O Super-Homem de James Gunn Vai Salvar a DC ou Afundar de Vez?

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Se você ainda não teve tempo de acompanhar as últimas reviravoltas da Warner Bros. — e, convenhamos, elas acontecem a cada cinco minutos — aqui vai um resumo: a empresa, outrora um titã de Hollywood, anda capengando de tal forma que já tem gente apostando que pode deixar de existir como a conhecemos. Lembram do velho ícone do cinema, carregado de blockbusters e grandes franquias? Pois é. Hoje, se você espirrar, corre o risco de ver uma manchete dizendo que a Warner está à venda ou que virou um braço de outra corporação mais endinheirada.

Mas, em meio ao caos, surge um raio de esperança (ou, pelo menos, é isso que eles vendem): o próximo filme do Superman, capitaneado por James Gunn, que também virou o “tiozão-responsável” pela nova direção criativa da DC. Quem diria que o diretor de filmes de heróis debochados e piadinhas irreverentes, como “Guardiões da Galáxia” e “O Esquadrão Suicida”, iria herdar o peso de manter a Warner inteira? Bom, se estivermos entrando num buraco negro de fracasso, melhor chamar o Kryptoniano para tentar salvar a pátria — literalmente. O problema? É que o herói está tão pressionado a “devolver a grandeza” ao estúdio quanto a própria Warner está para sobreviver a esse tsunami de más decisões.

O Fator DEI e a Cultura Woke

Antes de mergulharmos nos erros da gestão DC e na estratégia de James Gunn, vale a pena comentar um tema que vem se tornando cada vez mais presente — e não necessariamente pelas melhores razões: a insistência de Hollywood no chamado DEI (Diversity, Equity and Inclusion). É claro que representatividade é importante, mas quando isso vira a grande bandeira de qualquer produção, deixamos de falar de uma história envolvente, de personagens cativantes e começamos a nos preocupar mais com estatísticas de diversidade do que com qualidade de roteiro.

O resultado, muitas vezes, é um público saturado que enxerga nessas estratégias uma forçação de barra. Especialmente a ala mais conservadora — mas não apenas ela — tem criticado esse “viés” nas produções. Não se trata de ser contra a participação de grupos historicamente excluídos, mas sim de como essas pautas podem ser empurradas sem sutileza e sem boa execução dramática, diminuindo o que realmente importa: o enredo e o desenvolvimento de personagens. Sem falar que, em termos de bilheteria, vários projetos “woke” não correspondem às expectativas astronômicas de Hollywood. Então, fica a pergunta: a Warner (e, por tabela, James Gunn) vão cair na mesma armadilha ou terão a sensatez de priorizar entretenimento e qualidade?

Os Erros da DC

É preciso dizer: o Universo DC estava em frangalhos bem antes de Gunn chegar. Fãs do Snyderverse, estrelado por Henry Cavill como Superman, fazem barulho nas redes sociais até hoje, porque a Warner jogou o ex-Super-Homem na geladeira sem cerimônia. Prometeram seu retorno — lembram da cena pós-créditos de “Adão Negro”? — para logo depois desmentirem tudo. Isso pegou muito mal com o público, que viu uma grande bagunça e falta de planejamento.

Depois veio “The Flash”, uma novela com o ator Ezra Miller se envolvendo em tantas confusões que seria mais fácil listar em qual estado americano ele não se meteu em encrenca. Somando isso às bilheterias frustrantes de “Shazam! Fúria dos Deuses” (aposta que já nasceu meio morta), e o fiasco de marketing para “Mulher-Maravilha 1984” num contexto de pandemia e streaming, a Warner se mostrou completamente perdida.

