Karla Sofia Gascón: protagonista do lacrador Emilia Pérez é vítima da própria lacração

Karla Sofia Gascón

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Netflix – e o próprio diretor do filme – afastam ator trans dos holofotes

Helen Mirren, Audrey Hepburn, Meryl Streep, Sissy Spacek, Ingrid Bergman, Jodie Foster

 

Todas essas estrelas têm algo em comum: venceram o prêmio de Melhor Atriz no Oscar, pelo menos uma vez. 

Outra coisa em comum entre elas é o talento excepcional – fator que costumava ser primordial para a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood. 

Só que algo aconteceu no meio do caminho: o domínio quase total da cultura woke, que há tempos tem afetado não só a maior festa do Cinema como as demais cerimônias adjacentes.

Contudo, como tudo na vida, o feitiço algum dia se volta contra o feiticeiro. Este é o caso de Karla Sofia Gascón, que no próximo 2 de março disputará a estatueta por sua atuação em Emília Pérez talvez o símbolo máximo da lacração em 97 anos de Oscar.

 

Tudo parecia bem – e quase uma barbada – para o ator trans espanhol faturasse o prêmio, deixando para trás as concorrentes femininas: Demi Moore (A Substância), Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui), Cynthia Erivo (Wicked) e Mikey Madison (Anora).

 

Depois de a Netflix (distribuidora do longa) afastar Karla Sofía Gascón dos principais eventos que antecedem o Oscar – sendo eles, as premiações Critics Choice Awards, DGA Awards (Directors Guild of America) e Virtuoso Awards – foi a vez do próprio diretor da produção se manifestar sobre as postagens antigas nas redes sociais do protagonista de Emilia Pérez.

“Infelizmente isso está ocupando todo o espaço e me deixa muito triste. É muito difícil para mim pensar no trabalho que fiz com a Karla Sofía. A confiança que compartilhamos, a atmosfera excepcional que tínhamos no set… e quando você tem esse tipo de relacionamento e lê algo que essa pessoa disse – coisas que são absolutamente odiosas e dignas de serem odiadas – é claro que esse relacionamento é afetado”, lamentou o francês Jacques Audiard.

Eu não falei com ela (depois da repercussão) – e não quero. Ela está em uma abordagem autodestrutiva na qual eu não posso interferir. Realmente, não entendo por que ela continua. Por que ela está se machucando? Por quê?”, questionou o diretor de Emília Pérez.

 

Audard se refere, claro, aos tuítes de Gascón desenterrados recentemente – todos datados entre 2020 e 2021. Nos posts, o ator trans se revela contra movimentos como o Black Lives Matter, além de frases com conotação racista.

 

Acho que pouquíssimas pessoas se importaram com George Floyd, um vigarista viciado em drogas, mas sua morte serviu para demonstrar, mais uma vez, que há pessoas que ainda consideram os negros como macacos sem direitos e veem os policiais como assassinos”, escreveu Gascón em 2020.

 

E mais:

 

 “Cada vez mais, o Oscar parece uma cerimônia de filmes independentes e de protesto. Eu não sabia se estava assistindo a um festival afro-coreano, a uma manifestação do Black Lives Matter ou ao 8M”, detonou impiedosamente no ano seguinte.

 

Karla Sofía Gascón: o outro lado

Após a onda de cancelamento, Karla Sofia Gascón se defendeu das críticas, apontando que “é uma pessoa totalmente diferente” hoje, em comparação às postagens que a colocaram em maus lençóis. 

 

“Só busco a liberdade de existir sem medo, de criar arte sem barreiras e de seguir em frente com minha nova vida”, afirmou Gascón. “Eles querem que eu me aplique a cultura do cancelamento. Pergunto aos especialistas em Hollywood, aos jornalistas que me conhecem e seguiram meu caminho, como seguir em frente?”, perguntou o ator trans espanhol.

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