JAMES CAMERON DEFENDE REVOLUÇÃO DA IA EM HOLLYWOOD ENQUANTO INVESTE NO SETOR

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No podcast “Boston the Future”, James Cameron abordou uma questão crítica que afeta a indústria cinematográfica atual: o custo astronômico dos blockbusters. O aclamado diretor observou que, diferentemente do passado, quando a vinculação a grandes franquias garantia sucesso financeiro, hoje mesmo filmes de marcas consagradas enfrentam dificuldades para compensar seus orçamentos inflacionados. Como exemplo, citou “Missão Impossível”, que mesmo com números expressivos de bilheteria, decepcionou a Paramount considerando seu investimento.

Diante desse cenário, Cameron propõe o que chama de “segunda revolução gráfica” para o cinema: a combinação de CGI com inteligência artificial generativa. Ele compara esse momento à primeira revolução que ajudou a liderar com o uso pioneiro de CGI em seus filmes. Segundo o diretor, a IA poderia otimizar processos considerados tediosos e demorados para humanos, aumentando a eficiência da produção visual.

Cameron argumenta que a implementação da IA não precisaria resultar em demissões de profissionais dos estúdios gráficos. Em sua visão ideal, os trabalhadores seriam mantidos, com a tecnologia servindo apenas como ferramenta complementar. Esta posição surge em um contexto crítico: nos últimos anos, especialmente após a pandemia de 2020, a indústria enfrentou uma escassez de estúdios de pós-produção capazes de atender à crescente demanda por efeitos visuais, afetando até mesmo os maiores players do mercado.

Conflito de Interesses e o Futuro dos Profissionais

A defesa de Cameron pelo uso da IA generativa levanta suspeitas devido a suas conexões comerciais. No ano passado, o diretor associou-se a uma das principais empresas do mercado que promovem o uso de inteligência artificial na indústria cinematográfica, gerando acusações de conflito de interesses. Além disso, os recentes relançamentos em 4K de seus filmes clássicos já utilizam tecnologia de IA para restauração, com resultados que dividiram fãs e especialistas quanto à qualidade final.

Esta discussão ocorre em um momento delicado para a indústria. As greves de 2023 demonstraram a preocupação dos profissionais com o avanço da IA: enquanto o sindicato dos roteiristas conseguiu estabelecer limites claros para o uso da tecnologia, o sindicato dos atores – o maior do setor – não obteve o mesmo sucesso, conseguindo apenas garantias mínimas contra a substituição total por dublês digitais.

O cenário atual já apresenta sinais preocupantes. Nos últimos dois anos, grandes estúdios de animação anunciaram sucessivas ondas de demissões, possivelmente relacionadas à automatização de processos por IA. A realidade contrasta com o discurso idealista de Cameron, pois muitas empresas podem enxergar na tecnologia uma oportunidade de cortar custos através da redução de pessoal, em vez de usá-la como complemento ao trabalho humano.

O conceito de “uso ético da IA”, frequentemente mencionado por empresas do setor, também gera controvérsia. Na prática, esse termo geralmente se limita a obter consentimento para modificações digitais, sem garantias de preservação de empregos. Com Cameron entrando na produção de Avatar 3, filme de alto orçamento que certamente empregará tecnologias de ponta, é provável que o diretor se torne um porta-voz ainda mais vocal pelo uso da IA generativa.

As recentes greves em Hollywood apenas iniciaram um debate que promete se intensificar. A indústria cinematográfica ainda não estabeleceu parâmetros claros para o uso da inteligência artificial em roteiros, dublês digitais, cenários ou animações, deixando o futuro de milhares de profissionais em uma zona de incerteza que continuará gerando polêmicas nos próximos anos.

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