One D&D: Playtest 6: O Racismo Continua

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O período de avaliação do Player’s Handbook Playtest 6 já se encontra disponível no site do Dungeons & Dragons Beyond. A essa altura, a análise de incontáveis mecânicas de regras (que serão mudadas em poucas semanas) já se torna um trabalho cansativo. Porém necessário para aqueles que gostariam de desfrutar de um bom conjunto de regras para o novo material prometido para 2024. Os feedbacks permitirão o ajuste fino necessário para esse propósito. Mas até que ponto a Wizards of the Coast focará no que realmente importa?

O novo Unearthed Arcana, publicado no site oficial D&D Beyond no final de junho de 2023, traz como título “Player’s Handbook Playtest 6”. Sendo o sexto playtest, no total, porém apenas o segundo que se propõe como um “player’s handbook”. Esse novo material traz apenas alguns ajustes a regras apresentadas anteriormente, nos cinco playtests anteriores. É digno de nota o cuidado que a WotC está tendo em atender os feedbacks repassados pela comunidade, que claramente se materializa nesse novo material. Porém ressalta-se também a explícita intenção de que toda e qualquer mudança ocorra dentro de uma pauta ideológica identitária. Se por um lado a WotC foi diligente em atender cada uma das demandas por ajustes nas classes dos personagens, por outro lado é escandalosa a omissão/manutenção das políticas racistas e supremacistas constantes do playtest 1 e escandalosamente aprofundada no playtest 3.

O Canal Porta de Arvandor fez uma análise detalhada cerca dos aspectos racistas do novo conjunto de regras de Dungeons & Dragons:

Quanto às regras que foram ajustadas no novo playtest, faremos uma breve análise a seguir:

  • Bardo:

Uma das principais mudanças havia sido a flexibilização da habilidade de “inspiração bárdica”, que passava a ter duas possibilidades de uso: tanto a implementação de dados de somados ao teste do personagem inspirado, quanto a possibilidade de utilizar essa inspiração como um meio de cura. Porém, no Playtest 6, a inspiração retorna aos moldes de 2014 com algumas melhorias importantes. O uso do dado de inspiração agora pode ocorrer no intervalo de até uma hora, ao invés de apenas dez minutos. Somando-se também o fato de que o jogador não precisa mais “adivinhar” se o teste foi sucesso ou fracasso antes de utilizar o dado.

Em relação a magias, nada mudou, mas salienta-se que antes o bardo conhecia um número de magias e elas estavam automaticamente preparadas. Nos documentos atuais, o bardo se assemelha mais aos clérigos: eles sabem todas as magias de sua classe, as prepara antes.

 

 

  • Clérigo:

Um dos esforços, a meu ver válidos, da WotC para o novo conjunto de regras tinha como objetivo a a simplificação do processo de criação de personagens, especialmente visando o público iniciante. Um desses esforços foi a padronização quanto à escolha da classe no nível 1 e a opção pelo arquétipo de classe no nível 3. Muito embora seja uma característica já presente na maioria das classes nos materiais originais da 5ª Edição de 2014, com raras exceções.

Uma dessas exceções foi o clérigo, que escolhia o seu “Domínio” já no nível 1. Tal característica se justificava pois o domínio estava intimamente ligado à divindade à qual aquele clérigo era devoto. Ora, não fazia sentido um clérigo de Lathander deus da vida e do renascimento, ter como domínio sagrado o “Domínio da Trapaça”. Ou uma clériga de Lolth, deusa aranha do mal, da corrupção e da escuridão, ter como domínio sagrado o “Domínio da Luz”.

Porém, com essa padronização, mesmo os clérigos passariam a apenas escolher o seu domínio no nível 3. Dessa forma, a WotC inaugurava o chamado “clérigo laico”. Coincidência ou não, algo bem conveniente pra as pautas identitárias, que detestam e perseguem a religião cristã (uma das principais inspirações para o clérigo de D&D).

O Playtest Material 6 traz uma importante atualização nesse quesito: no Playtest Material 3 foi a criação de uma nova característica de classe, ora chamada de Holy Order, em que o clérigo escolheria o seu caminho: se ele seria um guerreiro, um “mago” ou um sacerdote/acadêmico. No Playtest Material 6 essa característica foi trazida para o nível 1 com o nome “Divine Order”. Essa mudança pode até servir como forma de aplacar o equívoco do “clérigo laico”, muito embora de forma alguma resolva essa questão.

