A derrota de Fernanda Torres no Oscar: tudo sobre o “gabinete do ódio” de Ainda Estou Aqui

Anora

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Xingamentos, ataques e muito mais contra a atriz de Anora

Em tempos de paz – parafraseando a linguagem militar – torcer para um filme brasileiro conquistar um Oscar seria algo relativamente normal. 

 

Mesmo sabendo que a classe artística sempre esteve de olho nos chamados “financiamentos públicos”.

 

Em 1999, bem antes do brasileiro abrir os olhos para a política, como acontece já há mais de 10 anos, havia até uma certa união para que Central do Brasil  se desse bem no Oscar. Fernanda Montenegro, por sua vez, perdeu a estatueta para Gwyneth Paltrow e houve grande chiadeira. A principal delas, de que a Miramax, controlada pela Disney, havia manipulado o resultado para garantir o sucesso de Shakespeare Apaixonado.

 

Mais de um quarto de século se passou desde então, até chegar a vez de Fernanda Torres – a filha de Fernanda Montenegro – ter sua grande chance de levar o prêmio maior do cinema para casa por Ainda Estou Aqui. O longa até que se deu melhor, conquistando o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2025. 

 

Já Fernanda Torres… bem, ela acabou enfrentando o mesmo destino da mãe. A diferença é que parte do povo brasileiro não se comoveu com a derrota. Motivos, aliás, não faltaram.

 

Fernanda Torres: “é um filme para todes”

Das três nomeações concedidas pela Academia, Ainda Estou Aqui perdeu duas: Melhor Filme e Melhor Atriz. A Rede Globo de Televisão, que bancou parte do longa de Walter Salles, investiu pesado em um lobby para promover o drama baseado em um livro de Marcelo Rubens Paiva.

 

No início, até que Fernanda Torres e Salles tentaram seduzir os conservadores. 

 

Ainda Estou Aqui é um filme sobre o Brasil e para o Brasil”, declarou a atriz, em busca de apoio. “Você pode ser de esquerda, de direita, de centro, não importa, eu tenho certeza que vai te tocar em um lugar diferente, eu vi isso em todos os países por onde o filme passou […] Eu adoraria que fosse um filme que trouxesse o público de volta para o cinema no Brasil”, apelou.

 

Só que o “pseudo” exercício de tolerância com um público de diferente ideologia – ou seja, os de oposição ferrenha contra Lula, Janja, e outros personagens da extrema-esquerda – colocaram por terra a frágil tentativa de unir o país.

 

A conquista do Globo de Ouro por Fernanda Torres serviu como uma espécie de “fronteira”. A partir daí, o nosso governo federal (que sequer participou da produção) começou a querer surfar na onda do sucesso do filme. Estava decretada, então, uma polarização definitiva.

 

Desta forma, com apoio total da Globo e dos esquerdistas, o anúncio da vitória de Ainda Estou Aqui como melhor filme estrangeiro no último domingo (2), provocou comemorações exageradas, comparadas à da conquista de uma Copa do Mundo. 

 

Já as derrotas nas demais categorias…bem, depois de perder tudo para o não menos lacrador Anora, os militantes mais agressivos que vestiram a camisa de Fernanda Torres decidiram não deixar o revés sem resposta.

 

Todos contra Anora e o verdadeiro gabinete do ódio 

 

 

Depois de lacrar em múltiplas entrevistas – incluindo a infâme concedida à CNN norte-americana, onde Salles e Torres disseram que seria impossível ter feito um filme como Ainda Estou Aqui no governo Bolsonaro – o Oscar mais esperado era, disparado, o de Melhor Atriz. 

 

Isso porque o lobby feito contra a trans Karla Sofia Gascón após antigas postagens exporem a protagonista de Emília Perez parecia ter dado certo. Com Gascón fora do páreo, o que os militantes mais desejavam era ver Fernanda Torres receber a estatueta e “mandar uma mensagem” para a oposição.

 

Contudo, quando Emma Stone anunciou Mikey Madison como a grande vencedora por sua atuação em Anora, o gabinete do ódio montado pela claque de Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui tomou conta geral, como uma invasão de orcs furiosos em O Senhor dos Anéis.

 

A revolta dos “fãs” ganhou proporção, acabando em uma matéria de destaque da Folha de S. Paulo. Os mimimis e “xingamentos sortidos” foram divulgados sem censura pelo jornal.

 

“Se eu quisesse assistir um filme de pu**, eu assistia Bruna Surfistinha”, postou um usuário no X. 

 

 “Vai se fud**, Anora”. 

 

“Um filme sobre ditadura e que conta a história de Eunice Paiva perder para Anora, filme de pu** e com roteiro de Wattpad, eu não aceito, por**, vai se fud**”, complementaram os mais exaltados militantes.

 

A revolta, claro, não ficou apenas entre os populares. Um dos chiliques mais famosos foi de um ex-BBB (ou algo parecido) chamado Gil do Vigor que gravou sua “revolta” no Instagram.

 

“Vai Fernanda, vai Fernanda…ahhhhhh…Estou revoltado, estou revoltado…não gostei não, não gostei não”, rosnou.

 

As postagens do gabinete raivoso não pararam por aqui, e se estenderam para o perfil oficial do Oscar no Instagram.

 

“Gretchen atua melhor que você”, escreveu um usuário da rede. “Enfim o teste do sofá teve retorno”, atacou o “crítico”, com muito

Por fim, após uma avalanche de ofensas contra Mike Madison e o filme Anora, a Academia de Ciências e Artes Cinematográficas de Hollywood decidiu colocar um ponto final. Após decidir não apagar os comentários de seu perfil, a transmissão do discurso de vitória de Madison acabou simplesmente bloqueado para os brasileiros.

 

Desta vez, para eles, o amor não venceu…

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