O medo de dizer a verdade
Um fenômeno intrigante está se formando ao redor da segunda temporada de “The Last of Us”. Críticos de renome estão subitamente abandonando a cobertura da série, evidenciado pelo recente anúncio de Grace Randolph, apresentadora do Beyond the Trailer, que declarou publicamente seu afastamento da cobertura da produção. Em sua mensagem no X (antigo Twitter), Grace admitiu não ter gostado de um episódio recente, mas evitou criticar a atriz Kaitlyn Dever, preferindo simplesmente deixar de lado toda a série. Este comportamento levanta questões importantes sobre a atual dinâmica entre críticos e as poderosas forças da indústria do entretenimento. A decisão de Grace parece menos uma escolha editorial e mais uma rendição estratégica – uma forma de evitar represálias por expressar opiniões negativas sobre uma produção de alto perfil, revelando o clima de intimidação que paira sobre aqueles que deveriam servir como intermediários imparciais entre o conteúdo e o público.
A criminalização do descontentamento
Enquanto alguns críticos optam pelo silêncio, outros veículos como o Collider adotam uma abordagem agressiva, atacando diretamente os fãs insatisfeitos. Em sua cobertura recente, o portal não hesitou em classificar toda crítica negativa como “review bombing” perpetrado por “trolls saídos de suas cavernas”, sem qualquer tentativa de investigar as preocupações legítimas sobre aspectos narrativos, caracterização ou decisões criativas da produção. O Collider chega a sugerir que as críticas são motivadas por preconceito, comparando a reação a “The Last of Us” com outras produções que geraram controvérsia, como “Capitã Marvel” e “A Pequena Sereia”, convenientemente ignorando que produções como “Os Últimos Jedi” e o próprio jogo “The Last of Us Part II” também enfrentaram reações negativas similares. Este padrão revela uma tendência perturbadora na cobertura midiática contemporânea: a deslegitimação sistemática de qualquer crítica ao produto, a defesa inquestionável da marca e a demonização do público que ousa expressar descontentamento.