Documentário traz revelações sobre o mestre da guitarra
Por Claudio Dirani
Filmes sobre música podem ser divididos em dois tipos básicos: os que pouco revelam novidades – mas com sobra de recursos para a produção – e aqueles que se destacam por suas históricas revelações, que geralmente entregam o que os fãs mais aguardam.
Electric Lady Studios: A Jimi Hendrix Vision – documentário sobre o estúdio idealizado e financiado pelo maior guitarrista da história tem tudo para se encaixar nesta segunda e mais interessante categoria. Motivos não faltam. Entre eles, os das participações de seu arquivista histórico – que dirige o projeto – John McDermott e do engenheiro/produtor Eddie Kramer, um dos escudeiros mais fiéis de Hendrix em sua breve carreira.
Electric Lady Studios: campanha limitada pelos EUA
Distribuído inicialmente por salas de cinema dos Estados Unidos em um calendário estritamente limitado (entre 14/08 e 18/09), o documentário endossado pela companhia da família – a Experience Hendrix – tem como premissa central contar os detalhes da gênese do Electric Lady Studios ao nº 52 da rua 8, a oeste do Greenwich Village, em Nova York, mostrando como um projeto que custaria apenas US$ 50 mil esvaziou as contas bancárias de Jimi, com orçamento superior a U$ 1 milhão, como recorda Eddie Kramer, responsável pela qualidade sonora dos discos do guitarrista.
“Nosso dinheiro quase nunca dava. O pobre Jimi precisava sempre cair na estrada para ganhar alguma grana, e assim quitar os salários do staff do estúdio”.
8 clássicos gravados no estúdio de Hendrix
Além de deliciar os órfãos de Hendrix com a inclusão de registros caseiros e entrevistas de amigos como Steve Winwood, da banda inglesa Traffic e seus parceiros de palco, Mitch Mitchell e Billy Cox, o filme com 1h30 de duração sobre a criação do estúdio particular do músico garante o merecido espaço para relembrar quantas obras-primas foram gravadas entre suas quatro paredes erguidas na região sul de Manhattan.
A lista é enorme, mas é quase um pecado selecionar os favoritos: Back In Black (AC/DC), Houses of The Holy (Led Zeppelin), Random Access Memories (Daft Punk), Piece of Mind (Iron Maiden), No Exit (Blondie), Ozzmosis (Ozzy Osbourne), Graffiti Bridge (Prince) e Talking Book (Stevie Wonder).
Quis o destino, no entanto, que o visionário Jimi Hendrix usufruísse seu Electric Lady Studios por uma breve temporada. Aberto oficialmente ao público em 26 de agosto de 1970, o projeto do arquiteto John Storyk serviu como QG do músico por menos de 30 dias. A última missão de Hendrix no sonhado estúdio aconteceu dois dias antes da inauguração, quando as faixas “Freedom”, “Night Bird Flying” e “Dolly Dagger” foram registradas pela lenda.
Semanas depois, em 18 de setembro, Jimi Hendrix estava em Londres onde seria visto pela última vez.