Ridley Scott, o renomado diretor de 85 anos com uma carreira repleta de clássicos, apresenta seu mais recente filme, “Napoleão“. Mesmo com a moral e o pé de meia consolidados, Scott defende tenazmente sua obra, que, no entanto, se perde na indecisão narrativa e na ambição desmedida.
O filme se distancia dos padrões tradicionais de cinebiografia, como indicado pelas declarações de Scott desafiando historiadores a “arrumarem o que fazer”. A narrativa percorre décadas da vida de Napoleão Bonaparte, destacando momentos cruciais em uma França pós-monarquia. No entanto, a abordagem “Wikipédica” e a edição desconjuntada levam a uma experiência confusa para o espectador.
Apesar das grandiosas cenas de batalha e da eficácia das sequências de ação, o filme, vista como um épico de guerra ou ficção histórica, apresenta uma montagem que dilui seus pontos fortes. A vida política do século XVIII na França serve apenas como pano de fundo, deixando o enfoque principal nas performances, especialmente de Joaquin Phoenix como Napoleão e Vanessa Kirby como imperatriz Josefina.
A dinâmica entre Phoenix e Kirby proporciona momentos de uma “dramédia romântica“, onde a relação entre Napoleão e Josefina é marcada por tensão sexual e codependência. Phoenix equilibra magistralmente a frieza calculista do imperador com sua vulnerabilidade íntima, enquanto Kirby destaca-se como uma mulher fatal com nuances de fragilidade.
Contudo, a narrativa desconjuntada e a sensação de perda de informações prejudicam a experiência do espectador. A decisão de lançar uma versão estendida para streaming, totalizando mais de quatro horas de conteúdo, levanta questionamentos sobre a priorização do streaming em detrimento da experiência nas telonas.
“Napoleão” está atualmente em cartaz nos cinemas brasileiros, e a versão estendida chegará em breve ao Apple TV+. O filme, assim como seu inspirador histórico, parece sofrer da ambição de abranger muitos elementos sem se preocupar com a coesão. Fique atento ao NerdBunker para mais atualizações e participe ativamente das discussões nas redes sociais e no grupo do Telegram.
