Debate de 4 horas foi comandado por Rogério Vilella na quarta-feira (12)
A promessa inicial de proporcionar um debate “épico” entre integrantes declarados da Liga Nerdola e streamers de posição indefinida (leia aqui, lacrolas) sobre a influência da lacração na cultura pop não foi exatamente cumprida…
Isso não significa que o evento organizado com bastante civilidade e maestria pela produção do Inteligência Ltda. na noite de quarta-feira (12) não tenha sido de crucial importância para corroborar com o atual estágio dos produtores de conteúdo no Brasil.
O que se viu nas aproximadamente 4 horas de duração do podcast comandado por Rogério Vilela – habilmente dividido em 3 blocos – foi bastante transparente e homogêneo.
De um lado, o time representado por Wagner “Tragicômico” Tomazzoni, Tony Bleick e Elvis Ventura do Heróis e Mais e Gigante Richard procurou apontar, municiado por documentos, pesquisas e matérias com registros sobre a ascensão e queda da cultura woke, todas as provas de que o movimento provocou uma devastação na sociedade ocidental na última década.
Por sua vez, os YouTubers Pablo Peixoto do canal 4 Coisas, Miguel Lokia e Luiz Sellari optaram por contra argumentar – principalmente no bloco central – usando opiniões pessoais e pontos fora do tema central para rebater o que até mesmo publicações de renome da grande mídia já ratificaram.
Ou seja: o experimento social e político, que desvirtuou produtos como filmes, séries. games e HQs, já se desgastou em seu berço: os Estados Unidos da América, país que dita o comportamento cultural do mundo há quase 100 anos.
Para escapar de dados compartilhados pelo Tragicômico – em matérias dos progressiatas The New York Times e The Economist – Lokia, em mais de uma oportunidade, optou por tergiversar, destacando que a temática woke “era questão de opinião pessoal”.
Nerdolas documentados x opiniões pessoais
Já os dados fornecidos pela Liga Nerdola expuseram as obscuras ações de bastidores de gigantes do entretenimento para aplicar táticas identitárias (e preconceituosas), que culminaram com a deturpação da escolha de casting e definições de roteiros. Práticas que culminaram com a rejeição do público à lacração.
Exemplos citados com precisão pelos nerdolas foram os filmes “infantis” Lightyear e Mundo Estranho, dois representantes “flopados” da tentativa de contaminar as crianças com ideologia de gênero e outros temas que nem mesmo adultos deveriam mergulhar.
Lokia – assim como Peixoto – tentaram reforçar a tese de que “tudo era subjetivo’, citando dados demográficos e étnicos dos EUA como justificativa para a escolha de protagonistas por aua origem ou cor de pele.
Outro argumento dos YouTubers progressistas foi a influência da pandemia de covid-19, que não ficou bem clara no contexto da lacração.
Lokia, aliás, em dado momento, trabalhou na esfera da suposição, citando (erroneamente) o clássico Bonequinha de Luxo, estrelado por Audrey Hepburn, como um embrião do movimento woke “dos anos 20”.
Além de ter sido exibido nos cinemas em 1958 (portanto, muito antes de eventos como a revolução sexual e auge do feminismo), a comédia jamais deu indícios de ser um produto destinado a demonstrar empoderamento ou outra lista de exageros.
Menos opinativo e mais questionador, Luiz Sellari, inúmeras vezes, caminhou (talvez, de forma inconsciente) na direção da tese defendida pelos Nerdolas: de que a lacração, definitivamente, não prestou serviços positivos para filmes e séries que tanto uniram conservas como progressistas.
Lacração no Capitão América Sem Soro?
Por inúmeras vezes, os influenciadores mais à esquerda concordam que o sucesso da Marvel começou a desmoronar quando roteiristas deixaram de lado as boas histórias para tentar bancar justiceiros sociais ou propagadores do feminismo e identitarismo.
O filme Capitão América – Admirável Mundo Novo não escapou da rodada de discussões. Porém, mais uma vez, a ala progressista tentou abordar que o quarto longa da franquia patriótica teria sido criticado pela questão racial.
Após ser apontado como mais um veículo da lacração, a Liga Nerdola rebateu, citando canais como o Omelete que sentiram falta das palestrinhas identitárias. Wagner, por sua vez, até discorda da maioria de seus companheiros de bancada elogiando o filme.
De fato, aqui, os nerdolas ratificaram que Sam Wilson não poderia ser o Capitão América por não ter o super soro usado por Steve Rogers. Elvis Ventura ainda destacou que “adorava o Falcão”, e que um filme sobre sua luta contra os grupos violentos negros de Nova York faria muito mais justiça ao personagem da Marvel.
Em um balanço geral, o debate “Lacrolas x Nerdolas” foi altamente satisfatório pela civilidade, ainda que algumas pequenas tretas tenham eclodido durante o percurso. Mas quem nunca?
Até o momento, o canal Inteligência Ltda. apontava que a live DEBATE: O PROBLEMA NA CULTURA POP É A LACRAÇÃO? – Inteligência Ltda. Podcast #1470 já contava com quase 119 mil visualizações, além de aproximadamente 1.300 comentários (informação atualizada 13/3 – 9h05)