EXCLUSIVO: Detalhes dos abusos e atitudes perversas de Neil Gaiman

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Várias mulheres, entre elas Scarlett Pavlovich, relataram com detalhes perturbadores os abusos do autor de Sandman.

Atualização: Neil Gaiman respondeu de forma contraditória sobre as acusações.

Por Gui Santos

Neil Gaiman, autor de Sandman, virou alvo de graves acusações de abusos sexuais e atitudes perversas contra mulheres. As acusações vieram primeiro por meio do Podcast Tortoise.

Agora novos relatos de oito mulheres vítimas de Gaiman vieram à tona, entre elas Scarlett Pavlovich, uma das primeiras que denunciou os abusos. O relato de Scarlett é PERTURBADOR e REVOLTANTE.

 

Terrível!

Após as acusações contra Neil Gaiman no podcast Tortoise, que acarretaram inclusive em vários projetos ligados à ele cancelados, a NY Magazine por meio de seu portal Vulture trouxe novos relatos.

Segundo a Vulture, mais oito mulheres denunciaram Gaiman. Um dos relatos foi de uma das que já havia denunciado o autor anteriormente, Scarlett Pavlovich, ex-babá do filho de Gaiman e da ex-mulher Amanda Palmer.

Scarlett já havia falado sobre o que sofreu nas mãos de Neil Gaiman no Tortoise mas agora para a Vulture ela deu detalhes assustadores sobre os abusos.

Antes de tudo, o Se Liga Nerd alerta:

O relato à seguir contém detalher de conteúdo nocivo que podem causar repulsa ao leitor. Leia com cuidado.

 

Scarlett Pavlovich conheceu Neil Gaiman através da ex-esposa do autor Amanda Palmer. Palmer, que já tinha contato com Scarlett desde 2020, ofereceu o serviço de babá, do qual Scarlett aceitou.

Era 4 de Fevereiro de 2022, Gaiman e Scarlett estavam sozinhos na casa do autor na Nova Zelândia. Gaiman ofereceu um passeio no jardim da casa à Scarlett. Detalhe, não havia qualquer criança no local.

Mais tarde, após uma conversa bem estranha de Gaiman, ele disse à ex-babá:

“Por que você não toma um banho na linda banheira de garras no jardim? É absolutamente encantadora.”

Após Gaiman persistir, Scarlett aceitou ir até a banheira. Poucos minutos depois de entrar, ela ficou surpresa ao ouvir os passos de Gaiman nas pedras do jardim. Scarlett viu que Neil Gaiman estava nu.

“Ele se esticou, na minha frente e, por alguns minutos, conversou um pouco. Ele reclamou sobre a agenda de Palmer. Ele falou sobre a escola do filho. Então ele disse para eu esticar as pernas e ‘ficar confortável'”, disse Scarlett.

Scarlett recusou porém Gaiman insistiu: “Está tudo bem — sou só eu. Apenas relaxe. Apenas converse um pouco”. Scarlett não se moveu. Ele olhou para ela novamente e disse: “Não estrague o momento”. Gaiman começou a acariciar os pés dela.

Gaiman pediu que ela sentasse em seu colo. Scarlett começou à gaguejar e recusou. Gaiman continuou a pressionar.

A próxima parte é realmente amorfa“, disse Scarlet. “Mas posso dizer que ele colocou os dedos direto na minha bunda e tentou colocar o pênis na minha bunda. E eu disse: ‘Não, não’. Então ele tentou esfregar o pênis entre meus seios, e eu disse ‘não’ também. Então ele perguntou se podia gozar no meu rosto, e eu disse ‘não’, mas ele gozou mesmo assim.”

 

“Me chame de mestre”

 

Então Scarlett relata: “Ele disse: ‘Me chame de ‘mestre’ e eu gozarei’. ‘Seja uma boa menina. Você é uma boa menina.’”

Depois, ela se lembra dele dizendo, “’Amanda me disse que eu não poderia ter você’”. Assim que ele ouviu isso, ele “soube que tinha que tê-la”. “’Deus’”, ele continuou, “’Eu queria que fossem os bons e velhos tempos em que nós dois poderíamos te f***.’”

A situação com ela piorou em pontos onde Scarlett descreve Gaiman batendo nela com um cinto, forçando sexo com ela em várias situações, e até mesmo um incidente onde ela foi forçada a provar suas fezes.

“Ele disse, ‘Você está desafiando seu mestre?‘”, disse Scarlett. “Eu tive que lamber minha própria m****.”

De acordo com Scarlett, Amanda Palmer disse a ela: “Quatorze mulheres vieram até mim sobre isso“. Ele supostamente dormiu com outra babá em seu casamento anterior também. Alguns desses eventos foram feitos, de acordo com Scarlett, quando o filho pequeno de Gaiman estava no quarto com elas. Palmer mais tarde supostamente disse a ela: “Eu já tive que fazer isso antes, e posso fazer isso de novo. Eu vou cuidar de você”.

Ela registrou um boletim de ocorrência em 2023, esperando que Amanda Palmer ajudasse com a situação, mas quando chegou a hora, Palmer se recusou a falar com a polícia.

Depois de Scarlett, o artigo detalha os relatos conhecidos de Neil Gaiman tirando vantagem de fãs jovens. Um que atendia pelo pseudônimo de Brenda disse: “Ele parecia ter um roteiro. Ele queria que eu o chamasse de ‘mestre’ imediatamente.”

A maioria das mulheres que acusaram Gaiman estavam na faixa dos 20 anos quando conheceram Gaiman. A mais nova tinha 18 anos. Duas delas trabalhavam para ele. Cinco eram suas fãs.

