Opinião Se Liga Nerd: Eddie Murphy ensina como é fácil viajar no tempo – e conquistar um coração

Eddie Murphy

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Um Tira da Pesada: Axel Foley nem tenta inventar para não derrapar

Por Claudio Dirani

Albert Einstein tinha um plano. Em 1905, ao apresentar ao mundo a Teoria Especial da Relatividade – representada pela expressão E=mc2 – a esperança de viajar no tempo deixou os livros de ficção de H.G. Wells para se aproximar da realidade.

Até hoje, até que se prove o contrário, ninguém chegou perto. Mas se você acessar agora mesmo a Netflix e clicar em Um Tiro da Pesada – Axel Foley, pode ser que você consiga superar Einstein ou, quem sabe, o dr. Emmett Brown, de De Volta para o Futuro.

Estamos falando, claro, da insuperável magia do cinema que se faz novamente presente, nos moldes de Top Gun – Maverick (2022). Além de conseguir ambientar os fãs da franquia como se ainda fosse 1984, tudo o que compõe as cenas do quarto longa da saga estrelado por Eddie Murphy é, acima de qualquer suspeita, uma espécie de contrato entre o astro e o público que ajudou a transformar Axl em um dos ícones da telona. 

Ah, sim: mesmo que o filme não tenha ido ao cinema, onde merecia estar agora!

Os planetas se alinharam

Se eu acreditasse em astrologia, diria que a data de estreia de Um Tira da Pesada – Axl Foley foi escolhida de acordo com o alinhamento dos planetas. Alguns exemplos. A quarta-feira, que em 2024 caiu em 3 de julho, marca os 39 anos de estreia das aventuras de Marty McFly (Michael J. Fox) em De Volta Para o Futuro. O dia também é festivo para Tom Cruise, que completou 62 anos em forma invejável.

O ano de 2024 também marca os 40 anos do primeiro Um Tira da Pesada. Um ano redondo – e o timing perfeito para resgatarmos a nostalgia dos anos 1980.

Eddie Murphy veio para seu quarto Um Tira da Pesada calejado. Afinal, Um Príncipe em Nova York (2021) não impactou, muito menos trouxe o ambiente do longa de 1988. Desta vez, nosso policial de Detroit não escorrega nem por um minuto.   

Em sintonia com a produção e equipe criativa – incluindo o diretor Mark Molloy e os roteiristas Will Beall, Tom Gormican e Kevin Etten – o astro se apegou aos detalhes. 

O pontapé inicial foi decisivo. Nos primeiros minutos você tem a impressão que 1984 foi ontem. A câmera acompanha o detetive Axel Foley pelas ruas geladas de Detroit, com enquadramentos similares aos do longa original. Assim como em Top Gun – Maverick – não por acaso, também com produção do excelente Jerry Bruckheimer – Um Tira da Pesada 4 dá às pessoas que esperaram tanto tempo pela continuação (30 anos) o que elas queriam. Não há surpresas, modernidades, palestras de empoderamento feminino – nada.

 

Os amigos de Murphy fazem a diferença

As entradas dos “modernos” Joseph Gordon-Levitt como o detetive Bobby Abbot, e de Taylour Paige, como a advogada Jane Saunders, são estreias bem-vindas na franquia. Embora representem “2024” na trama, seus diálogos não trazem o desejo quase irresistível dos estúdios que fazem remakes e reboots de cometerem aquela “popular lacrada”, para dizer, ainda que nas entrelinhas, que o passado já era.

Caminhando em sintonia com a atmosfera construída pelo modus operandi de Murphy, seus colegas na trama atuam sem querer roubar a cena. Mesmo que, no início do filme, você imagine que a excelente atriz que interpreta a filha afastada de Axel Foley ensaie desfilar certo protagonismo. Mas é tudo alarme falso.

Não dá para revisar a história sem falar da função tática de Kevin Bacon, o outro “novato” no elenco de apoio. O reforço para o time é muito bem-vindo. Afinal, lá no mesmo 1984, o ator conquistou fama com seus passos frenéticos de dança em Footloose – Ritmo Louco. O público-alvo de Um Tira da Pesada  sabe disso, e o efeito é imediato.

Sem mais delongas, é preciso ser rápido e direto. A expectativa dos fãs era rever a interação de Murphy com seus coadjuvantes favoritos, o (agora) chefe de polícia John Taggart (interpretado por John Ashton, que não esteve no 3º longa), e  Billy Rosewood (vivido por Judge Reinhold – o único a aparecer nas 4 produções).

Apesar de não aparecerem tanto como gostaríamos – principalmente Rosewood – o entrosamento entre o trio é impagável. Você pensa imediatamente em outras equipes de sucesso, como Martin Riggs (Mel Gibson, Roger Murtaugh (Danny Glover) e Leo Getz (Joe Pesci) da franquia Máquina Mortífera

Ou seja: o coração do espectador se torna um alvo fácil e aberto para o que resto do roteiro tem a oferecer –  exatamente como acontece em “Tira 4”. 

E o que falar dos hinos “The Heat Is On” do saudoso Glenn Frey, e o tema instrumental de Axel Foley? 

São nesses momentos em especial, principalmente para quem viveu a era, que você acredita que Einstein estava certo. Sim, é possível viajar no tempo.

A memória afetiva viaja até o emblemático 1984 e cercanias. Tempo de “Jump” do Van Halen, de “Born In The U.S.A” de Bruce Springsteen. Tempo de Olimpíadas de Los Angeles – e tempo de Um Tira da Pesada, evidente!

 

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