A franquia que construiu seu império zombando de todos os grupos sociais, políticos e religiosos, sem distinção, agora caminha em ovos. Em uma entrevista recente à Bloomberg, o CEO da Take-Two, Strauss Zelnick, deu declarações que, para quem sabe ler nas entrelinhas, revelam o verdadeiro motivo pelo qual GTA 6 demora tanto para chegar ao mercado: o medo da cultura do cancelamento.
Zelnick afirmou que “a espera por GTA 6 deve ser a maior que já vi para qualquer projeto” e que eles estão focados em “atender às altíssimas expectativas dos fãs”. Traduzindo do corporativês: estão com medo de lançar algo que desagrade a turma do mimimi e cause um escândalo nas redes sociais.
O REFÉM BILIONÁRIO DA CULTURA WOKE
Quando Zelnick diz que querem “manter a empolgação lá no alto”, o que não diz é que a Rockstar está no modo pânico desde o vazamento de 2022, não apenas pela quebra de segurança, mas pelo escrutínio implacável que o jogo sofrerá em uma era onde tudo é ofensivo para alguém.
A história de GTA sempre foi anarquista, politicamente incorreta e igualitária em seu desrespeito. De políticos corruptos a celebridades vazias, de gangues de rua a executivos sem ética, ninguém escapava da sátira mordaz da Rockstar. Mas hoje, com a patrulha ideológica de prontidão 24/7 nas redes sociais, qualquer piada pode significar cancelamento.
Lembremos que GTA V foi lançado em 2013, época em que ainda era permitido fazer humor sem precisar pedir desculpas depois. O jogo arrecadou mais de $8 bilhões e continua vendendo, provando que o público realmente gosta de conteúdo sem amarras ideológicas.
A PARANOIA MILIONÁRIA
“Há concorrentes que revelam os planos de lançamento com anos de antecedência. Nós entendemos que o melhor a ser fazer é investir na campanha de marketing num período mais próximo do lançamento”, disse Zelnick, traduzindo: estamos adiando ao máximo porque cada trailer, cada imagem, cada aspecto do jogo será dissecado em busca de “problemas” pelos grupos de pressão.
Enquanto a Rockstar antiga daria risada e dobraria a aposta na polêmica, a Rockstar de 2025 tem medo do próprio produto. Os mesmos executivos que aprovaram missões como “Pela Causa”, onde o jogador torturava um suspeito de terrorismo em GTA V, agora tremem diante da possibilidade de alguém se sentir ofendido por uma piada.
O fundador da Rockstar, Dan Houser, deixou a empresa em 2020. Coincidência? Ou seria porque ele viu que a liberdade criativa que construiu o império GTA estava ameaçada pela nova ordem mundial do politicamente correto?
GTA 6 ainda está prometido para 2025, sem uma data específica. Mas quando (e se) finalmente chegar, a grande questão será: teremos o GTA autêntico e provocador de sempre, ou uma versão “adequada” e pasteurizada que não ofende ninguém e, por isso mesmo, não diverte ninguém?
A Rockstar que conhecíamos morreu? Ou ainda resta alguma rebeldia naquela que já foi a empresa mais ousada da indústria dos games? 2025 nos dirá, se tivermos sorte. Até lá, fica a certeza de que o maior inimigo de GTA 6 não são os concorrentes ou as expectativas dos fãs, mas sim a cultura do cancelamento que transformou a indústria do entretenimento em um campo minado ideológico.
Rockstar Games anuncia novo trailer de GTA VI e marca os 25 anos da empresa