Site francês tenta se retratar após chamar personagem Eve de “boneca sexualizada por alguém que nunca viu uma mulher”
A IGN França, braço francês do renomado site de notícias sobre videogames, encontra-se em meio a uma controvérsia após tecer comentários polêmicos sobre a protagonista do aguardado jogo de ação “Stellar Blade”. Em um preview do título sul-coreano, o jornalista Ben Ossola escreveu que a personagem Eve não passa de uma “boneca sexualizada por alguém que nunca viu uma mulher”, gerando revolta entre os fãs e levantando questionamentos sobre a integridade jornalística do site.
O jogo “Stellar Blade”, desenvolvido pela Shift Up, se passa em um cenário pós-apocalíptico, onde a humanidade precisa lutar pela sobrevivência. No entanto, ao invés de focar na premissa intrigante do jogo, Ossola decidiu dedicar parte de seu texto para criticar o design “sexualmente atraente” da protagonista Eve. “Vamos bater no alienígena, mas se pudermos fazer isso enquanto agradamos os olhos dos homens, é um bônus”, escreveu o jornalista, em tom de deboche.
Ossola ainda comparou Eve com outras personagens femininas icônicas dos videogames, como Bayonetta e 2B de “NieR: Automata”, afirmando que o design da protagonista de “Stellar Blade” é “apenas chato” e que ela parece uma “boneca sexualizada por alguém que nunca viu uma mulher”. As declarações polêmicas rapidamente repercutiram na internet, com muitos fãs apontando a falta de embasamento das críticas do jornalista.
Acontece que uma rápida pesquisa sobre o desenvolvimento de “Stellar Blade” revela que as reclamações de Ossola não têm fundamento na realidade. O diretor do jogo e CEO da Shift Up, Hyung-Tae Kim, definitivamente já viu uma mulher antes, visto que é casado com a artista conceitual da empresa, Jiyun Chae. Além disso, a aparência de Eve é baseada em um escaneamento corporal completo da modelo sul-coreana Shin Jae-eun, o que contradiz a afirmação de que a personagem seria apenas uma “boneca sexualizada”.
Diante da enxurrada de críticas e acusações de falta de integridade jornalística, a IGN França tentou se retratar, alterando a descrição ofensiva de Eve para “uma boneca sexualizada por alguém que você pensaria que nunca viu uma mulher”. Ossola chegou a adicionar uma nota pomposa, em inglês, afirmando que a frase havia sido “ligeiramente editada para os falantes de francês que fingem não entender o que queremos dizer e para a multidão de falantes de inglês que traduziram o texto inicial no Google Tradutor”.
No entanto, a tentativa de justificar a falha jornalística apenas aumentou a revolta do público. Posteriormente, a IGN França alterou novamente a nota, desta vez alegando que o artigo havia sido editado “após ameaças de morte”. A situação expõe um problema recorrente na imprensa especializada em videogames ocidental, que muitas vezes parece ter um preconceito contra produções asiáticas, especialmente japonesas e sul-coreanas.
Enquanto alguns veículos se preocupam mais em promover pautas “woke” e criticar designs de personagens femininas sob uma ótica politicamente correta, jogos como “Stellar Blade” buscam oferecer uma experiência envolvente e visualmente impactante. A protagonista Eve, com seu visual inspirado em uma modelo real, é um exemplo de como a representação feminina nos videogames pode ser atraente sem ser objetificada ou estereotipada.
Resta saber se a IGN França aprenderá com essa controvérsia e passará a adotar uma postura mais ética e imparcial em suas análises de jogos. Afinal, a função da imprensa especializada é informar e orientar o público, e não impor agendas ideológicas ou julgar designs de personagens com base em preconceitos infundados. Com um pouco mais de profissionalismo e menos militância “woke”, talvez a IGN França consiga reconquistar a confiança dos leitores e fazer jus à reputação da marca IGN como referência no jornalismo de videogames.
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