Blade Runner x Elon Musk: quem vence a batalha?

Elon Musk

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Por Claudio Dirani

Violação de direitos? Hmmmm

 

Em 2017, o caçador de andróides Rick Deckard (Harrison Ford) retornou como coadjuvante em Blade Runner 2049, desta vez nas mãos de Dennis Villeneuve, o mesmo responsável por revitalizar a franquia Duna.

Estrelada por Ryan Gosling, esta esquecível continuação do clássico Blade Runner, de 1982, só teve uma coisa em comum com a produção original de Ridley Scott: a bilheteria anêmica. Sim, o filme pode ser considerado um flop – e sem o clima noir e interessante do primeirão.

Afinal, a sci-fi sobre replicantes custou cerca de US$ 185 milhões ao estúdio mas arrecadou meros US$ 276 milhões – muito por conta de seu roteiro arrastado e de longa duração (186 minutos).

 

 

Então, quando praticamente ninguém mais sequer lembrava que este filme existiu, eis que uma inesperada situação colocou Blade Runner 2049 nos holofotes outra vez, mas por motivos bem distintos: um processo milionário aberto pela produtora Alcon Entertainment nesta semana contra Elon Musk, sua companhia, a Tesla, e a Warner Bros. Discovery.

A alegação da Alcon é de que os alvos da ação teriam usado, sem permissão, uma série de imagens geradas por I.A. no filme para promover o lançamento do Robotaxi Autônomo da Tesla no último 10 de outubro. A prática, de acordo com os advogados da produtora, teria “violado direitos autorais”.

Até aí, nenhum problema – caso realmente o uso indevido seja configurado. O caso, em questão, parece ir além das quatro linhas. Ou seja: tem uma boa dose de ideologia política por trás do processo. 

 

Basta ler um trecho do documento:

 

“A Alcon disse que insistiu firmemente que “Blade Runner 2049”, estrelado por Ryan Gosling e Harrison Ford, não tem nenhuma afiliação de qualquer tipo com “Tesla, X, Musk ou qualquer empresa de propriedade de Musk”, dado “o comportamento massivamente amplificado, altamente politizado, caprichoso e arbitrário de Musk, que às vezes se transforma em discurso de ódio”.

 

Outro trecho do processo alega que a utilização indevida teria gerado prejuízos financeiros significativos, pontuando que a produtora gastou “anos” desenvolvendo os conceitos utilizados em Blade Runner 2049:

 

“A magnitude financeira da apropriação indébita aqui foi substancial”, diz o processo. “A Alcon gastou décadas e centenas de milhões de dólares construindo a marca ‘BR2049’ na marca famosa que ela é agora. Contratos anteriores reais de ‘BR2049’ vinculando marcas automotivas ao Picture tiveram etiquetas de preço em dólares na casa dos oito dígitos.

 

Produtora disse “não” a Musk

 

 

Segundo a ação protocolada pela Alcon Entertainment, Musk e a Warner Bros. Discovery chegaram a procurar a empresa, solicitando o uso das imagens para a promoção do veículo. A resposta teria sido imediatamente negativa.

Dito isso, percebe-se, de cara, que a defesa da Alcon ainda reforçou a existência de um “certo ranço contra Musk”, indicando que a recusa foi muito mais por questões políticas do que por uma eventual “apropriação cultural”.

 

“Em 9 de outubro, um dia antes do lançamento, a Warner Bros. Discovery contatou a Alcon para solicitar a capacidade de usar imagens e clipes específicos de “Blade Runner 2049” para a apresentação da Tesla. O co-CEO da Alcon, Andrew Kosove, e Broderick Johnson “recusaram o pedido da WBD, opondo-se a que seu filme fosse afiliado de alguma forma à Tesla, Musk ou qualquer empresa de propriedade de Musk“, apontou a defesa da Alcon à revista Variety.

 

Para finalizar, o processo movido contra Elon Musk destaca ainda a “ausência de coincidências” relacionadas ao filme Blade Runner 2049:

 

Não foi coincidência que o único filme específico de Hollywood que Musk realmente discutiu para lançar seu novo cybercab totalmente autônomo e movido a IA foi ‘BR2049’ — um filme que por acaso apresenta um carro totalmente autônomo, artificialmente inteligente e com design impressionante ao longo da história. Especialmente onde os réus pediram permissão à Alcon para usar ‘BR2049’ e foram tão firmemente recusados, isso foi claramente uma má-fé e uma jogada intencionalmente maliciosa dos réus para tornar o conteúdo afetado e rígido do evento conjunto WBD-Tesla mais atraente para o público global e para se apropriar indevidamente da marca ‘BR2049’ para ajudar a vender Teslas”, escreveu a defesa da Alcon.

 

Entre a notícia sobre o processo Alcon x Musk e a publicação desta matéria, não houve qualquer resposta da defesa da Tesla ou da Warner Bros. Discovery.

 

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