O lançamento de Quarteto Fantástico: Primeiros Passos elevou o MCU para um total de 37 longas-metragens, mas também marca uma grande pausa para a franquia, já que o público terá que esperar quase um ano inteiro pelo próximo filme do MCU. A longa espera antes do lançamento de Homem-Aranha: Novo Dia faz parte do plano da hierarquia da Disney de reduzir a quantidade de projetos do MCU em favor de uma melhora na qualidade do produto.
Durante uma entrevista em formato de mesa redonda com vários jornalistas na sede da Disney, no dia 20 de julho de 2025, Kevin Feige admitiu que a qualidade dos filmes e séries do MCU de fato caiu após Vingadores: Ultimato. “Pela primeira vez, quantidade superou qualidade”, disse Feige.
Na entrevista, Feige abordou diversas questões que afetam o MCU, oferecendo uma visão sobre seu futuro, incluindo o novo plano estratégico de sete anos que vai até 2032. Kevin Feige confirmou os comentários anteriores do CEO da Disney, Bob Iger, de que o MCU reduzirá a quantidade de filmes e séries lançados por ano. Em sua apresentação para investidores em maio de 2024, segundo a Variety, Iger confirmou que o MCU diminuirá a produção para três longas por ano, e as séries para apenas duas.
Feige também reconheceu o declínio que o MCU sofreu após o fim da Saga do Infinito, que ele atribui principalmente ao aumento significativo da frequência com que filmes e séries foram lançados, e não ao alegado “cansaço de super-heróis”.
“Produzimos 50 horas de histórias entre 2007 e 2019, e agora já passamos de 100 horas — em metade do tempo”, declarou o chefe da Marvel Studios, acrescentando: “Isso é demais.”
Feige fez referência ao aparente sucesso doméstico de Superman, dirigido por James Gunn, com uma abertura doméstica estimada em 125 milhões de dólares, para rebater as alegações de saturação do mercado pelo gênero, afirmando: “Olhe para ‘Superman’. Claramente não é cansaço de super-heróis, certo?”
Segundo Feige, o MCU entrou em um período de tentativa e erro após Vingadores: Ultimato, pois expandiu agressivamente seus projetos como parte de uma estratégia mais ampla de crescimento da Disney. “Sempre achei que, se você tem sucesso e não experimenta nem arrisca, então não vale a pena”, justificou o experimento com os projetos mais novos.
Essa expansão foi em grande parte um fracasso sob a perspectiva do MCU, já que 7 dos 15 filmes produzidos após a Saga do Infinito (sem contar o recém-lançado Quarteto Fantástico: Primeiros Passos) não conseguiram alcançar a marca de 500 milhões de dólares na bilheteria global.
Na ordem dos lançamentos, segundo o site The Numbers, os sete filmes que não ultrapassaram os 500 milhões foram: Viúva Negra (379 milhões), Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (432 milhões), Eternos (401 milhões), Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (476 milhões), The Marvels (199 milhões), Capitão América: Novo Mundo Corajoso (413 milhões) e Thunderbolts (382 milhões).
Por outro lado, esse marco foi alcançado por 19 dos 22 filmes que compuseram a Saga do Infinito.
Já a Saga do Multiverso tem o maior fracasso de bilheteria do MCU com The Marvels, que se tornou o primeiro filme da franquia a não recuperar seu orçamento de produção de 270 milhões de dólares, com uma decepcionante abertura de 46,1 milhões no fim de semana, 84,5 milhões em bilheteria doméstica e apenas 199,7 milhões globalmente.
Embora Feige não tenha abordado diretamente o fracasso de The Marvels, ele destacou que lançar conteúdo demais colocou pressão excessiva nos fãs para acompanharem todos os projetos do MCU. Ele citou Thunderbolts como uma das vítimas dessa pressão, dizendo que a maioria dos fãs não conhecia os personagens, que eram em sua maioria originários de uma série de TV. O filme arrecadou apenas 382 milhões globalmente, apesar das críticas relativamente favoráveis.
No entanto, muitos argumentariam que o MCU perdeu em grande parte a conexão com sua base de fãs após Vingadores: Ultimato, adiando conteúdos muito aguardados em favor de novos personagens em sua maioria desconhecidos. Sequências como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa e Pantera Negra: Wakanda Para Sempre, bem como filmes futuros como o cancelado Blade, estavam em maior demanda do que The Marvels e Thunderbolts, mas estes últimos acabaram ficando acima na hierarquia de prioridades de Feige.
A Disney também cancelou filmes planejados dos X-Men após a fusão com a 21st Century Fox, optando por não integrar os mutantes mais cedo. Apesar de ter os direitos dos X-Men desde 2019, Feige e sua equipe só introduziram um mutante no MCU em 2022, quando Patrick Stewart fez uma participação como o Professor X de outro universo em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
O sucesso surpresa de Deadpool & Wolverine pode ser um claro indicativo de como o público estava ansioso para ver mais dos X-Men da Fox no MCU. Feige confirmou desde então que os X-Men serão uma parte importante da franquia daqui para frente.
De modo geral, a decisão de reduzir a frequência dos projetos do MCU provavelmente aumentará a receita por filme nas bilheterias, já que os longos períodos de espera permitem que a expectativa dos fãs cresça. A estratégia também deve reduzir os crescentes custos de produção, que são uma grande preocupação para a Disney desde a pandemia. Contudo, um foco em filmes do MCU que os espectadores realmente querem ver é necessário para evitar os resultados negativos vistos na Saga do Multiverso.
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