Acionistas da gigante do entretenimento optam por manter o status quo, enquanto Iger promete melhorias e lucros no streaming
Em um grande voto de confiança ao CEO Bob Iger, os acionistas da Walt Disney rejeitaram a oferta do investidor dissidente Nelson Peltz para um assento no conselho da empresa. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (03/04/2024) durante a reunião anual da companhia, marca uma vitória clara para Iger, que tem lutado para manter Peltz afastado desde seu retorno ao cargo de CEO em novembro de 2022.
A Trian Fund Management, empresa de Peltz, detém uma participação na Disney avaliada em mais de US$ 3,5 bilhões e tem pressionado por mudanças na governança corporativa, alegando que a atual estrutura é responsável pelo atraso nos retornos aos acionistas. No entanto, os investidores da Disney parecem ter uma visão diferente, com Peltz obtendo apenas 31% dos votos realizados, segundo fontes familiarizadas com o assunto.
Além de Peltz, os acionistas também rejeitaram a nomeação de Jay Rasulo, ex-chefe financeiro da Disney e aliado de Peltz, bem como uma chapa da Blackwells Capital, outro grupo dissidente. Iger, por sua vez, foi reeleito com impressionantes 94% de apoio.
Desde seu retorno, Iger tem se empenhado em responder às preocupações dos investidores, resolvendo uma disputa política com a Flórida, trazendo novos diretores para supervisionar a sucessão e prometendo lucro em breve com o negócio de streaming da empresa. Essas medidas parecem ter conquistado o apoio de grandes acionistas, como George Lucas e Laurene Powell Jobs, além de membros da família Disney.
Peltz, no entanto, não parece disposto a desistir tão facilmente. Antes do anúncio da votação, ele declarou: “Esta também é a nossa segunda tentativa com a Disney e esperamos que seja a última e que os acionistas não se decepcionem como há um ano. Independentemente do resultado da votação de hoje, Trian estará acompanhando o desempenho da empresa.”
Apesar da derrota, a Trian afirmou estar “orgulhosa do impacto que teve ao reorientar esta empresa para a criação de valor e boa governança”. As ações da Disney, no entanto, caíram até 2% após a votação, encerrando o dia a US$ 120,41.
Sob a liderança de Iger, a Disney já implementou medidas para cortar custos anuais em US$ 7,5 bilhões, eliminar oito mil empregos e melhorar o desempenho do negócio cinematográfico. A empresa também revelou planos para disponibilizar sua principal programação esportiva na ESPN para telespectadores online, restabeleceu dividendos e anunciou investimentos bilionários em seus parques e resorts nos próximos 10 anos.
Embora a vitória de Iger seja significativa, a pressão por resultados e melhorias na governança corporativa da Disney provavelmente continuará. Resta saber se a gigante do entretenimento, conhecida por sua cultura progressista e alinhada com valores “woke”, será capaz de equilibrar as demandas dos acionistas com sua agenda social e política. Afinal, em Hollywood, o show deve continuar, mas nem sempre com o roteiro que todos esperamos.
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