Mais um filme contra a Ditadura, mas só a ditadura no Brasil

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Sobre o silêncio seletivo do cinema nacional

Filme contra ditadura brasileira repete, mais uma vez, a narrativa comum no cinema nacional. Por isso, “O Agente Secreto” de Kleber Mendonça Filho estreia em Cannes com Wagner Moura. O ator interpreta um perseguido político no Brasil de 1977. Enquanto isso, o mesmo cinema ignora ditaduras atuais como Cuba e Venezuela. Dessa forma, esta seletividade revela a parcialidade ideológica de muitos cineastas brasileiros. Consequentemente, o público vê constantemente histórias sobre o regime militar brasileiro encerrado há décadas. Ao mesmo tempo, as violações de direitos humanos em regimes atuais recebem pouca atenção. Assim, os lançamentos recentes mostram essa preferência por revisitar sempre o mesmo período histórico.

Com viés ideológico nas produções brasileiras

"Filme contra ditadura: Wagner Moura como perseguido político em O Agente Secreto ambientado no Brasil de 1977"

Filme contra ditadura recebe, sem dúvidas, financiamento público e aplausos em festivais internacionais. Ademais, Wagner Moura critica o autoritarismo brasileiro dos anos 60 e 70. No entanto, o ator raramente menciona as prisões políticas em Cuba. Em contrapartida, a indústria cinematográfica brasileira produz continuamente filmes sobre a ditadura militar. Essa repetição contrasta, claramente, com o silêncio sobre regimes autoritários de esquerda. Apesar disso, o público brasileiro merece uma abordagem mais equilibrada sobre autoritarismo. Infelizmente, essa hipocrisia passa despercebida pela crítica especializada. Entretanto, análises recentes apontam para essa tendência preocupante no cinema nacional.

Para uma reflexão sobre coerência política

"Filme contra ditadura: repressão em Cuba atualmente recebe pouca atenção do cinema brasileiro que critica regime militar"

Filme contra ditadura brasileira recebe, de fato, destaque enquanto ignoramos tragédias humanas contemporâneas. Por um lado, o diretor Kleber Mendonça Filho compete pela terceira vez em Cannes. A história se passa, especificamente, no Recife durante o Carnaval de 1977. Por outro lado, Wagner Moura interpreta um professor fugindo de agentes do governo. O Festival de Cannes descreve, em seu site oficial, o filme como uma crítica aos “mecanismos da repressão”. Além do mais, o Omelete destaca que esta é mais uma participação de Mendonça Filho no festival. Similarmente, o Canaltech confirma que o filme aborda apenas “o período da ditadura militar no Brasil”. Desse modo, o cinema nacional deveria mostrar mais coragem ao abordar diferentes formas de autoritarismo. Em conclusão, precisamos de coerência nas críticas a regimes que cerceiam liberdades, independentemente da ideologia.

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