Quando Hollywood decide falar de si mesma, prepare-se para uma masturbação intelectual disfarçada de autocrítica. É o caso de “O Estúdio”, nova série da Apple TV+ onde Seth Rogen – sim, aquele mesmo comediante que trocou o humor pelo sermão progressista – tenta nos convencer que entende os problemas da indústria enquanto se beneficia diretamente dela.
A ironia é deliciosa: enquanto critica o sistema, Rogen embolsa milhões da Apple, uma das corporações mais poderosas do planeta. Quem disse que princípios progressistas não podem ser vendidos ao maior licitante?
A ELITE ARTÍSTICA QUE VIVE DE BISCOITO
“O Estúdio” segue Matt Remick, um executivo que ganha o cargo de chefe das produções no fictício Continental Studios. Como todo bom personagem de Hollywood escrito por progressistas, ele sonha em “produzir arte” mas logo se depara com a realidade: precisa fazer um filme sobre Kool-Aid, o equivalente americano do nosso Ki-Suco.
O roteiro tenta equilibrar crítica ao sistema com o clássico elitismo artístico. A mensagem é clara: blockbusters comerciais são inferiores à “verdadeira arte” – aquela mesma que só existe porque os filmes comerciais geram bilhões para os estúdios. Curioso como nenhum desses artistas “puristas” recusa os cheques polpudos que vêm desse sistema que tanto criticam, não é mesmo?
Rogen e seu parceiro Evan Goldberg enchem a série de participações especiais. Martin Scorsese, Ron Howard, Zoë Kravitz e dezenas de outras celebridades aparecem interpretando versões de si mesmas. É o ápice da autorreferência hollywoodiana: famosos interpretando famosos para que outros famosos possam rir de piadas internas enquanto fingem que estão fazendo uma crítica social.
A CONFISSÃO INADVERTIDA DO PROGRESSISMO
O mais revelador em “O Estúdio” é sua confissão acidental: mesmo os mais progressistas de Hollywood sabem que, no final das contas, o dinheiro fala mais alto que a ideologia. Quando o personagem de Rogen questiona “O que é arte e o que é produto?”, a série revela a hipocrisia fundamental da indústria.
Hollywood adora se vender como bastião da diversidade e justiça social, mas a verdade que “O Estúdio” acidentalmente expõe é que todas essas bandeiras só são erguidas quando geram lucro. Scorsese, Fincher e outros diretores “artísticos” são apenas vitrines que legitimam corporações multibilionárias enquanto recebem seus milhões.
A série menciona explicitamente “Pantera Negra” como referência ao discutir elencos e cancelamentos. Não é à toa – foi o filme perfeito para a indústria: aproveitou-se do momento político enquanto gerou bilhões. Quem disse que não dá para lucrar com virtue signaling?
“O Estúdio” é involuntariamente honesto sobre a verdadeira natureza de Hollywood: uma máquina de dinheiro que usa causas sociais como estratégia de marketing. Enquanto os espectadores aplaudem pensando estar consumindo conteúdo “consciente”, os executivos riem todo o caminho até o banco.
No fim, a série acaba sendo exatamente o que critica: mais um produto de uma grande corporação disfarçado de crítica ao sistema. Seth Rogen pode até fingir que está do lado dos artistas, mas seu contracheque diz outra coisa. Como disse certa vez alguém mais esperto que qualquer roteirista de Hollywood: “Quando te mostram quem são, acredite neles na primeira vez.”
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