Negócio bilionário: vitória dos mangás sobre a cultura woke atrai gigante de investimentos

Mangás

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Blackmore Inc. anuncia compra da Infocom por US$ 1.7 bi

Por Claudio Dirani

Além de criar obras inesquecíveis como As Aventuras de Tom Sawyer, o  lendário escritor Mark Twain tornou famosa uma frase que nunca irá perder sua validade:

 

  • “Os números não mentem: mas os homens que fazem os gráficos podem mentir.”

 

A sábia expressão pode ser aplicada com muita tranquilidade no mercado de cultura pop. Enquanto grandes companhias elaboram as melhores desculpas para convencer o público que a ideologia pode competir com a criatividade, a poderosa guinada dos mangás japoneses prova exatamente o contrário.

 

Nos últimos anos, as cultuadas revistas japonesas tomaram o mercado norte-americano de assalto. Em  2022, segundo números da PBS.org, foram registradas vendas de 28,4 milhões de unidades somente nos EUA. 

A tendência de trocar as atuais HQs (recheadas de verborragia woke) pelos mangás tem ganhado fôlego, liderada por títulos como Demon Slayer, One Piece e Chainsaw Man, que contabilizaram vendas em torno de 5 milhões em 2023 apenas na América.

Atento ao potencial pop desse material consagrado há décadas no Japão, os mangás se transformaram em objeto de desejo de grandes investidores. A notícia mais quente do mercado foi divulgada pela Blackstone Inc., prestes a consolidar a aquisição da Infocom, considerada a maior editora de mangás digitais do Japão por US$ 1.7 bilhão (ou quase R$ 18 bilhões). 

De acordo com o jornal The Japan Times, a operação – que venceu simplesmente a Sony na concorrência – deve ser consolidada como a maior de todos os tempos, no quesito capital privado, em território japonês.

A publicação nipônica explica que a Blackstone – hoje com uma carteira de 230 empresas e 12.5 mil ativos imobiliários – terá participação majoritária na Infocom, além de garantir uma oferta pública das ações restantes para o mercado de capitais.

Mecha Comic – mangás por demanda

Um dos principais alvos da Blackstone no guarda-chuva  da Infocom  é o Mecha Comic – um app especializado em vendas de mangás por capítulos por uma taxa bem acessível. Atualmente, a plataforma lidera o nicho digital no Japão, com foco no público feminino entre 30 e 40 anos. Essa modalidade eleitoral, vale destacar, rendeu U$ 3,1 bilhões somente em 2023.

Além de explorar o potencial dos mangás com romance (nada mais conservador), a Blackstone tem em seu cronograma ampliar o potencial de conteúdo original da Infocon. A intenção inicial seria ampliar os negócios no Japão e depois migrar para os Estados Unidos.

A informação foi reiterada pelo diretor de operações de capital privado da Blackstone no Japão, Atsuhiko Sakamoto (O Sakamoto do bem).

“Quanto mais conteúdo original tivermos, poderemos monetizar essa propriedade intelectual ao longo do tempo”, adiantou Sakamoto. “Podemos criar animes ou merchandising em torno disso, o que será uma oportunidade potencial a médio prazo”, completou o diretor.

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