público.

Prova disso seria a queda na popularidade e bilheteria de franquias antes amadas como Star Wars e Marvel. Ao se posicionar tão firmemente de um lado do espectro político, essas empresas estariam afastando uma fatia enorme de sua base de fãs e consumidores em potencial.

A polêmica envolvendo Gina Carano é só mais um capítulo dessa “guerra cultural” sendo travada no entretenimento. Independente do desfecho do processo, já serve de alerta para os perigos de corporações assumirem posições partidárias e imporem uma visão de mundo única a seus funcionários e ao público. Afinal, a diversidade que tanto pregam deveria abarcar também diversidade de pensamento e opinião – dentro dos limites da civilidade e respeito, é claro. Do contrário, arriscam se alienar de metade de sua audiência.

Resta saber se o mouse irá rever suas posições ou se continuará firme em sua cruzada política, arcando com os custos em reputação e no bolso. O público estará de olho, com sua atenção e seu dinheiro em jogo. E no mundo do entretenimento, são esses os verdadeiros poderes que importam no final das contas.

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