 

  • Druida:

O druida foi a classe mais injustiçada até então nesses materiais de playtest. Não foram poucas as reclamações em relação ao “picolé de xuxu” que a classe estaria se transformando, especialmente no que se refere à transformação druídica. O que parecia ser uma boa ideia, cheia de boas intenções, acabou não funcionando bem no papel. Por essa razão, foi feita uma grande reformulação na classe, e muita coisa retornou aos moldes antigos, em especial a habilidade de shape change, porém com algumas melhoras.

 

  • Monge:

Esta é a única real novidade do playtest 6, uma vez que o monge não havia sido abordado por nenhum UA até então. Nessa primeira abordagem, cumpre aqui pontuar que da mesma forma que temos  figura do “clérigo laico”, também passamos a ter o “monge laico”. Em termos de regra o impacto disso é bem pequeno, porém bastante profundo quando levamos em consideração se tratar de um jogo de interpretação de personagem, em que o conceito das coisas realmente importa. O monge enquanto classe tem como inspiração clássica as obras de wuxia, bem como a cultura do budismo zen do Templo Shaolin. A supressão de termos como o “Chi” marca um evidente e intencional divórcio desse conceito. Muito embora o prejuízo aqui seja um pouco menor, haja vista que o monge pode muito bem encarnar o conceito de um simples artista marcial, mas que não fez qualquer voto. Porém, o total descarte desse conceito, é algo não apenas desnecessário, mas que causa estranheza quanto o real propósito em questões conceituais.

Em termos de regra, podemos duas melhorias relevantes (dentre tantas apresentadas): uma em relação ao ao dado de dano em artes marciais, que foi melhorado de 1d4 inicial para 1d6. Também houve melhoraas significativas quanto à movimentação em combate.

 

  • Paladino:

O paladino foi uma das classes mais prejudicadas em razão do Playtest 4. Uma das grandes melhorias propostas pelo novo conjunto de regras foi a simplificação quanto à classificação das magias. Em vez de listas individuais por classe, propunha-se que seriam três grandes listas: magias arcanas, magias divinas e magias “primais”. Muito embora essa seja uma excelente proposta, a classe que mais se saiu prejudicada quanto a isso foi o paladino, uma vez que a sua lista de magia refletia muito o flavor da classe, especialmente nas magias de “smite”. No playtest 4, os smites figuravam listados entre as chamadas “magias divinas”, sendo portanto passíveis de serem utilizadas por clérigos, por exemplo.

Com o playtest 6 vieram correções quanto ao uso de smites, que passaram a constituir uma lista de magias exclusivas para paladinos. Também vieram melhorias na classe no sentido de favorecer o uso dos smites.

 

  • Ranger:

O ranger é uma classe que traz melhorias no playtest 6. Nada muito excepcional, podendo ser considerado como mero ajuste. Porém, é digno de nota que foi adicionada a característica “weapon mastery”. O chamado “weapon mastery” é um conceito bastante interessante introduzido no Playtest 5, no qual propunha-se a trazer regras de maestria de armas para classes com propostas mais voltadas ao combate físico. Não por acaso o Playtest 5 trazia regras para Fighter e Bárbaro. É justo que uma classe híbrida, mas majoritariamente física, como o Ranger, também tenha acesso a habilidades de maestria de armas. Abaixo você poderá assistir ao vídeo em que o Portal de Arvandor analisa essa característica.

 

  • Rogue:

O rogue foi levemente melhorado nesse novo material, e assim como o Ranger, foram melhorias com fins de ajuste da classe.

Cabe aqui mencionar a possibilidade de realizar ataques furtivos fora do turno de ação do rogue, como em reações e em ataques de oportunidade, por exemplo. A habilidade de “Cunning Strike” é uma adição interessantíssima, trazendo um aspecto mais versátil ao combate do Rogue.

Também cabe pontuar que o Rogue, assim como o Ranger, traz aqui também merecidamente a habilidade de “weapon mastery”. Caso deseje assistir à análise quanto à habilidade de weapon mastery, segue abaixo o vídeo.

O Canal Portal de Arvandor seguirá trazendo análises a cada novidade que acerca do chamado “One D&D”, a medida em que forem lançadas. Por ora, qualquer pessoa poderá dar seu feedback por meio do formulário de “survey“.

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