James Gunn vai mesmo meter a super hipnose para explicar o disfarce do Superman???

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A “vergonha dos quadrinhos” ataca novamente. Desta vez, é James Gunn — o diretor que supostamente ama e respeita o material de origem — quem decidiu ressuscitar uma das ideias mais bizarras e abandonadas da Era de Bronze dos quadrinhos: os óculos hipnóticos do Superman.

O Problema que Não Era Problema

Durante décadas, o disfarce de Clark Kent funcionou perfeitamente bem com uma explicação simples: postura diferente, personalidade oposta e a genialidade de atores como Christopher Reeve, que conseguiam vender a transformação através de pura atuação. O próprio Henry Cavill provou recentemente que o conceito funciona ao circular livremente pela Times Square usando apenas óculos, sem ser reconhecido — um experimento real que validou o que os fãs sempre aceitaram.

Mas aparentemente isso não foi suficiente para Gunn.

A Solução Desnecessária

Em entrevista ao ComicBook.com, Gunn revelou sua insegurança com o disfarce tradicional: “os óculos sempre me incomodaram quando criança. Eles me incomodavam porque eu simplesmente não tenho tanta suspensão de descrença para acreditar nisso”.

A resposta veio de Tom King, escritor de quadrinhos, que lembrou Gunn de uma obscura história de 1978 — Superman Vol. 1 #330 — onde foi revelado que Clark subconscientemente hipnotiza as pessoas para perceberem-no como uma pessoa distinta do Superman, com seus óculos feitos do material da nave kryptoniana amplificando esse poder.

Por Que Isso É um Problema?

1. A Solução Era Tão Ruim que Foi Imediatamente Abandonada

A história de 1979 em Superman #333 foi considerada uma reprimenda deliberada ao conceito, mostrando Clark vestido como Superman e sem óculos, ainda não sendo reconhecido pela equipe da WGBS/Planet. A DC essencialmente disse: “Esqueçam essa ideia ridícula.”

O conceito foi tão mal recebido que a explicação dos óculos hipnóticos foi imediatamente apagada da continuidade. Estamos falando de uma ideia que nem os escritores dos anos 70 — a era que nos deu Superman girando a Terra ao contrário — conseguiram engolir.

2. Cria Mais Problemas do que Resolve

Como observado por fãs e críticos, o conceito levanta questões perturbadoras:

  • E as inúmeras vezes que Bruce Wayne preencheu o papel de Clark Kent? Ele não teria os poderes de super-hipnose
  • Por que ninguém que conhece a identidade secreta do Superman jamais mencionou essa diferença perceptiva?
  • Clark estava manipulando mentalmente pessoas inocentes por décadas sem saber?

3. É um Sintoma de Insegurança Criativa

A necessidade de “consertar” algo que não estava quebrado revela uma preocupante falta de confiança no material de origem. Zack Snyder ignorou completamente essa explicação em Man of Steel, preferindo confiar na atuação e na suspensão natural de descrença do público.

O Padrão Perturbador

Isso se encaixa em um padrão maior de decisões criativas de Gunn que parecem simultaneamente abraçar e ter vergonha dos quadrinhos. Por um lado, ele inclui freeze breath e Superman Robot #4 — elementos clássicos da Era de Prata. Por outro, sente a necessidade de “justificar” cientificamente aspectos que funcionam perfeitamente como convenções narrativas.

A ironia é que David Corenswet “parece o mais diferente como Clark Kent comparado ao Superman, ainda mais do que Chris Reeve”, segundo o próprio Gunn. Se a transformação física já é convincente, por que adicionar uma camada desnecessária de manipulação mental?

O Verdadeiro Problema

A questão fundamental não é se os óculos hipnóticos são canônicos — eles tecnicamente são, vindos de Superman Vol. 1 #330 de 1978. O problema é que representam exatamente o tipo de pensamento excessivo e insegurança que pode arruinar uma boa história.

Superman funciona porque é uma fantasia de poder otimista, não porque cada elemento tem uma explicação pseudocientífica. Quando você começa a questionar como óculos podem esconder uma identidade, você também deveria questionar como um alienígena pode voar ou ter visão de raio-X.

A Vergonha Continua

Em uma entrevista à Rolling Stone repleta de cameos de cachorros e arcos de redenção, James Gunn finalmente decifrou o código do disfarce de Clark Kent. Mas será que ele realmente precisava?

A decisão de ressuscitar os óculos hipnóticos não é apenas uma escolha criativa questionável — é um sintoma de um problema maior no cinema de super-heróis moderno: a incapacidade de simplesmente aceitar as convenções do gênero sem sentir a necessidade de explicá-las até a morte.

Às vezes, a melhor explicação é nenhuma explicação. Christopher Reeve entendeu isso. Henry Cavill entendeu isso. Até os escritores da DC dos anos 70 eventualmente entenderam isso.

Aparentemente, James Gunn ainda não.

O Superman de James Gunn estreia nos cinemas em 11 de julho de 2025. Prepare-se para dois horas e meia de óculos mágicos e vergonha alheia.

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