John Musker – diretor original de A Pequena Sereia – detonou a Disney por trocar boas histórias pela agenda woke
Por Claudio Dirani
Preste atenção por um momento no invejável currículo do especialista em animações John Musker: A Pequena Sereia (1989); Aladdin (1992); Hércules (1997); O Planeta do Tesouro (2002); Detona Ralph (2012) e Moana (2016).
Essas incríveis produções de animação trazem consigo a assinatura de um vitorioso – e hoje ex-diretor e produtor dos estúdios Disney – que deu uma breve pausa em suas atividades para oferecer alguns conselhos preciosos à atual direção da fantástica empresa que por décadas foi a dona de mentes e corações de adultos e crianças.
Distante da companhia fundada pelo visionário Walt Disney em 1923 no estado da Califórnia, John Musker concedeu uma entrevista ao jornal espanhol de esquerda El País, onde apontou alguns erros cruciais cometidos por seus sucessores na hora de escrever e dirigir animações e filmes.
Segundo o cineasta – que trabalhou atrás das câmeras para a Disney entre 1981 e 2018 – o problema central tem sido a perda de foco na história e nos personagens em troca de uma agenda política.
“Acredito que eles precisam fazer uma pequena correção de curso”, alertou Musker. “Seria preciso deixar essa mensagem política em segundo plano e colocar o entretenimento e histórias convincentes em primeiro lugar. Os personagens também precisam ser mais envolventes”, analisou o especialista durante passagem pelo festival Animayo International Summit realizado nas Ilhas Canárias.
John Musker foi além. Com quase 45 anos de estrada e 70 anos de idade, ele deu o caminho das pedras para os atuais gerentes e executivos da Disney retomar o caminho do sucesso – trajetória, esta, que tornou a empresa uma verdadeira fábrica de sonhos, mas que hoje, infelizmente, foi transformada em uma indústria de pesadelos.
“Os filmes clássicos da Disney não tinham qualquer tipo de mensagem política. A diferença principal é que as histórias eram criadas para que o público se envolvesse com os personagens e suas histórias. Acredito que esse princípio ainda seja o centro de tudo. Você não precisa excluir totalmente uma determinada agenda, mas deve priorizar a criação de personagens que sejam profundos e atraentes ao público”, acrescentou.
Em defesa da Pequena Sereia original
A entrevista concedida por Musker ao El País não foi a primeira reação do cineasta contra a empresa hoje apelidado de “Disney Woke”. No final de maio, o produtor veterano nascido em Chicago ofereceu seu comentário a respeito do remake de A Pequena Sereia – não por acaso, uma animação dirigida e roteirizada por ele ao lado de Ron Clements em 1989.
“Eles (os produtores da nova versão) não enfatizaram a história principal entre pai e filha, que era o cerne do filme. Essa qualidade de atrair o público sempre foi o que a Disney fez de melhor, mas que agora tem falhado”, apontou Musker, embasado em diversos motivos. Entre eles, os inúmeros prêmios conquistados por sua versão de A Pequena Sereia lançada há 36 anos.
A versão em 2-D da animação baseada no conto do dinamarquês Hans Christian Andersen venceu 12 prêmios, incluindo Melhor Canção Original no Oscar e no Golden Globe Awards e Melhor Animação concedida no Los Angeles Film Critics Association Awards.