Em 7 de maio, a empresa de entretenimento fez dois anúncios que revelaram sua dupla estratégia global. Primeiramente, a Disney revelou sua parceria para construir um parque em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. Logo depois, enviou notificações promovendo “Disneylândia After Dark: Noite do Orgulho”, evento para a comunidade LGBTQ+ na Califórnia. Consequentemente, esta dualidade expõe como a companhia gerencia diferentes valores culturais em mercados globais distintos.
A Disney construirá o novo parque na Yas Island, próximo ao centro de Abu Dhabi. Além disso, Bob Iger, CEO da empresa, descreveu o projeto como “um oásis de entretenimento” para a região. Esta será a primeira expansão desse tipo desde Shanghai em 2016.
Enquanto isso, a empresa promove ativamente seu evento Pride Night, agendado para 16 e 18 de junho de 2025 na Califórnia. Assim, o ingresso custa $169 por pessoa e inclui parada com personagens em trajes multicoloridos representando o orgulho LGBT+, similar a outros eventos temáticos da Disney.
Valores Progressistas vs. Mercados Conservadores
A estratégia corporativa torna-se problemática quando comparamos os dois mercados. Por um lado, nos Emirados Árabes Unidos, a homossexualidade constitui crime grave. Por outro lado, as penas chegam a 10 anos em Dubai e 14 anos em Abu Dhabi. Adicionalmente, o país ainda permite a pena de morte para atos homossexuais sob interpretação da lei islâmica.
A empresa adapta sua imagem conforme o mercado. Portanto, nos EUA e Europa, promove diversidade e inclusão. Contudo, em países conservadores, seus filmes sofrem censura ou edições para adequação às normas locais, como ocorreu com outras produções da empresa no passado.
A Fox News criticou esta postura contraditória, lembrando que a empresa se opôs à legislação anti-LGBTQ+ na Flórida enquanto agora investe em um país com leis muito mais severas. Para muitos analistas, este comportamento representa o padrão de corporações globais que alteram seus valores conforme a oportunidade de lucro.
Expansão Global e Marketing Regional
A expansão para Abu Dhabi tem justificativas econômicas claras. Por exemplo, Josh D’Amaro, CEO da Disney Experiences, destacou: “O Oriente Médio representa uma enorme oportunidade para nós”. A localização estratégica dos EAU como hub aéreo global torna o investimento atrativo, apesar das diferenças culturais.
Os EAU recebem mais de 120 milhões de viajantes anualmente. Um terço da população mundial vive a menos de quatro horas de voo. Por conseguinte, estes números explicam o interesse comercial da empresa, similar à sua estratégia de expansão em parques temáticos ao redor do mundo.