Alguns pontos que a internet não se cansa de criticar:

  1. Falta de Planejamento de Longo Prazo: Enquanto a Marvel planejou dez anos de filmes interligados, a DC deu sinais de que estava improvisando em cada lançamento. O famoso “escreve aí qualquer coisa e, se colar, a gente diz que tava planejando desde o início”.
  2. Mistura Confusa de Tons: Filmes sombrios como “Batman vs Superman” e “Esquadrão Suicida” (o primeiro, não o de Gunn) convivendo com tentativas de humor desenfreado. Tudo bem querer variedade, mas a DC não conseguia manter uma identidade clara. O público acabou confuso.
  3. Trocas de Elenco e Diretores Frequentes: Uma hora é Ben Affleck como Batman, daqui a pouco ele sai, depois volta fazendo ponta, daqui a pouco chamam o Robert Pattinson pra um Batman paralelo… Henry Cavill é Superman, depois não é mais, depois é de novo, e agora não é mesmo. Esse “vai e vem” cansa qualquer fã.
  4. Campanhas Publicitárias Fracas: A Warner parece acreditar que é suficiente jogar uns pôsteres e algumas cenas soltas num trailer pouco inspirado e — voilà — teremos uma bilheteria de US$ 1 bilhão. Spoiler: isso não funciona mais, especialmente em um mercado saturado de filmes de herói.
  5. Falta de Conexão com o Público Conservador: Há um discurso tão grande de “lacração” em vários estúdios de Hollywood que parte considerável da audiência se sente deixada de lado. Não à toa, muitos fãs antigos de quadrinhos (que podem ter um perfil mais tradicional) acabam se afastando ou criticando publicamente.

James Gunn, o “Salvador” Improvisado?

Agora que James Gunn virou o manda-chuva criativo da DC, todo mundo espera um milagre. Querem que ele acerte o tom dos filmes, estabeleça uma nova narrativa coesa e, ao mesmo tempo, reconquiste o público desiludido. E mais: o Superman de James Gunn precisa ser um triunfo de bilheteria e crítica, fazendo a Warner voltar a cheirar a sucesso. É uma lista de exigências tão extensa que faz o roteiro de qualquer novela mexicana parecer modesto.

A questão é: será que Gunn tem mesmo a sensibilidade e o foco para criar um Superman que dialogue com gerações diferentes e com a galera mais conservadora? Seus trabalhos anteriores são marcados por humor ácido e irreverente. Tudo bem, existem momentos dramáticos e emocionais, mas estamos falando do símbolo máximo do heroísmo clássico. Será que Gunn conseguirá equilibrar tradição e modernidade sem cair no “woke forçado”, que tanto vem desagradando parcelas do público?

Além disso, circulam boatos de que a Warner está pressionando cada etapa do processo. Afinal, o desempenho do filme não é só uma questão de “mandar bem”: é literalmente a sobrevivência financeira de um conglomerado que, em outros tempos, era sinônimo de inovação e vanguarda. E a coisa não está fácil. Com a possibilidade de Zaslav (o atual CEO) “colocar a faca no pescoço” de Gunn e Peter Safran para extrair resultados imediatos, fica a dúvida se haverá liberdade criativa ou se veremos um “Frankstein cinematográfico” — aquele produto criado por comitê que não agrada nem Deus nem o diabo.

O Desafio de Reconquistar Fãs e o Público Geral

Reconheçamos: por mais que haja críticas — justificadas! — ao “politicamente correto” exagerado, representatividade mal feita e campanhas superficiais de marketing, a DC ainda é uma das maiores minas de ouro do entretenimento, se for explorada com competência. A Warner sabe disso. O problema é que, nos últimos anos, a empresa não conseguiu entregar consistência e coerência. Fica difícil reconquistar confiança quando o público sente que tudo pode mudar da noite para o dia.

O erro de subestimar os fãs mais conservadores (que não são uma minoria desprezível) pode cobrar seu preço. Nas redes sociais, é comum ver debates acalorados sobre a “wokeza” de Hollywood e como isso estaria desgastando a paciência de quem só quer uma boa história de super-herói, sem precisar de lição de moral panfletária a cada dois minutos. Ainda que a mídia e algumas celebridades tentem pintar isso como mera “birra reacionária”, a realidade é que cada fracasso de bilheteria manda um recado claro para os estúdios.

