Imagine acordar com um pedaço de satélite no seu quarto. Não é ficção científica: a cada dia, três grandes objetos espaciais reentram na atmosfera terrestre, conforme relatório da Agência Espacial Europeia (ESA). Embora a maioria se desintegre, fragmentos consideráveis atingem o solo de forma completamente descontrolada.
Apenas em 2024, cerca de 1.200 “objetos intactos” já caíram sobre nossas cabeças, sem contar os inúmeros fragmentos menores. Apesar dessa “limpeza natural” promovida pela atmosfera, a quantidade de lixo espacial continua crescendo alarmantemente. Atualmente, existem aproximadamente 130 milhões de objetos orbitando nosso planeta, com mais de 50 mil deles maiores que 10 cm.
O astrônomo Jonathan McDowell, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, alerta: se a SpaceX concretizar seus planos de expandir a constelação Starlink para 30.000 satélites, poderemos ver 15 reentradas diárias em nosso futuro próximo.
O veneno invisível que destrói nossa proteção natural
Além do risco físico de impacto, cada reentrada deixa um rastro de destruição química. Os satélites, majoritariamente construídos em alumínio, vaporizam na alta atmosfera produzindo óxido de alumínio – substância que acelera a destruição da camada de ozônio e contribui para alterações térmicas globais.
“O impacto na atmosfera é maior do que nunca, com mais poluentes destruidores da camada de ozônio sendo adicionados em quantidades sem precedentes”, afirma Eloise Marais, química atmosférica da University College London.
Os incidentes já começaram. Em março de 2024, um fragmento metálico de 10 centímetros perfurou o telhado de uma residência na Flórida, posteriormente identificado como parte de um componente descartado da Estação Espacial Internacional três anos antes.
Com o aumento exponencial do lixo espacial, especialistas advertem: é apenas questão de tempo até que ocorra um incidente mais grave. A tendência é clara e alarmante – nossa sorte não durará para sempre.
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