James Earl Jones: a morte de Darth Vader

James Earl Jones

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Tributo ao ator – e à voz – que se calou após 93 anos

Por Claudio Dirani

 

INT ESTRELA DA MORTE – DOCA PRINCIPAL – BAÍA 130

Caos. Pela primeira vez, a Estrela da Morte é abalada por explosões

enquanto a frota Rebelde, não mais apoiada contra uma parede, voa,

descarregando uma barragem pesada. Tropas Imperiais correm em todas as direções, confusas e desesperadas para escapar.

No meio desse tumulto, Luke está tentando carregar o enorme

peso morto do corpo enfraquecido de seu pai em direção a uma

nave Imperial. Finalmente, Luke desmaia devido à tensão. As explosões ficam mais altas conforme Vader o puxa para mais perto.

VADER (um sussurro)

Luke, me ajude a tirar essa máscara.

LUKE

Mas você vai morrer.

VADER

Nada pode impedir isso agora. Só por uma vez…

deixe-me olhar para você com meus próprios olhos.

Lentamente, hesitantemente, Luke remove a máscara do rosto de seu pai. Ali, sob as cicatrizes, está um homem idoso. Seus olhos não focam. Mas o homem moribundo sorri ao ver a sua frente.

ANAKIN (muito fraco)

Agora… vá, meu filho. Deixe-me.

LUKE

Não. Você vem comigo. Não posso deixar você

aqui. Tenho que salvá-lo.

ANAKIN

Você já fez isso, Luke. Você estava certo sobre

mim. Diga à sua irmã… você estava certo.

LUKE

Pai… eu não vou deixar você.

Darth Vader, Anakin Skywalker… pai de Luke, morre.

Uma grande explosão abala o cais de atracação. Lentamente, Luke se levanta e, meio carregando, meio arrastando o corpo de seu pai, tropeça em direção a uma nave auxiliar.

(…)

De acordo com a lore da trilogia original de Star Wars, as palavras descritas pelos roteiristas George Lucas, Lawrence Kasdan e Michael Arndt foram as derradeiras de Darth Vader/Anakin Skywalker, antes de deixar sua carcaça robótica, rumo à eternidade dos guerreiros Jedi.

 

O Retorno de Jedi, de fato, exibiu o  funeral do personagem, ao morrer nos braços do filho Luke Skywalker (Mark Hamill) para atingir sua redenção – e deixar o lado sombrio da Força.  

Exibido nos EUA pela primeira vez em 25 de maio de 1983, o longa dirigido por Richard Marquand hoje serve como uma espécie de elegia para a indefectível voz de James Earl Jones – o multifacetado ator que nos deixou em 9 de setembro de 2024 aos 93 anos.

(…)

Em uma era marcada por conquistas efêmeras, onde batalhas ideológicas prevalecem sobre a qualidade, é quase impossível imaginar um ator ganhar tanto renome por sua poderosa – e talentosa – expressão vocal.

Bonachão e imponente (Jones tinha quase 1,90m), o ator ficará marcado por dar voz a Darth Vader – um complexo personagem que precisou, ao longo do tempo, de cinco atores para contar sua história. 

Além de James Earl Jones – vale a lembrança –  Sebastian Shaw (Anakin Skywalker em Retorno de Jedi), David Prowse (dublê de corpo de Vader, entre 1977 e 1983), Hayden Christensen (o jovem Anakin, entre 1999-2005) e Jake Lloyd (o Anakin-mirim em 1999) ajudaram a compor uma das mais emblemáticas figuras do cinema moderno.

O papel de Jones, contudo, é o que ficará tatuado no imaginário dos fãs. Até quem não gosta de Star Wars um dia imitou a voz metálica e grave de Vader na fala: “Luke, eu sou seu pai”.

James Earl Jones: o carisma em Campo dos Sonhos

Mesmo sendo uma marca registrada da cultura pop, a impressionante voz de James Earl Jones não resume o que o ator realizou desde os anos 1950 em prol da sétima arte, além da TV e do teatro.

Os mais jovens podem não lembrar, mas uma de suas mais memoráveis atuações aconteceu em Campo dos Sonhos (1989), produção que une todos os elementos dramáticos como poucas. 

No longa de Phil Alden Robinson, Jones é o escritor Terence Mann, que embarca na aventura do fazendeiro Ray Kinsella (Kevin Costner) para realizar o sonho de seu falecido pai como jogador de beisebol. É impossível não ser conquistado pelo personagem carismático de Jones, que chega a roubar a cena.

 

Outra participação quase perfeita acontece em  Um Príncipe em Nova York (1988), comédia em que James Earl Jones – mesmo com poucas cenas – comprova ser um craque do humor, no papel do rei Jaffe Joffer, pai de Akeem (Eddie Murphy), o herdeiro da fictícia terra africana Zamunda.

As últimas palavras do sábio Mufasa

Ex-militar – e católico convertido, James Earl Jones é um dos poucos atores premiados com Oscar (cinema), Emmy (TV) e Tony (teatro) da história da indústria do entretenimento.


Embora todas essas conquistas sejam muito significativas,  é inegável que James Earl Jones alcançou a imortalidade por interpretar roteiros com sua imponente voz, que atravessou as fronteiras de Darth Vader nas inúmeras participações em Star Wars.

Jones também deu vida a Mufasa, o patriarca da selva africana e pai de Simba, o Rei Leão. Primeiro, na premiada animação da Disney de 1994. Depois, no remake em live action dirigido por Jon Favreau em 2019.

Seria preciso de muito mais espaço para falar de James Earl Jones e de sua impressionante jornada cinematográfica de quase 70 anos.

Entretanto, nossa homenagem termina, por ora, com uma de suas falas como Mufasa:

 

“O tempo de um rei como governante nasce e se põe como o sol. Um dia, Simba, o sol irá se pôr, como meu tempo aqui, e nascerá com você como o novo rei”.

 

 

Outras atuações memoráveis de Jones incluem:

Dr. Fantástico (1964)

Conan – O Bárbaro (1982)

Jogos Patrióticos (1992)

Perigo Real e Imediato (1994)

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