O que Harry Potter pode nos ensinar sobre a Religião do Estado

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Pois é meu caro Nerdola, se não passastes as últimas duas décadas junto com Platão em uma caverna, certamente conheces, mesmo que embora brevemente ou já ouvistes falar no clássico de fantasia britânica de J. K. Rowling: Harry Potter.

É sempre bom ressaltar que a crônica aqui apresentada, expressa tão somente a visão pessoal do autor que vos fala e não o conteúdo objetivo da obra visitada caso não conheças a obra e tenha vontade de conhece-la no futuro, serás profundamente spoileado, nas linhas que viram a seguir.

A Magia e o Estado:

Para começar gostaria de pontuar que apesar de Harry Potter ser um dos meus clássicos favoritos, certamente estando no “top cinco”, algumas coisas não podem passar incólumes perante meus olhos. O principal problema do universo da obra é o fato da magia não ter custo e criar coisas do nada. Um mundo onde podes criar roupas e um banquete para distintos trezentos convidados ao meramente balançar um graveto, certamente iria colapsar economicamente, além de não fazer sentido nenhum pessoas acumularem dinheiro devido a tamanha inflação e a ausência de escassez. Mas enfim J. K. Rowling. Como economista é uma excelente escritora.

Você provavelmente a esta altura já estás a se perguntar se a crônica é sobre a obra ou sobre a autora, mas o paralelo que traço aqui implica muito na gnose estadista do europeu médio e Rowling não é diferente da maioria é mais uma socialista que adora uma boa guerra de classes em suas histórias e acredita ser poético pessoas comendo como iguais num refeitório comida mágica, mesmo que isso não faça o menor sentido mesmo no mundo que a mesma criou, afinal se podes criar um frango assado balançando um graveto, toda a pecuária se torna sem sentido, e se as aves estiverem extintas, seria possível ainda comer um frango assado mágico? Então porque não comer um dinossauro, ou um mamute?

Anarquia e Hierarquia no Universo Utópico

O universo de Harry Potter roda em uma dimensão completamente paralela, que só é acessada pelos bruxos da história, este último é selvagem, primitivista e não tem nenhuma governança estatal, ou seja a dimensão paralela de Harry Potter é um “bruxequistão”, no passado remoto da história quatro bruxos anarquistas nos são apresentados como os mais poderosos da região, resolverão literalmente criar uma escola para ensinar jovens bruxos a usarem seus poderes de forma absolutamente voluntária e filantrópica, o que faz-lhe concluir de pronto que fora uma excelente ideia, porém seus sonhos molhados libertários terminam por aqui, a trupe resolve dividir todas as crianças matriculadas em sua escola particular em um sistema gregário baseados nas tendências das mesmas e na mesma instituição elas começam a doutrina-las individualmente ensinando valores diferentes associados ao seu bruxo fundador, reforçando e aumentando os estereótipos pré apresentados.

O Ministério da Magia e o Caminho para o Absolutismo Estatal

Quando pensas que esse tipo de planejamento central de ensino associado a poderes “cósmicos e fenomenais em um pequeno recinto” para parafrasear nosso glorioso Gênio do Aladdin, já não apresentava qualquer perigo de dar certo, os “déspotas esclarecidos” resolvem-me criar um ministério, sim um ministério. “Vamos criar um ministeriozinho camaradas, só um, vai dar nada não” e criaram o ministério da magia, que criou algumas leis básicas para a comunidade mágica, mas como todo estado mínimo tende ao socialismo máximo, sobre as lápides dos pais fundadores já há muito mortos e enterrados, vossos sucessores como de costume, não lembram em absolutamente nada os ideais dos mesmos. Um ministério da Magia com poder de estado, que mantem seu poder com controle e monopólio absoluto da força, defecando regras aleatórias, como “não poderás usar vossos poderes antes dos dezessete”, ou mesmo “não poderás demonstrar vosso poder na frente de não bruxos”, mesmo que para o fim restrito de defender-se, uma imposição absoluta, implacável e intolerante de hierarquia, como todo bom estatista gosta.

A Provocação de “A Ordem da Fênix” e a Ilusão do Poder

O absolutismo estatal do universo Harry Potter chega ao seu ápice no quinto volume da franquia “A ordem da Fênix” onde ocorre uma troca na hierarquia na escola, e a nova diretora empoe sansões e leis claramente absurdas com objetivo claro de constranger alunos e professores e é neste exato ponto onde enxergamos a provocação deste artigo, ninguém no universo da trama é capas de perceber que o problema não é trocares um diretor ruim por um diretor bom, ou o ministério da magia ter ou não corruptos como ministros, pois em um universo de competição livre as pessoas que tem menos ética, menos escrúpulos e que estão dispostas a qualquer coisa pelo poder, são sempre as melhores candidatas a alçarem os maiores cargos, a crença de que postos de poder, sem qualquer tipo de “accountability” nunca serão governados pelo pior tipo de ser humano é tão irreal que podes ser realizado apenas pressupondo uma gnose, que fala muito sobre a autora e sobre a europeu médio, a fé na religião do estado.

Dumbledore e a Dilema Ético no Mundo Mágico

Dumbledore é um bruxo bicentenário que é a personagem mais poderosa da história, uma vez que a ameaça real deste universo, ainda está muito debilitada neste ponto dos acontecimentos aqui citados, ele possui poder real e liderança real,  para aniquilar os bruxos opressores com sua magia , de certa forma até bem facilmente, entretanto o mesmo apenas observa passivamente a escola ser tomada pelo ministério corrupto, pois ele crê que as leis positivadas pelo ministério mesmo que não sejam justas devem ser respeitadas, como disse antes isso é facilmente compreensível pois esse é o pensamento da autora embebido pela gnose estatal. O pensamento do Europeu médio que aceita passivamente leis de imigração forçada, desvalorização de moedas, políticas de censura à mídia e a imprensa, impostos abusivos enquanto grita com toda força dos pulmões que “devemos defender as instituições” o que nos faz cogitar de onde Rowling tirara o termo trouxa.

Lições Sociais de um Mundo Fantástico

Não, planejamento central não funciona, Leis positivadas causam caos social, imposição de valores geram revolta e privação de liberdade geram guerras, até mesmo em mundos de fantasia.

Mas não temei caro Nerdola, curiosamente como a obra Harry Potter previra, quando a opressão se tornar obvia e latente, o grito de liberdade irá eclodir dos corações das novas gerações e irão se negar a aceitar politicas opressivas de um governo central opressor, como vimos no Brexit para ficarmos no pais da autora e na movimentação política crescente após os períodos de pandemia. Para os trouxas que não despertarem, já nos é sabido o desfecho, pois no mundo real a bruxa também está a solta.

Sobre o Autor e Mais 

Golden_Fox é fã da Liga Nerdola. Se você também quer ter um artigo publicado em nosso site, envie um e-mail para contato@seliganerd.com. Após uma análise ele poderá ser publicado aqui!

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