Naquela época, ele já tinha a reputação de um “defensor declarado das mulheres”.

 

E tem mais…

Katherine Kendall tinha 22 anos quando conheceu Gaiman em 2012. Ela era voluntária em um de seus eventos em Asheville, Carolina do Norte. Ele a convidou para se juntar a ele alguns dias depois em uma festa para outro evento, onde ele a beijou.

Em uma leitura dez meses depois, Gaiman sugeriu que Kendall e outras duas garotas esperassem por ele em seu ônibus de turnê para que pudessem ficar juntas depois que ele terminasse de dar autógrafos.

Quando Gaiman apareceu, ele puxou Kendall para a parte de trás do ônibus e deitou em cima dela. Ele continuou dizendo: “Beije-me como se quisesse”, lembra Kendall. Ela tentou entrar, mas estava em pânico. Eventualmente, Gaiman saiu de cima dela. “‘Sou um homem muito rico'”, ela se lembra dele dizendo, “‘e estou acostumado a conseguir o que quero.'”

 

Mais um relato perturbador e a resposta de Gaiman

Kendra Stout tinha 18 anos quando, em 2003, dirigiu quatro horas e meia até Fort Lauderdale, Flórida, para ver Gaiman ler Endless Nights, continuação de The Sandman. Ela o conheceu na fila de autógrafos. Gaiman lhe enviou longos e-mails e comprou uma webcam para que pudessem conversar por vídeo.

Cerca de três anos depois de se conhecerem, ele voou para Orlando para levá-la para um encontro. Ele a convidou para voltar ao seu quarto de hotel, colocou uma playlist de canções de amor e a segurou com uma mão.

“Gaiman não acreditava em preliminares ou lubrificação”, Stout conta, “o que poderia tornar o sexo particularmente doloroso. Quando ela dizia que doía muito, ele dizia que o problema era que ela não era submissa o suficiente.”

“Ele falou longamente sobre o relacionamento dominante e submisso que queria de mim“, conta Stout. Eu nunca tive qualquer interesse em Sadomasoquismo. Gaiman nunca perguntou do que eu gostava, e não houve discussão sobre “palavras seguras” ou “cuidados posteriores” ou “limites”. Ele pedia para eu chamá-lo de ‘mestre’ e me batia com seu cinto. Quando eu disse a ele que não gostava, ele respondeu: ‘É a única maneira.'”

Em seguida veio Caroline, uma mulher que vivia na propriedade Gaiman, em Nova York, que já havia sido acusada anteriormente de ter sido forçada a prestar serviços sexuais a Gaiman em troca de não perder sua casa e seus filhos.

Ela alega que ele até teve um encontro sexual com ela quando seu filho de quatro anos estava na cama com eles. “Ele não tinha limites”, ela disse.

Representantes de Neil Gaiman disseram que “algumas relações ocorreram e foram todas consensuais”.

Lembrando que a polícia da Nova Zelândia ainda está no caso do abuso sofrido por Scarlett Pavlovich.

 

Nota do autor: Simplesmente repugnante tudo isso…

 

A resposta de Neil Gaiman

Neil Gaiman finalmente postou em seu blog sobre o assunto, negando as alegações em um post intitulado “Quebrando o Silêncio”.

Neil Gaiman não nega o que fez porém ele diz que tudo (até mesmo as atrocidades) foi “consensual” porém diz, em seus 64 anos que está “refletindo” e “trabalhando para ser uma pessoa melhor”.

Ou seja, ele nega e não nega ao mesmo tempo tudo o que aconteceu, caíndo direto em contradição.

“[…] Ao ler esta última coleção de relatos, há momentos que reconheço pela metade e momentos que não, descrições de coisas que aconteceram ao lado de coisas que enfaticamente não aconteceram. Estou longe de ser uma pessoa perfeita, mas nunca me envolvi em atividade sexual não consensual com ninguém. Nunca.”

Eu estava emocionalmente indisponível enquanto estava sexualmente disponível, focada em mim mesma e não tão atenciosa quanto eu poderia ou deveria ter sido. […]”

“Passei alguns meses refletindo profundamente sobre quem eu era e como fiz as pessoas se sentirem. Como a maioria de nós, estou aprendendo e tentando fazer o trabalho necessário, e sei que esse não é um processo da noite para o dia. Espero que, com a ajuda de pessoas boas, eu continue a crescer.”

Para repetir, nunca me envolvi em atividade sexual não consensual com ninguém. Algumas das histórias horríveis que estão sendo contadas agora simplesmente nunca aconteceram, enquanto outras foram tão distorcidas do que realmente aconteceu que não têm relação com a realidade.”

Estou preparado para assumir a responsabilidade por quaisquer erros que cometi. Não estou disposto a virar as costas para a verdade, e não posso aceitar ser descrito como alguém que não sou, e não posso e não vou admitir ter feito coisas que não fiz.”

Toda esse diz que me disse e contradições são um forte contraste com um tuíte que Neil Gaiman fez em 2018 sobre vítimas de abuso feminino.

“Em um dia como hoje, vale a pena dizer, eu acredito nas sobreviventes. Os homens não devem fechar nossos olhos e mentes para o que acontece com as mulheres neste mundo. Devemos lutar, ao lado delas, para que elas sejam acreditadas, nas urnas e com arte e ouvindo, e mudar o mundo para melhor.”

Parece que agora que ele está sob escrutínio público, sua opinião sobre as mulheres serem acreditadas mudou. Como dizia Quico: “Que coisa não.”

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