A Nintendo voltou a gerar polêmica ao conquistar mais uma patente de gameplay. Dessa vez, trata-se de um sistema que permite invocar um personagem secundário para lutar em seu lugar dentro de um jogo.
A prática reacendeu críticas de que a empresa estaria usando patentes de forma agressiva para sufocar concorrentes, uma estratégia já apelidada de “lawfare” — especialmente após a disputa judicial contra a Pocketpair, criadora de Palworld.
O que cobre a patente
De acordo com o registro U.S. Patent No. 12,403,397 B2, a patente descreve um sistema em que o jogador movimenta seu personagem principal e, com um comando, invoca um “subpersonagem”.
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Caso ele apareça na mesma posição de um inimigo, ocorre uma batalha, controlada pelo jogador.
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Alternativamente, o subpersonagem pode ser enviado em uma direção para iniciar combates ao encontrar adversários.
Esse sistema já foi visto em jogos da franquia Pokémon, como Legends: Arceus e o futuro Pokémon Legends: Z-A (2025), mas também aparece em títulos como Palworld e até em propostas semelhantes de jogos da Bandai Namco (Digimon Story: Time Stranger).
Impacto na indústria
Segundo especialistas, a linguagem da patente é vaga o bastante para abranger praticamente qualquer jogo de captura ou invocação de criaturas, o que levanta receios de que Nintendo possa usá-la para intimidar desenvolvedores concorrentes.
Embora improvável que a empresa processe todos os grandes estúdios do gênero, advogados alertam que tais patentes podem ser usadas estrategicamente para travar a concorrência antes que ela se torne uma ameaça.
Outras patentes recentes
Além desse registro, a Nintendo também garantiu outro: U.S. Patent No. 12,409,387 B2, referente ao sistema de “troca suave” ao montar criaturas em terrenos diferentes. Trata-se de uma atualização de um pedido já existente, que agora ganhou divisional.
Esse conjunto de patentes não deve impactar diretamente o caso contra a Pocketpair no Japão, mas pode dificultar que a empresa readapte mecânicas para o mercado dos EUA.
Críticas ao processo de aprovação
O advogado especializado em patentes de games, Kirk Sigmon, classificou a decisão do escritório de patentes dos EUA como “um fracasso constrangedor”. Ele destacou que:
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Os registros foram aprovados de forma incomum, com pouquíssimas rejeições e documentos de apoio mínimos.
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As justificativas do examinador teriam apenas “parafraseado” os pedidos sem explicar por que eram realmente inovadores.
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Muitas dessas ideias já existiam em jogos anteriores, o que, segundo a lei, deveria impedir a concessão da patente.
Sigmon alertou ainda que, mesmo com patentes fracas, empresas rivais podem ser processadas — e o simples custo de se defender em tribunal já é suficiente para afastar concorrentes menores.
“Na minha opinião, nenhuma dessas três patentes deveria ter sido concedida. É chocante e ofensivo que tenham sido. O USPTO falhou gravemente e isso vai gerar custos e incertezas para desenvolvedores que não merecem isso”, concluiu o advogado.
O que esperar daqui para frente
Com a chegada de Pokémon Legends: Z-A em 2025 e a expansão de títulos como Palworld, a disputa por mecânicas de gameplay patenteadas promete esquentar. Ainda que Nintendo não processe todos os concorrentes, a sombra dessas patentes já paira sobre a indústria.
E, como destacam especialistas, o maior impacto pode não ser dentro dos tribunais, mas no medo constante que limita a inovação de outros estúdios.