Fabricante de motos quer focar nos clientes – e no lucro
Fundada em 1903 por William S. Harley e Arthur Davidson, a fábrica de motocicletas Harley-Davidson conquistou fama global por desenvolver máquinas arrojadas e potentes, carregadas de simbolismo.
Recentemente – assim como uma infinidade de marcas tradicionais – o legado da companhia deu lugar ao politicamente correto e às premissas da cultura woke. No entanto, tudo o que começa um dia chega ao fim.
No embalo do jargão “go woke, go broke” (quem lacra não lucra), a empresa de 121 anos de idade lançou um memorando, onde extingue as práticas de marketing voltadas apenas para demonstrar virtude.
“Continuamos comprometidos em ouvir todos os membros da nossa comunidade enquanto continuamos nossa jornada juntos como uma Harley-Davidson. Unidos Nós Viajamos”, escreveu a empresa no X, como introdução a uma série de recomendações que deverão ser seguidas pelos colaboradores.
Entre elas: o fim do departamento de Diversidade, Equidade e Inclusão, mudança de diretrizes na The Harley-Davidson Foundation, foco total nas vendas para o público-alvo de colecionadores e motociclistas e treinamento de funcionários dirigido às vendas, dispensando as práticas anteriores de “justiça social”.
Além da mídia progressista, quem não gostou do fim do Departamento de Equidade e Inclusão foi a ONG Human Rights. O presidente da instituição, Eric Bloem, criticou duramente a decisão da Harley-Davidson como “impulsiva”.
“Com cerca de 30% da geração Z atualmente identificada como LGBTQ+ e sua comunidade movimentando US$ 1,4 trilhão na economia, a decisão de encerrar o DEI atingirá, ao mesmo tempo, os colaboradores e os clientes da Harley Davidson”, lamentou.
Harley Davidson responde à “mídia lacradora”
Como resposta às críticas sofridas, a empresa rebateu as acusações de “desprezo às minorias” em um documento com explicações detalhadas sobre os novos procedimentos da Harley-Davidson, dando toda prioridade para funcionários e clientes.
“Estamos realmente tristes com todo o negativismo que se espalhou pelas redes sociais. Como empresa, tratamos da questão seriamente – é de nossa responsabilidade responder com rigor, ação e fatos. No início deste ano, iniciámos uma revisão de nossas práticas para melhor alinhar as atividades da empresa com as necessidades do nosso negócio e da comunidade. Com base na nossa análise, comprometemo-nos com o seguinte:
- Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI): Consideramos que o papel de cada líder é manter uma base de colaboradores que reflete o perfil de nossos clientes e as regiões geográficas em que operamos. É fundamental para a nossa atividade contratar e manter os melhores talentos e que todos os colaboradores se sintam bem-vindos. Dito isso, não operamos uma função DEI desde abril de 2024, e não temos uma função DEI atualmente. Não temos cotas de contratação e já não temos objetivos de gastos com a diversidade de fornecedores.
- Grupos de recursos humanos (BERGs): Para garantir o alinhamento dos nossos BERGs com a empresa, a partir de agora, cada grupo terá uma gestão executiva que se centrará exclusivamente no desenvolvimento profissional, na criação de redes e na orientação dos funcionários.
- Patrocínios e afiliações: Começamos a rever todos os patrocínios e organizações a que estamos associados. As ações decorrentes dessa revisão em curso incluem:
- Todas as atividades de patrocínio serão agora aprovadas e geridas de forma centralizada através da empresa ou da Fundação Harley-Davidson.
- Como marca de consumo, vamos nos concentrar exclusivamente no crescimento do motociclismo e na manutenção da nossa fiel comunidade de pilotos, seguindo além do apoio que já prestamos aos socorristas, aos militares no ativo e aos veteranos de guerra.
- A Harley-Davidson Foundation está empenhada em promover mudanças positivas em Milwaukee através do Davidson Park, recentemente inaugurado na nossa sede na Juneau Avenue.
- Formação dos trabalhadores: A empresa nunca deixa de avaliar a forma de como treina seus funcionários para garantir que essas práticas sejam adequadas à nossa força de trabalho. A formação guiada, a partir de agora, estará relacionada às necessidades da empresa, e estará presente em conteúdos socialmente motivados.
Finalizando, a Harley-Davidson adicionou:
“Acreditamos que a manutenção de uma base de funcionários e clientes é bom para os negócios. Em última análise, todos devem experimentar a alegria de conduzir uma Harley-Davidson. Continuamos empenhados em ouvir todos os membros da nossa comunidade à medida que prosseguimos juntos a nossa viagem como a marca de motocicletas mais desejada do mundo”, reiterou.