Humor Ácido, Mas Dados Concretos

Vamos largar a ironia por um instante e olhar para alguns números recentes que podem ilustrar o tamanho do problema:

  • “Shazam! Fúria dos Deuses”: Estreou com apenas US$ 30,1 milhões na bilheteria doméstica, considerado fraco para um filme de super-heróis. Comparado aos lançamentos da Marvel, é um fiasco estrondoso.
  • “The Flash”: Era tido como um dos projetos mais promissores do estúdio e fechou bilheteria mundial na casa dos US$ 268 milhões (tendo custado cerca de US$ 200-220 milhões para produzir, fora marketing). Ou seja, praticamente um desastre financeiro.
  • A Queda de Ações da Warner Bros. Discovery: A cotação tem se mantido volátil, diretamente afetada pelas incertezas sobre o futuro da DC, já que esta é uma de suas principais propriedades intelectuais.

Some a tudo isso a concorrência pesada com a Marvel (apesar de o estúdio rival também estar vivendo fases de cansaço e críticas), e fica claro que o “campo de batalha” dos super-heróis está saturado. Ou seja, se o filme do Superman for só mais uma “aventurinha sem sal” que ainda por cima se envereda pelo “woke forçado” e esquece a essência do personagem, pode se preparar para ver esse navio afundar.

O Futuro da Warner e da DC

Então, qual o veredito? A Warner Bros. vai se salvar? James Gunn vai ressuscitar a DC com um Superman de dar orgulho a Christopher Reeve (e, vá lá, Henry Cavill)? Haverá espaço para um retorno ao “clássico” sem cair na armadilha de querer agradar todo mundo com fórmulas desgastadas e agendas escancaradas?

A verdade é que a Warner está sob pressão massiva para entregar resultados, e o Superman é o carro-chefe dessa esperança. A gestão de Zaslav vem enfatizando a importância do personagem para resgatar a magia dos tempos áureos do estúdio. Mas já vimos esse enredo antes: promessas, hype, frases de efeito, e no fim, a execução deixa a desejar.

Se Gunn conseguir balancear inovação, respeito às raízes do herói e ainda se esquivar da armadilha de transformar o filme em panfleto, o Superman pode, sim, ser o marco de uma nova era (finalmente bem estruturada) para a DC. E se esse filme fracassar… bem, talvez vejamos a Warner Bros. se desmantelar ou virar “selo” dentro de outra gigante. Para nós, fãs e admiradores do cinema, seria uma tragédia histórica ver um estúdio tão icônico definhar por falta de rumo e por uma insistência em seguir pautas progressistas sem o devido cuidado com o que realmente importa: uma boa história.

Em meio aos rumores de fusão, venda ou pura e simples bancarrota, a Warner Bros. deposita todas as fichas em James Gunn e seu “Superman”, enquanto a DC luta para reencontrar coerência e resgatar credibilidade junto ao público. A pressão é real: o fracasso pode selar de vez a reputação do estúdio e, por que não dizer, de Hollywood, que tanto abraçou a cultura woke e “DEI” de forma muitas vezes superficial.

Não há problema algum em querer diversidade e inclusão. A questão é se isso está sendo feito com autenticidade e qualidade, ou se apenas serve de escudo para a falta de bom roteiro, planejamento e respeito pelos fãs que sustentam essa indústria há décadas. Se depender de boa parte do público — que cada vez mais se cansa de agendas panfletárias — a DC terá que voltar ao básico: criar histórias memoráveis, personagens inspiradores e tramas consistentes. E isso passa necessariamente por não deixar a ideologia gritar mais alto que a narrativa.

Pode ser que a Warner Bros. renasça das cinzas, pode ser que vire nota de rodapé na história do cinema. Mas, se tem uma coisa certa, é que se esse Superman não decolar, veremos o estúdio sangrando não apenas em bilheteria, mas também em credibilidade. E, no final das contas, não há propaganda woke ou campanha de DEI que segure um negócio que não convence quem, de fato, paga o ingresso.

E aí, Warner, qual vai ser?

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