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Escândalo na Shogakukan: editora é acusada de negligenciar mangaká que se suicidou

A poderosa editora Shogakukan, por trás de sucessos como “Komi-san”, “Frieren” e “Tonikaku Kawaii”, passa por uma grande crise de imagem no Japão após ser acusada de negligenciar uma de suas autoras, que acabou cometendo suicídio em meio a polêmicas. Pedidos públicos de boicote a seus mangás ganharam força, gerando debates acalorados nas redes sociais nipônicas.

Mangaká critica adaptação live action e acaba perseguida

Tudo começou com o live action da obra “Sexy Tanaka-san”, adaptado de mangá escrito por Ashihara Hinako. Insatisfeita com os rumos da produção, a autora passou a criticar abertamente a qualidade e a solicitar mudanças no roteiro para tentar melhorá-lo.

Sua atitude acabou gerando perseguição virtual contra a roteirista responsável pelo projeto, Tomoko Aizawa. Aparentemente, esse desdobramento fez Ashihara desenvolver um forte sentimento de culpa. Pouco tempo depois, ela se suicidou.

Editoras incentivam interferências para melhorar audiência?

A tragédia ganhou proporções ainda maiores quando a emissora NTV divulgou um comunicado afirmando que todos os roteiros já tinham sido previamente aprovados pela Shogakukan, supostamente com o aval da própria Ashihara.

Indignados, muitos fãs passaram a levantar suspeitas se a poderosa editora não teria incentivado a mangaká a interferir na produção, visando apenas melhorar a audiência da adaptação para TV. Também questionaram a real assistência psicológica e o acompanhamento dado à autora durante esse conturbado processo criativo.

Movimento pede boicote aos mangás em protesto

Como forma de protesto, diversos leitores sugeriram um boicote organizado contra os mangás lançados pela Shogakukan, a fim de pressionar a empresa a assumir maiores responsabilidades sobre o caso e evitar que tragédias similares ocorram novamente.

A controvérsia em torno do movimento aumentou ainda mais ao levantar também questionamentos éticos sobre os limites entre uma obra original e suas adaptações. Afinal, até que ponto editores e estúdios podem alterar historias e personagens criados por outros sem o devido consentimento dos autores?

Mangakás relatam mudanças abusivas em adaptações

Não é incomum que, em nome das audiências, editores solicitem alterações drásticas nos enredos ou que estúdios distorçam elementos importantes das narrativas originais. Nos bastidores, muitos mangakás já relataram casos em que tiveram que lutar bravamente para impedir deturpações abusivas de suas criações durante o processo de adaptação para TV ou cinema.

Porém, diante da disparidade de poder frente às grandes empresas, esses profissionais acabam sendo facilmente silenciados e ignorados, mesmo quando as modificações ferem a própria essência de seus trabalhos.

Shogakukan silencia sobre acusações e pedidos de boicote

Até o momento, a poderosa Shogakukan optou pelo silêncio absoluto sobre o caso envolvendo o suicídio de Ashihara Hinako bem como as acusações de que teria negligenciado e pressionado psicologicamente a autora. Também não se pronunciou sobre a controvérsia em torno do movimento pedindo boicote a seus populares mangás.

Resta saber se a onda de indignação tanto pelo trágico desfecho quanto pelas supostas deturpações da obra original será suficiente para que um gigante do setor editorial como a Shogakukan reavalie suas políticas internas sobre como trata e remunera adequadamente os talentos criativos por trás de seus sucessos multimilionários.

 

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