Um “Barbenheimer 2.0” Improvável
Em 23 de maio de 2025, dois grandes lançamentos competirão pela atenção do público nos cinemas: o aguardado live-action “Lilo & Stitch” da Disney e “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 2” da Paramount, oitavo filme da franquia estrelada por Tom Cruise. Embora alguns analistas da indústria tenham especulado sobre um possível “Barbenheimer 2.0”, as projeções atuais de bilheteria sugerem um cenário bem diferente do fenômeno cultural que uniu “Barbie” e “Oppenheimer” em 2023.
As estimativas para o primeiro fim de semana de “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 2” nos Estados Unidos apontam para uma arrecadação entre US$ 70-90 milhões – um número considerado modesto para o encerramento de uma franquia tão importante. Enquanto isso, “Lilo & Stitch” parece estar em posição de “abocanhar” uma parcela significativa do público que poderia estar interessado na aventura de Tom Cruise, aproveitando-se do apelo familiar e da nostalgia associada ao desenho original de 2002.
Por que não um “Barbenheimer” 2.0?
O fenômeno “Barbenheimer” de 2023 se beneficiou de uma peculiar divisão demográfica que criou dois comportamentos distintos: sessões duplas com casais ou grupos assistindo aosdois filmes sequencialmente, e grupos se dividindo nas salas de acordo com preferências de gênero. “Barbie” e “Oppenheimer” conseguiram atrair tanto fãs de cultura pop quanto cinéfilos mais exigentes, criando uma sobreposição de público que impulsionou ambos os filmes.
A situação com “Lilo & Stitch” e “Missão: Impossível” é fundamentalmente diferente. O live-action da Disney mira principalmente famílias e o público infantojuvenil, enquanto a aventura de Tom Cruise atrai espectadores mais velhos em busca de ação. Diferentemente do caso anterior, não há uma clara divisão de gênero nos interesses, já que ambos os filmes atraem homens e mulheres, reduzindo a probabilidade de público compartilhado.
Outros fatores também pesam contra uma sinergia nas bilheterias: a duração de “Missão: Impossível – Acerto de Contas Parte 2” (2 horas e 51 minutos) limita o número de sessões diárias, enquanto “Lilo & Stitch”, com seus 108 minutos, permite mais exibições por dia. Além disso, o oitavo filme de uma franquia enfrenta desafios naturais para atrair novos espectadores, enquanto o remake da Disney combina nostalgia (incluindo o retorno do dublador original Chris Sanders como Stitch) com novidades (como a estreante Maia Kealoha no papel de Lilo).
Em última análise, em vez de se beneficiarem mutuamente, estes lançamentos simultâneos provavelmente diluirão os ganhos potenciais para ambos os filmes, afetando especialmente “Missão: Impossível”. Para os exibidores, que continuam necessitando de grandes bilheterias após anos difíceis, o ideal seria que estes dois potenciais blockbusters fossem lançados em fins de semana separados, maximizando o retorno para todos os envolvidos.
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